O jornal é fonte de pesquisa

Tereza Malcher

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Uma amiga, Mariane Vieira, doutoranda da USP, na área de História da
Educação, me procurou, esta semana, para saber como poderia fazer uma
pesquisa no jornal “A Voz da Serra” para obter dados importantes ao curso que
realiza. Seu contato me fez pensar na riqueza do jornal, enquanto fonte de
pesquisa da história local.
Mais uma vez, nesta coluna, faço questão de ressaltar que o jornalismo e
a pesquisa histórica são estilos literários imprescindíveis ao desenvolvimento
político, social, cultural e humano. Os textos oriundos dessas áreas, quando
bem elaborados e acessíveis ao público leitor e pesquisador, promovem a
melhoria das condições de vida.
O jornal é um periódico que tem um incansável olhar para os fatos da
cidade, reunindo informações detalhadas sobre o dia a dia, que vão sendo
registradas, divulgadas e arquivadas. Cumpre a função social de informar,
contribuindo para que cada um dos seus habitantes aprimore seus modos de
viver e de ser cidadão. Bem como colabora com as formas com que a cidade
acolhe sua gente.
O jornal escrito, tal como é o “A Voz da Serra”, diariamente apresenta
crônicas e artigos que, além de informar, mostram as múltiplas faces do
pensamento de jornalistas, de pessoas que detém conhecimentos
especializados e da própria população a respeito de assuntos pertinentes aos
fatos locais e não locais. O jornal está atento ao mundo, sempre em movimento
e mutação.
O pesquisador é um incansável investigador. Movido pela curiosidade,
quer saber cada vez mais, ir além nos registros dos fatos presentes e
passados, uma vez que os passados possibilitam melhor compreensão do
presente. O hoje contém a síntese do ontem no universo dos acontecimentos
em suas contradições, mudanças e permanências.
Quando elaborei minha Dissertação de Mestrado, em 1985, na PUC-RJ,
pesquisei sobre passagem da 4ª. para a 5ª. série do 1º. grau. Para

compreendê-la precisei ir aos tempos da colonização em que os ensinos
primário e secundário foram estruturados, como também aos dos ensinos
técnico e universitário. O que me permitiu concluir que diversas dicotomias
políticas, econômicas e culturais da história da organização educacional no
Brasil se faziam presentes no quotidiano daquelas séries. Atualmente a
estrutura escolar apresenta novas configurações, porém, acredito que ainda o
ensino escolar privilegie o acesso à universidade em detrimento ao ensino
técnico.
Faço questão de ressaltar que a pesquisa da história local faz parte do
saber construído pela civilização humana. É uma significativa ferramenta para
a análise crítica da realidade. Somos seres contextualizados. Quanto mais a
conhecemos e compreendemos, melhor nela podemos intervir.
Que bom que temos jornais que abraçam pesquisadores dedicados!

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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