Nova Friburgo resiste bem à pandemia

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 06 de maio de 2020

Muito se tem falado da pandemia do medo, denominação mais apropriada para a crise do Covid-19, no Brasil. O noticiário gira diuturnamente focado nesse assunto, com a divulgação do número de contaminados num crescente, ênfase no número de mortes, mas sem uma divulgação mais evidente do número de curados. Aliás, a meu ver, esse deveria ser um tópico a ser explorado, pois ele é importante para dar esperanças aos habitantes seja de um país ou de uma cidade.

O meu objetivo, hoje, é o de tranquilizar nossa população, pois tenho notado um grau de estresse muito grande no meu círculo de amigos, que provavelmente reflete o que se passa numa grande parcela de moradores de Friburgo.

De acordo com os números que levantei, nas principais cidades serranas, em número de habitantes, ou seja, Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, aqui nós estamos numa situação bem cômoda. Segundo o boletim expedido pela prefeitura, tínhamos 61 casos confirmados na última sexta feira, 1º, (19 entre os profissionais de saúde), com cinco óbitos. Existiam, ainda, 49 suspeitos dos quais 30 deles em casa, aguardando o resultado dos exames enviados ao laboratório de saúde Noel Nutels, no Rio de Janeiro.

Já em Teresópolis, segundo o boletim da prefeitura da cidade vizinha datado do último dia 3 de maio, existem 199 casos (98 mulheres, 92 homens e nove crianças) com dez internados, sendo cinco em estado grave, dez recuperados e quatro óbitos. Os dados que disponho de Petrópolis são 95 casos com uma morte. Tanto na terra do Cão Sentado, como na cidade imperial, não temos o número de pessoas curadas.

O que se pode concluir dessas informações é que a população de Nova Friburgo está cumprindo bem o seu papel, levando a quarentena a sério e seguindo as medidas propostas pelas autoridades, principalmente quanto à higiene do corpo, das mãos, das roupas e dos objetos que entram nas casas de cada um.

Fiz também um levantamento do número de internações nos hospitais da cidade e, pasmem, ela é muito baixa, corroborando o que foi dito acima. Na última segunda feira, 4, por exemplo, o Hospital Unimed não registrava nenhuma internação; o Raul Sertã, hospital municipal, referência da região, tinha quatro casos em enfermaria e quatro na UTI do Covid; o São Lucas acusava dois pacientes na enfermaria e três na UTI, sendo uma com mais de 15 dias, mas todos sem confirmação laboratorial.

Já no Hospital Serrano encontramos muita dificuldade em obter dados, sendo impossível me comunicar com a diretora médica, mesmo me identificando como colega de profissão. Talvez por ser um hospital que não tem plano próprio de saúde, atendendo indistintamente todos os demais, sujeito a receber pacientes vindos do Rio de Janeiro, já que a capacidade de vagas na capital está no limite, sua direção não queira se expor.

Aliás, se for isso, nada a criticar, pois na Europa, quando a capacidade de leitos se esgotou, na França e na Itália, eles transferiram pacientes para a Alemanha, que os aceitou após constatar que isso não comprometeria o atendimento dos alemães. É a chamada solidariedade que deve existir nesses momentos de angústia.

Mesmo assim tivemos acesso, através das redes sociais, de relatos da chegada de vários infectados que foram internados na UTI, vindos de fora. Se há pacientes na enfermaria, não conseguimos apurar.

Creio que a atitude tomada pelo prefeito Renato Bravo, de estender a quarentena, por mais uma semana, foi de consolidar essa menor disseminação da doença em Friburgo, o que traria mais segurança na hora de reabrir a cidade. Mas, que a população já não aguenta mais é uma constatação.

No entanto, fica aqui sempre o alerta de que todo cuidado é necessário, mantendo-se o uso de máscaras, luvas e álcool gel nas lojas, padarias e supermercados. Além disso, é importante o distanciamento social por mais algum tempo, evitando-se aglomerações em locais fechados e, principalmente, lavar as mãos com água e sabão com frequência e evitar tocar olhos, nariz e boca com as mãos.

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