Mais uma vez a saúde de Friburgo em evidência, negativamente

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Corroborando o que disse na minha coluna da semana passada, a mamata é muito boa, para a existência de 16 postulantes à vaga de prefeito, no Palácio Barão de Nova Friburgo. O descaso com o dinheiro público, o assalto aos cofres da Secretaria Municipal de Saúde, que gere o bem estar da população, aquela mais carente, que só tem o Sistema Único de Saúde (SUS) como tábua de salvação, é um acinte. A trama é feita muito antes do “ungido” ao cargo mais importante da cidade assumir seu posto.

 A VOZ DA SERRA em sua edição do último fim de semana noticiou: Apontado como “chefe de esquema”, ex-secretário de Governo teve bens apreendidos. Trata-se de Bruno Villas Boas, que segundo relata a reportagem, “os auditores constataram ilícitos na contratação de empresas fornecedoras de medicamentos, com superfaturamento da ordem de R$ 680 mil de uma amostra analisada de R$ 1,34 milhão. Os fatos investigados são relativos à possível ocorrência de corrupção ativa e passiva, fraude ao caráter competitivo da licitação e peculato”.

O mais grave de tudo é que tal ato ilícito foi tramado antes da posse do atual prefeito, durante a famosa transição, que mais parece um acerto de contas entre o governo que sai e aquele que entra. No caso presente, já existia uma portaria que regulamentaria as compras de medicamentos feitas pela Secretaria de Saúde, conforme informou a reportagem: “Apurações futuras iriam indicar que a determinação do governo no sentido de levar adiante a adesão à Ata de Registro de Preços de Duque de Caxias, em desfavor ao processo licitatório 1077/16, que já se encontrava publicamente apto para o devido seguimento desde 9 de novembro de 2016, foi fator decisivo para o pedido de exoneração do ex-secretário Rodrigo Romito Gonçalves, juntamente a outros fatores que, no futuro, iriam redundar inclusive em CPI”.

Essa ata de preços dispensa licitações escancarando as portas para os ilícitos. Aliás, não me levem a mal, mas Ata de Registro de Preços de Duque de Caxias, não deveria ser levada em consideração. O Estado do Rio de Janeiro não é sério e, muito menos, os municípios da Baixada Fluminense.

O Rio de Janeiro chafurda num lamaçal de corrupção, haja visto termos quatro ex-governadores às voltas com a Justiça, um presidiário confesso e outros três em prisão domiciliar. Some-se a isso o atual governador Wilson Witzel, em processo de impeachment e seu vice, na berlinda, vítima de delações premiadas de Edmar Santos, ex-secretário de saúde do estado. Aliás, falou em falcatruas, as secretarias de saúde, seja municipal ou estadual, estão sempre em evidência. Aqueles que querem agir com honestidade, lisura e seriedade, são obrigados a pedirem para sair, seja por ameaças contra a própria vida ou de algum membro da família, ou por não suportarem a pressão imposta por prefeitos e governadores.

No caso de Friburgo, um dos vereadores que denunciou a tramoia engendrada na Secretaria de Saúde, foi o Professor Pierre, que inclusive teve seu automóvel perfurado por um objeto perfurante, que poderia ser uma bala disparada por uma arma de fogo. Na época de tal atentado, Pierre foi ridicularizado, seus detratores querendo fazer acreditar que ele estava querendo aparecer. Naquela época, o atual processo corria em segredo de Justiça.

Se o Ministério Público investigar a fundo, outros casos que são comentados na cidade, poderiam vir à tona, tendo o Hospital Raul Sertã, como epicentro. O problema é conseguir provas dessas ilicitudes.

Portanto, estamos num mato sem cachorro, pois a escolha do próximo prefeito e vereadores é de suma importância para os destinos da cidade. Se antes de entrar já tramam contra o erário, quando estão por cima da carne seca, sai de baixo. Essa é tônica desse maldito estado, pois a história é a mesma em vários municípios, auxiliados por uma legislação calhorda e eivada de más intenções. No Rio, Eduardo Paes e Marcelo Crivella são candidatos a prefeito, mas contra ambos pesam suspeições de maus feitos; em Teresópolis, Mário Tricano que já foi cassado uma vez, afastado na última legislação, volta como candidato; em Friburgo, um prefeito que em nada contribuiu para a melhoria da qualidade de vida do cidadão, corre o risco de ser reeleito.

Acorde eleitor, deixe de ser joguete nas mãos de espertalhões e exerça seu direito de eleitor de maneira digna e sábia. Não seja leviano.

Publicidade
TAGS:

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.