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Fakenews no futebol
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
No último domingo, 19, a ex-Vênus Platinada, atual Vênus de Lata, nos proporcionou um episódio bizarro, que vai entrar para a história do telejornalismo esportivo como uma falta de cuidado acima de qualquer suspeita. É também um alerta para repórteres e jornalistas, não importa a matéria, de que a informação é muito importante para o ouvinte ou leitor e que ela deve ser tratada com o máximo de carinho, para que seja um esclarecedor genuíno dos fatos em andamento.
No estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, jogavam Vasco da Gama e Cruzeiro e ao final do primeiro tempo, o placar mostrava a vitória parcial da equipe cruzmaltina por 1 a 0. No segundo tempo, já no final do período normal deu-se a lambança da Rede Globo. Daniel Amorim marcou o segundo gol para o Vasco da Gama, mas a arbitragem anulou o tento, auxiliada pelo Var (árbitro de vídeo), alegando que Gabriel Pec havia colocado a mão na bola, no início da jogada. No entanto, quem acompanhou a partida de casa achou que o jogo tinha terminado em 2 a 1 para o Vasco, haja vista o lance não ter sido compreendido pela equipe que cobria o evento.
O que aconteceu entre o jogo visto pelos torcedores no estádio e o transmitido pela Rede Globo? Desatenção inadmissível. O narrador Luiz Roberto de Múcio, os comentaristas de futebol e ex-jogadores Roger Flores e Paulo Nunes discutiam sobre quem seria o melhor jogador do jogo e, numa falha grosseira, não observaram o que se passava em campo. O árbitro André Luiz de Freitas Castro foi alertado pelo Var de que Gabriel Pec havia tocado com o braço na bola, antes da conclusão da jogada. O mais estranho é que Sandro Meira Ricci, comentarista de arbitragem da Globo, também presente à transmissão, nada falou. E, o repórter de campo, que tentava avisar o ocorrido não teve o som aberto no estúdio. Aos 49 minutos, ainda na prorrogação, o Cruzeiro empatou o jogo, com um gol de Ramon.
O curioso é que o marcador da Globo acusava 2 a 1 para o Vasco e o comentarista Roger Flores não entendia a vibração dos cruzeirenses com o gol que apenas selava a derrota de sua equipe. Ainda comentou com Luiz Roberto o estranho comportamento dos jogadores do Cruzeiro. Aliás, esse é o mal de transmissões de estúdio onde a visão é tão limitada como a dos tele espectadores. Se estivessem nas cabines de São Januário, teriam notado que o placar do estádio marcava 1 a 1 e poderiam corrigir a tempo esse erro lamentável.
Só com o apito final e com a confusão instalada no gramado é que o repórter de campo pode informar o que se passava e acertar o placar da Globo. Para os três patetas o jogo terminara 2 a 1 para a equipe cruzmaltina. Para a grande torcida vascaína que comemorava, diante de seus aparelhos de televisão uma vitória fictícia, a frustração de mais um empate e a triste sensação de que a subida para a série A está cada vez mais difícil.
Mas o que esperar de uma emissora que desde há muito trata a notícia não como algo sério, mas sim como uma mercadoria a serviço de seus interesses. A cobertura da pandemia da Covid-19 foi, a meu ver, o anti jornalismo, pois o mais importante era apavorar o leitor ou tele espectador. Se retrocedermos um pouco, a Globo endeusou e participou ativamente da eleição de Fernando Collor de Mello para a presidência do Brasil em detrimento daquela de Luís Inácio; foi essa mesma Globo que ajudou na sua queda, apostando no seu impeachment. O caçador de marajás virou marajá.
Com relação ao presidente Jair Bolsonaro, ela jamais informou algo de maneira isenta, principalmente se isso ajudasse na ladainha contra o atual ocupante do Alvorada, eleito com quase 60 milhões de votos. Não há um dia que a Vênus de Lata não fale mal do presidente, elogios, jamais. Mas, divulgar falsas pesquisas em que Luís Inácio (vai poder se candidatar?) está na frente no primeiro e segundo turnos é uma constante. Se erram no resultado de uma partida de futebol, como acreditar serem sérios nas demais notícias veiculadas pela rede?
Max Wolosker
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Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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