A vida brasileira acontece; a arte vai junto!

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

segunda-feira, 09 de janeiro de 2023

Sim, Senhor!, a vida brasileira acontece, e a arte vai junto. Sempre. Sem limites e pudor. Com criatividade. É elaborada pela força das emoções e externa os sentimentos do artista, que, por sua vez, reflete as manifestações da brasilidade e as pulsões do povo. A literatura vai junto, atrás, ao lado ou entremeando o acontecer, usando palavras para criar histórias, informações, argumentações, registros e crônicas.

A arte é inspirada em narrativas reais e imaginadas. Seria ousado arriscar, mas vou fazê-lo por ímpeto: toda a arte emerge da palavra pensada, falada e representada. Assim sendo, se observarmos de modo mais cuidadoso, as expressões artísticas, como a pintura, a fotografia e a escultura, saberemos que revelam histórias, que nascem no imaginário do artista, constituído por sensações e pensamentos, representados por imagens e palavras. 

Esta coluna é iluminada pela exposição “Histórias Brasileiras” realizada no MASP (Museu de Arte Moderna de São Paulo), de 26 de agosto a 30 de outubro. A exposição foi motivada pela comemoração do bicentenário da Independência do Brasil e dos centenários da Semana de Arte Moderna e da morte do escritor Lima Barreto. É um evento cultural que revisa a vida brasileira através de objetos, pinturas, desenhos, esculturas, fotografias, vídeos, livros, jornais, revistas, documentos, bandeiras e mapas.

A História do Brasil é plural, fonte de inspiração abundante e inesgotável para a criação artística. Nada escapa da arte, que tem olhos atentos para os hábitos e costumes, para o cotidiano que abraça diferenças sociais, econômicas e culturais, para a vida urbana, interiorana e sertaneja. Para o esplendor da diversidade natural do Brasil. 

A pintura, a fotografia e a escultura retratam   a vida contextualizada na realidade concreta e totalmente diversificada nas dimensões temporal e espacial. Até mesmo as expressões artísticas abstratas contêm significados que emergem do acontecer de todo ou qualquer modo. Será que as cores e as formas usadas por pintores brasileiros são semelhantes à dos estrangeiros? 

Para o observador a contemplação de um quadro pode lhe aguçar a imaginação. O escritor que se senta à frente de uma fotografia de Sebastião Salgado, por exemplo, pode se deixar penetrar na imagem e lá, absorvido, é capaz de encontrar razões para construir textos em vários estilos literários. 

A arte, mesmo criada em tempos passados, apresenta ideias que podem ser interpretadas e compreendidas em qualquer tempo futuro. Tem atualidade. Na verdade, o tempo para a arte possui um conceito especial. 

Na reportagem apresentada pelo jornal “A Relíquia”, em setembro de 2022, observei que os visitantes da exposição “Histórias Brasileiras” caminhavam pelos corredores, admirando os quadros expostos e tendo a oportunidade de entrar em contato com visões diferentes do nosso povo e da nossa história. 

Será que havia algum escritor com um caderninho de anotações no bolso?

Diante do “Abaporu”, de Tarsila do Amaral, eu começaria um texto assim: Sob a guarda silenciosa do sol...

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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