O Dia dos Namorados

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 15 de junho de 2022

Como em muitas datas comemorativas, as diferenças entre o hemisfério norte e o hemisfério sul são marcantes, principalmente porque apesar dos objetivos serem os mesmos, os significados diferem bastante. Esse é o caso do Dia dos Namorados, que entre nós cai no dia 12 de junho e em países anglo saxões e no restante dos países ao norte do equador, no dia 14 de fevereiro. Apesar do significado ser o mesmo, ou seja, a celebração do amor entre duas pessoas, as datas escolhidas têm um significado completamente diferente. No entanto, é o dia de demonstrar afeição entre os casais, sendo comum a troca de cartões e presentes com símbolo de coração, tais como as tradicionais caixas de bombons.

De acordo com a Wikipédia, no Brasil, a data foi criada pelo publicitário João Doria, sendo comemorada no dia 12 de junho por ser véspera de 13 de junho, dia de Santo António, o santo português com tradição de casamenteiro. Doria trouxe a ideia do exterior e a apresentou aos comerciantes paulistas, iniciando em junho de 1949 uma campanha com o slogan "não é só com beijos que se prova o amor”. A ideia se expandiu pelo Brasil, amparada pela correlação com o Dia de São Valentim que nos países do hemisfério norte, ocorre em 14 de fevereiro e é utilizada para incentivar a troca de presentes entre os casais apaixonados.  É interessante essa associação, pois sendo Santo Antônio conhecido como o santo casamenteiro e, de uma maneira geral, os casais primeiro namoram para depois contraírem núpcias, nada mais justo que o Dia dos Namorados seja celebrado próximo ao dele. A não coincidência de datas, talvez seja para marca-los com mais ênfase.

Já no hemisfério norte existem semelhanças, mas a data e a história são muito diferentes. Na realidade, 14 de fevereiro é o dia da morte do bispo Valentim, executado no ano 269 d.C., por ordem do imperador romano Claudio II. Eis o que nos relata a enciclopédia Wikipédia sobre o fato: ”A história do Dia de São Valentim remonta a um obscuro dia de jejum tido em homenagem a São Valentim. A associação com o amor e romantismo chega depois do final da Idade Média, durante o qual o conceito de amor romântico foi formulado”.

“O bispo Valentim lutou contra as ordens do imperador romano Cláudio II, que havia proibido o casamento durante as guerras, acreditando que os homens solteiros eram melhores combatentes. Ele continuou celebrando casamentos, apesar da proibição do governante; a prática foi descoberta e Valentim foi preso e condenado à morte. Durante seu encarceramento, muitos jovens lhe enviavam flores e bilhetes dizendo que ainda acreditavam no amor. Enquanto aguardava na prisão o cumprimento da sua sentença, ele se apaixonou pela filha cega de um carcereiro e, milagrosamente, devolveu-lhe a visão. Antes da execução, Valentim escreveu uma mensagem de adeus para ela, na qual assinava como “Seu namorado” ou “De seu Valentim”. “

Considerado mártir pela Igreja Católica, a data de sua morte, 14 de fevereiro, também marca a véspera das lupercais, festa anual celebrada na Roma antiga em honra à deusa Juno e ao deus Pan. Um dos rituais desse festival era a passeata da fertilidade, em que os sacerdotes caminhavam pela cidade batendo em todas as mulheres com correias de couro de cabra para assegurar a fecundidade.

Uma outra versão diz que na Idade Média, o dia 14 de fevereiro era o primeiro dia de acasalamento dos pássaros. Por isso, os namorados daquela época usavam esta ocasião para deixar mensagens de amor na soleira da porta do amado ou amada. Eu sou mais por essa versão.

Nos Estados Unidos a tradição do dia de São Valentim surgiu em 1840, quando uma mulher, Esther Howland, vendeu cinco mil dólares em cartões, uma quantia considerável, na época. Ela se espalhou por todo mundo e a simples venda de cartões foi trocada pela a compra de presentes de toda espécie.

Quem se beneficia, e em muito, desse tipo de comemoração é o comércio, que aproveita essas datas para faturar mais. Não vai aqui nenhuma crítica, apenas essa é a tendência do mundo capitalista. No entanto, precisamos ter sempre em mente o verdadeiro significado dessas festas, para que não se tornem apenas um ato puramente material. Aliás, uma coisa boa da pandemia, se é que pode haver coisa boa numa catástrofe, foi que a humanidade resgatou festas tradicionais como o Natal, que nesses dois anos voltou a ser uma comemoração familiar, em que o nascimento de Cristo foi o tópico principal.

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