A equipe olímpica do Brasil está de parabéns

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Domingo, 8 de agosto, foi o último dia das Olímpiadas de Tóquio e cumpre ressaltar o ótimo desempenho da equipe brasileira, principalmente o dos nossos medalhistas. Com as suas 21 medalhas, sendo sete de ouro, seis de prata e oito de bronze, superou a marca da Rio 2016 e o número das medalhas de ouro poderia ter sido maior se tivéssemos batido as americanas, no vôlei feminino e se a nossa pugilista, Bia Ferreira, não tivesse sido vítima, não dos punhos da adversária, mas sim dos juízes que foram unânimes em jogar a medalha de ouro no pescoço da irlandesa Kellie Anne Harrington. Aliás, no caso das meninas do vôlei, creio que a tensão do nosso sexteto foi crucial para a vitória da equipe americana. A seleção canarinho não conseguiu se encontrar em quadra e foi derrotada por três sets a zero. Até então era a única invicta no torneio.

É bem verdade que na Rio 2016, por ser no Brasil, o esporte olímpico mereceu uma atenção maior por parte do governo. Muitas verbas foram investidas na preparação dos atletas para que fizessem bonito na primeira olimpíada em terras brasileiras. Infelizmente, após o término daquela jornada voltamos à estaca zero. A falta de incentivo financeiro é uma das maiores causas do nosso insucesso frente aos países que gastam fortunas na preparação de seus atletas. Sem falar na busca pela hegemonia mundial entre as principais nações mais desenvolvidas; foi o caso da disputa acirrada entre os Estados Unidos e a China. Com o ouro americano no vôlei feminino suplantaram as chinesas por uma medalha e ficaram com 39. O Brasil terminou em 12º lugar só ficando atrás do Canadá por ter menos três medalhas de bronze já que elas também tiveram sete de ouro e seis de prata. Na realidade, em relação à última olimpíada, subimos uma posição.

No entanto, dá pena ver o catarinense Darlan Romani ficar no quarto lugar geral, no lançamento de peso, quando lemos em sua biografia que chegou a treinar num terreno baldio. O clube Pinheiros, em São Paulo, onde treinava foi fechado na pandemia e ele não encontrou lugares especializados para continuar seu treinamento. ”Sua esposa Sara Romani afirmou que o atleta, de fato, treina em condições precárias e que a Confederação Brasileira de Atletismo não atende os seus pedidos para a melhoria da estrutura dos centros de treinamento”. (jovempan.com.br). Talvez, seu desempenho fosse muito melhor se tivesse um local mais adequado para apurar sua técnica.

A história de Ítalo Ferreira, primeiro campeão olímpico da história do surf não é muito diferente, pois seu começo foi surfando nas tampas de isopor das caixas de seu pai, vendedor de peixes, que as usava para conservar o pescado, em Baía Formosa, no Rio Grande do Norte. Ele suplantou Gabriel Medina, que já foi campeão mundial, e o japonês-estadunidense, Kanoa Igarashi, que eliminou Medina e ficou com a prata.

Assim se conta essa história, como diz a canção “Samba do homem de cor negra endoidecido”, já que seu título original (Samba do crioulo doido) é, hoje, politicamente incorreto. Uma história de superação, de muita luta e de um desejo ímpar de representar bem o Brasil e mostrar, que apesar dos pesares, conseguimos nos superar. Vejam o exemplo do futebol masculino. Maior medalhista olímpico sem nunca ter conseguido uma medalha de ouro. Foram três de prata (1984, 1988 e 2012) e dois bronzes (1996 e 2008). De repente somos, verdadeiramente, bicampeões, com as duas de ouro seguidas em 2016 e 2021.

Pena que o futebol feminino jamais tenha conseguido o tão sonhado ouro olímpico, se contentando com duas pratas em 2004 e 2008. Creio que a partir de agora, com a possível aposentadoria de Marta e Formiga e com o pouco incentivo à seleção feminina, as coisas ficarão mais complicadas. Sem falar nas reticências que esse esporte encontra até hoje nos meios futebolísticos. Por isso os americanos são os maiores medalhistas da especialidade, pois o futebol feminino, nos Estados Unidos, talvez tenha mais aceitação que o masculino.

E a Rebeca hein? Primeira medalhista brasileira com um ouro na ginástica olímpica, modalidade anteriormente restrita a americanas, russas e chinesas. Medalha é incentivo para a garotada. Tenho certeza que vão surgir muitas academias de skate após o brilhante desempenho dos nossos skatistas, em solo nipônico.

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