Turma de medicina da UFF 1974 comemora bodas de ouro

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Entre a última quinta-feira, 22, e o domingo, 25, pelo menos 25 colegas e suas respectivas famílias, totalizando 69 adultos e 12 crianças, participaram das comemorações dos 50 anos da formatura, da turma de 1974, da faculdade de medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF). O local escolhido foi o Hotel Portobello, em Mangaratiba, na Costa Verde do Estado do Rio de Janeiro, em função de oferecer pensão completa, ser um local muito agradável e com acomodações confortáveis e espaçosas. De fácil acesso, também, porque já nos reunimos ali em duas outras ocasiões e já o conhecíamos.

Nossa turma era composta por 120 alunos, cujo sonho maior era de se tornarem médicos e poderem exercer uma das mais nobres profissões. E todos se lembraram dos sacrifícios que jovens, como nós éramos, tivemos de enfrentar não só pela dificuldade em ingressar numa faculdade de medicina, tendo antes de passar por um vestibular dos mais concorridos; além disso estávamos dentro de um regime de exceção. Era a época da revolução de 1964, onde manifestações estudantis eram proibidas. E o que é pior, sabíamos que tínhamos agentes do DOPS (Departamento da Ordem Política e Social) infiltrados nas diversas faculdades brasileiras, o que tornava as manifestações estudantis muito arriscadas. Felizmente, ao que eu saiba, nenhum colega teve problemas nesse período conturbado da nossa história.

Foram quatro dias de confraternização, em que todos se viam desde o café da manhã até depois do jantar.  Essa é a grande vantagem de se escolher um hotel com pensão completa. Vários grupos se encontravam e se desfaziam para relembrar os tempos da faculdade, das brincadeiras inerentes a essa fase da vida e dos apelidos de muitos de nós.

Era uma época que a frescura não imperava entre os considerados politicamente corretos e o bullying não fazia parte do nosso dia a dia. Tivemos colegas conhecidos como “coisa rara, já morreu, piranha, dentifrício, dr. marcus welb, vírgula, perninha, rolha de poço, topogiggio, formigão, ursinho, sargento tainha” e muitos outros dos quais não me lembro mais. Ninguém se incomodava com isso, muito pelo contrário, terminaram a faculdade e se destacaram na profissão.

Na noite de sexta feira, 23, tivemos uma apresentação do conjunto Rodrigo Ravell, de Indaiatuba-SP, por indicação do nosso colega Rogério. O conjunto é sensacional, com um acordeão e dois violões, especializado em música, pois seu repertório vai do forró ao clássico. E o que é mais interessante, seu vocalista é capaz de imitar a voz de Pavarotti, de Tim Maia e outros, o que tornou a apresentação mais interessante ainda. A noite era aberta aos que gostam de dançar, mas em função da idade as sinovites, tendinites, dores lombares, próteses de joelho e quadril, impediram que muitos se aventurassem na pista de dança. Mas valeu pela presença de todos e pelo gabarito do conjunto.

Como não podia deixar de ser, numa turma em que o mais novo tem 73 anos, muitos colegas, mais precisamente 25, faleceram ao longo desses anos. Foram homenageados com um minuto de silêncio antes do Rodrigo Ravell iniciar sua apresentação e pelas lembranças de seus momentos durante o tempo da faculdade e ao longo da vida, até sua partida.

Para o futuro decidiu-se encurtar o intervalo entre um encontro e outro, que era de cinco anos e agora será de dois anos. Isso se explica porque à medida que o tempo passa a probabilidade de perda de colegas se torna maior e começam a surgir as dificuldades de locomoção em função da idade. Mas, o mais importante, pelo menos para mim, é que ao longo de nossos encontros aquela camaradagem da juventude se transformou numa amizade mais forte e as pessoas sentem necessidade desse convívio mesmo que por poucos dias.

Aos colegas que não puderam comparecer, foram muitos pelos mais variados motivos, pedimos que se inscrevam ou continuem a acompanhar o zap UFF 50 anos, não ´só porque a presença de vocês é importante, mas para se manterem informados, e mesmo, para discutirem e darem opiniões sobre o local do nosso próximo encontro. Quanto mais colegas puderem comparecer mais unido será o nosso grupo.

Muito grato e contente por pertencer à turma que se formou em junho de 1974, que completou seu jubileu de ouro com muitos colegas ainda trabalhando e pondo em prática tudo aquilo que aprenderam na faculdade, honrando uma profissão tão nobre e importante para a humanidade. Claro está que não fosse a evolução e o progresso da medicina, turmas tão numerosas como a nossa não conseguiriam chegar até aqui. Isso é uma prova viva da evolução da arte de curar, através dos anos.

Deixo aqui meu muito obrigado por pertencer a uma turma tão fantástica.

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