O Estado e a literatura infantil. Por acaso, vocês sabem aonde o Coelho foi?

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

segunda-feira, 01 de março de 2021

Será que posso afirmar que a literatura é patrimônio do Estado, tanto quanto a língua usada? Volta e meia, eu me deparo com esta questão porque a literatura se utiliza da palavra como instrumento de expressão da cultura. Este é um tema essencial da expressão de um povo, dado que a literatura revela um tempo histórico, político, social e cultural. A literatura, através dos seus diferentes estilos, aborda fatos, revela acontecimentos e avalia tendências de um momento. Possui riqueza artística, exigindo do seu criador tantos cuidados como os dos designers de joias. Não é produzida de qualquer jeito. Principalmente a literatura infantil, que não é historinha para criancinhas. É, sim, a composição literária que adentra o imaginário universal para encantar, em sua primeira finalidade, e mostrar à criança o mundo concreto em que ela vive.

Em cada obra literária há saberes relevantes a serem preservados, a infantil tem um sentido enriquecido pelo desenvolvimento do gosto pela leitura. Aliás, a literatura guarda em suas linhas a sedução ao prazer de ler. Quem lê quer conhecer mais para compreender melhor a vida. Quem lê pretende ampliar seus horizontes para aprimorar seus objetivos de vida. Estes sentidos estão presentes nas obras literárias, construídas em tempos e lugares diferentes. Alice no País das Maravilhas é uma obra sábia; dos oito aos oitenta anos, cada capítulo oferece ao leitor fontes para degustação e reflexão. Isso se pode dizer da milenar obra As Mil e Uma Noites. Ah, será que não precisamos, vez em quando, ter a sutil inteligência de Sherazade? Tenho vontade de me aprofundar em uma obra clássica de literatura infantil e trazer algumas reflexões aqui. Diariamente, em cada lugar, há um Chapeuzinho Vermelho sendo seduzido pelo Lobo Mau. Quem não vai num evento e se depara com um Grilo Falante?  Quem não guarda um Pequeno Príncipe dentro de si?

O escritor e sua obra precisam ser minimamente apoiados pelo Estado, através de salas de leituras nas escolas, bibliotecas nos bairros, concursos e programas de produção literária, distribuição de livros pelas prefeituras, feiras e festas literárias. Especialmente a literatura infanto juvenil. Não se desenvolve hábitos de leitura através de discursos, mas de exemplos. Pais leitores criam filhos leitores. Professores leitores formam alunos leitores. 

Quem lê, conhece muito bem aquele Coelho apressado e supõe aonde ele vai. Por falar nele, o Gato de Botas acabou de passar por aqui. E vou atrás dele para... Ah, boba serei se ficar comendo mosca.  

 

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Tereza Cristina Malcher Campitelli

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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