Fake News agridem a literatura

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

segunda-feira, 06 de setembro de 2021

Fake News viraram moda. Viralizaram. Tornaram-se espalhafatosas fantasias na
Internet. Vestiram-se das mais estranhas notícias e comentários para ganhar mundo.
Fizeram-se a voz da mentira. Utilizaram-se da literatura para desfilar através de
mensagens ou reportagens. Ganharam as luzes negras das intenções maldosas.
Fake News possuem a cor da imprensa marrom que, intencionalmente, têm a
finalidade de lançar falsas notícias, disseminar boatos e desinformar. Para
conquistarem espaço na mídia e adquirirem força de convencimento, nutrem-se dos
mais recursos sedutores. Usam o jornalismo literário que busca na arte da literatura
sua expressão.
A literatura jornalística não é ficcional. Revela a realidade a partir de uma
observação minuciosa dos fatos. Está fundamentada em técnicas de captação, redação
e edição jornalística e, mesmo sendo escrita por um jornalista e refletindo a visão
particular do seu autor, está comprometida com a retratação verídica da realidade.
Os meios de comunicação impressos têm papel destacado na vida do país, como
também no dia a dia das pessoas, sempre atentas aos acontecimentos das inúmeras
áreas da atividade humana, suas realizações, impasses e impedimentos. São poucos os
alienados que não buscam informações para se tornarem diariamente membros
participantes da vida coletiva. O cidadão precisa estar ciente dos contextos nos quais
está inserido neste planeta mutante. Itinerante.
O jornalismo literário busca ser o mais verídico possível. O jornalista, ao construir
o texto, pode recorrer à riqueza imaginativa para torná-lo atraente ao leitor,
escrevendo-o com vivacidade, reflexão e estilo, apresentando-lhe o momento histórico
através de reportagens, crônicas, ensaios.
As Fakes News são perigosas; destroem pessoas, projetos e realizações. Revelam
algumas das piores características maléficas que possam existir no ser humano:
egoísmo, inveja, narcisismo, perversidade, astúcia. Quem produz Fake News não se

interessa pelo bem comum, pela superação das dificuldades de um lugar, de um país.
Não tem altruísmo, nem senso inteligente. Produz textos sensacionalistas e vulgares.
Para finalizar quero aplaudir Moacyr Scliar (1937-2001), imortal da Academia
Brasileira de Letras, que escrevia a coluna Cotidiano Imaginário na Folha de São Paulo,
desde 1990 até pouco antes da sua morte, em 2011. Ele buscava, em sua coluna, uma
história que pudesse ser reveladora da condição humana. Semanalmente escrevia
textos belíssimos e sensíveis à realidade social da classe média urbana no Brasil,
fazendo mergulhos no cotidiano e utilizando a linguagem do povo.

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Tereza Cristina Malcher Campitelli

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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