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Estamos na santa terrinha
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
Sem viajar para o exterior desde a pandemia, tomamos coragem e resolvemos fazer o que talvez seja nossa última viagem de longa duração. Temos de nos curvar a realidade e admitir que a idade começa cobrar seu tributo, fazendo com que admitamos que os arroubos da juventude ficaram no passado e a moderação daqui para a frente será mais do que necessária. O itinerario foi estabelecido de maneira que ficássemos, no mínimo, quatro dias em cada parada, para que pudéssemos ter tempo de recarregar as baterias.
Mesmo assim, não tivemos como ter um início menos conturbado, pois para fazer o leasing de um carro, como sempre fazemos, teríamos de entrar e sair pela França. Pegá-lo fora do hexágono, encareceria em 200 euros, o preço final. Daí que de Marselha, início da viagem, até Bragança, primeira cidade de Portugal, levamos quatro dias, o que, na realidade, foi uma tourada. Talvez, o correto teria sido chegar por Lisboa, mas o aluguel de um carro fica mais caro que o leasing.
Mas, acabou sendo uma boa opção porque Bragança é uma cidade muito charmosa e vale a pena ser visitada. Claro que fomos surpreendidos pela onda de frio que assolou e, ainda assola, a Europa e se não tivéssemos, como precaução, colocado roupas mais quentes, na mala, o jeito seria comprar mais agasalhos por aqui. Bragança fez, no último fim de semana 14 graus durante o dia. À noite, mesmo que mais frio, não teve problemas porque a calefação dos hotéis funciona bem quando a temperatura exterior cai abaixo dos 17 graus.
Bragança fica muito próxima da Espanha e as tradições se misturam. Daí que a visita ao museu Ibérico da Máscara e do Traje foi uma surpresa agradável. Ele tem como objetivo preservar e promover a identidade e a cultura dos povos desta região. Alberga uma importante coleção de trajes, máscaras e apetrechos usados em diversas aldeias de Trás-os-Montes (Portugal) e da província de Zamora e Lazarim (Espanha), durante as festas dos Rapazes ou dos Caretos (festeja a passagem dos rapazes da adolescência para a idade adulta).
A exposição rica em cor e significado se destaca pela grande variedade de personagens e costumes que a cada inverno ganham vida nesse território. Aqui se realça, igualmente, a criatividade dos artesãos e a forma como os mais diversos materiais, da madeira a lã, da lata à cortiça, são transformados em seres tão fascinantes como misteriosos. O que mais chamou a nossa atenção foi o fato de muitos dos personagens retratados fazerem parte do nosso folclore, como é o caso do boneco de palha, do bumba meu boi e de mascarados que lembram as fantasias dos nossos carnavais. Não negamos as nossas origens.
Claro que por estarmos em Portugal, não poderíamos deixar de aproveitar o bom vinho e o bacalhau portugueses, alem dos pastéis de santa clara e outras guloseimas mais. Aliás, segundo informações locais, o vinho de Trás-os-Montes é de muito boa qualidade. A viagem está só começando, pois nos propusemos a conhecer parte do norte e do centro do país e muita coisa ainda tem para ser vista. A medida que a viagem for correndo, mandaremos notícias.
Apesar da diferença de quatro horas do Brasil para Portugal, deu para ver pela internet, o fogão depenar o urubu. O problema é que terminamos a quarta rodada na ponta da tabela, o que é preocupante. Vide 2023.
Max Wolosker
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