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A mais comum das histórias de amor
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
Hoje vou me antecipar ao Dia dos Namorados porque senti vontade de me soltar e escrever o que brota em meu pensamento. Os namorados gostam de dançar, então vou bailar e misturar alguns ingredientes literários como lembranças, sonhos e poesias.
Vou começar por um dos momentos mais nobres que vivenciei na vida: a despedida dos meus avós. Com quase setenta anos de casados, vovô já acamado, estendeu a mão direita para vovó, abraçando a dela com os dedos trêmulos. Os dois se olharam fixamente, até ele dizer que a amou a vida inteira. As palavras dela foram ditas através de um sorriso triste. No dia seguinte, vovô foi para o hospital e não voltou mais. Eles tiveram a mais comum das histórias de amor, começando por um namoro breve, seguido por um longo casamento, que gerou três filhos, seis netos e onze bisnetos.
A mais comum das histórias de amor pode estar dentre as mais belas, que sempre começa pelo enamoramento; um olhar tímido, o toque das mãos, seguido pelo forte desejo de aproximação. Meu filho, quando tinha seis anos, se apaixonou por uma menina da idade e do tamanho dele. Os dois, banguelas, estavam sem os dentes da frente, mas viviam cheios de risos e não havia ninguém mais belo. Foi um namoro que durou um bom tempo, até ela se mudar. Beto a guardou com carinho e dela nunca se esqueceu.
Quem se esquece do primeiro namorado? Ou do primeiro beijo? São lembranças que marcam e ficam dentro de nós. Acredito que são esses os momentos que fazem com que um namoro prossiga, torne-se uma união mais duradoura e gere frutos carnudos.
Como é bom a gente escolher roupa bonita, passar perfume e ajeitar o cabelo para encontrar o namorado. Caminhar com as mãos dadas, tomar um sorvete e, então, conversar a perder a hora, rir, admirar, fazer planos e amar. Quem já não dançou e foi junto do companheiro até a varanda para ver a estrela mais brilhante no céu? Os namorados vivem tantos momentos simples, cheios de significados e afetos, como o dar das mãos em uma despedida, tal qual meus avós fizeram.
O namoro é divino. Às vezes chego a guardar a vontade de fazer com que todos os dias sejam como os de namoro, cheios de gentilezas, cuidados para agradar o outro e modos jeitosos de falar. Quem namora sabe como ninguém dizer o não com mansidão e ter outros gestos e atitudes que devemos guardar em altares de cristais para que a rotina, devastadora, não os danifique.
Saber amar é uma sabedoria que vai sendo conquistada com os embates, alegrias e as tristezas. É aprender a colocar água no feijão na dose certa, mexer a panela com paciência e desligar o fogo no exato momento. Além de tudo, conhecer a pessoa que temos nos braços.
Para finalizar, deixo a poesia “Poemas para o Dia dos Namorados” de Carlos Drummond de Andrade
“O Dia dos Namorados
Para mim é todo dia.
Não tenho dias marcados
Para te amar noite e dia.
O dia 12 de junho,
Como qualquer outro, diz
(e disso dou testemunho)
Que contigo sou feliz.
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
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