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Uma viagem para esquecer
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
Retornamos a Friburgo na quarta-feira, 12 de junho e, pela primeira vez, desde que começamos a viajar, com um sentimento de que não era bem aquilo que queríamos. Uma viagem que a princípio pareceu-me bem planejada, foi na realidade um desastre. E de bom ficou a lição de que as próximas viagens terão de ser muito bem pensadas e só serem realizadas quando tivermos a certeza de que vale a pena.
Muitas são as razões para a minha sensação de que comeu e não gostou, mas creio que a principal foi a minha falta de sensibilidade em não escutar as palavras sensatas de minha esposa, que achava que nossa idade já não mais permitia fazer o que pretendíamos. Quando se é jovem, ficar quatro a cinco dias num local e seguir em frente é fácil, a idade ajuda a espantar o cansaço natural de tal empreitada, que requer muitos deslocamentos de carro. Ainda mais, que em nossas últimas viagens, passamos a ter um ponto de apoio, com o aluguel de um estúdio ou apartamento e daí partir para visitar o que queríamos. Mesmo que fosse um pouco longe, na volta teríamos tempo de recarregar as baterias e partir para outro passeio. Foi assim que conhecemos a Itália, a Alemanha, a Suíça e outros que a memória agora me falha. Até na Córsega chegamos com nosso carro, atravessando o Mediterrâneo num Ferrie Boat. Acrescente-se ainda que o trânsito nas estradas europeias ficou pesado, tal é o número de caminhões que circulam por elas atualmente.
Além disso, nossa bagagem foi praticamente incompatível com o tempo que lá encontramos. Consultando o “clima tempo”, verificamos que a temperatura no velho mundo estava agradável, pedindo roupas de meia estação e verão. Claro está que roupas de inverno são sempre necessárias, pois o tempo pode mudar repentinamente e fazem falta. O problema é que na primavera, temperaturas invernais não são comuns e chegamos a pegar 8 graus de madrugada, com 15 a 16 durante o dia. Sem falar da chuva que se fez presente na maior parte do tempo em que estivemos em Portugal. Aliás, frio e chuva, ninguém merece. Os europeus estavam surpresos com as baixas temperaturas nessa época. E as inundações, principalmente na Alemanha e França, verdadeiras catástrofes. Na cidade de Ahrweiller, próximo a Bonn, a água chegou a cobrir o segundo andar de muitas casas e a devastação foi terrível.
A ida a Portugal se deveu ao sonho de tirar o visto D7, aquele que permite aos aposentados brasileiros de residirem na terra de Camões. O objetivo era conhecer algumas cidades e avaliar se seriam boas para se morar. Aí veio Vila Real, que foi um pesadelo. Aluguei um pequeno apartamento, pela Booking.com, cujas fotografias eram agradáveis. Nos deparamos com um estúdio no subsolo, sem janelas, na realidade eram dois basculantes, no alto da parede. Fomos obrigados a ficar com o aquecedor ambiente ligado o tempo em que estávamos lá, com muita chuva e frio, o que nos impedia de visitar o que quer que fosse. O carro ficou num estacionamento distante do estúdio, o que me desestimulou de fazer as viagens que tinha programado para visitar Braga, Viana do Castelo e Viseu. O bom da história é que morar em Portugal foi um sonho que passou.
Fomos a Caldas da Rainha, Óbidos, Nazaré, Peniche, Castelo Branco e, no início, Bragança. Cidades bonitas, com seu charme, mas não mais que isso. O que salva Portugal é o fato de ainda ser um país barato, na Europa. Exceto a gasolina que está pela hora da morte. Na França e Alemanha, além do combustível, supermercados, restaurantes e hotéis estão bem mais caros. Na realidade a Europa já era, pois foi invadida pelos imigrantes, principalmente árabes e asiáticos que descaracterizaram completamente a cultura local, não se adaptando e impondo o seu modus vivendi, na maioria das vezes incompatíveis com os hábitos europeus.
Um dos objetivos dessa viagem foi visitar nosso sobrinho que mora em Bonn, Alemanha, e que em 27 de fevereiro submeteu-se a um transplante de fígado. Ele tinha uma doença hepática congênita, que terminou numa cirrose e era a substituição do órgão ou a morte. Felizmente, tudo correu bem e com um mês e meio de cirurgia ele já estava em casa e em franca recuperação. Afinal foram 6 meses de hospitalização sendo que dois em coma ou estado semicomatoso. Para se ter uma ideia da gravidade da situação, com 1,80m ele chegou a pesar 47 kg. Sua recuperação é uma realidade, a cada dia que passa ele está melhor, uma verdadeira dádiva de Deus.
Viajar agora só pelo Brasil ou América do Sul, mas com no máximo 20 dias fora. Mas, acho que o melhor mesmo é ir para Cabo Frio.
Max Wolosker
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