Dráuzio Varela se expõe ao ridículo

Max Wolosker

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Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 11 de março de 2020

Ridículo o espetáculo grotesco e de mau gosto patrocinado pela “Vênus de Lata” no seu carro chefe de domingo, o Fantástico. Rafael Tadeu de Oliveira Santos, o Suzy, foi preso e condenado a 36 anos de cadeia, após estuprar e matar um menino de nove anos, Fábio dos Santos Lemos, morador da zona leste da capital paulista. O mais grave é que Suzy era amigo da família do menino.

Eis que no malfadado programa do último domingo, 8, o médico Dráuzio Varela, travestido de repórter, resolveu fazer uma entrevista com o criminoso. O objetivo era mostrar a solidão em que vivem esses tipos de condenados, pois se deixados no convívio com os presos comuns, são executados, de acordo com a “lei” que impera nas cadeias. E, para cúmulo do absurdo, ao fim do relato de Rafael, Dráuzio emocionado, deu um abraço nessa verdadeira fera humana. Ridículo e como diria Boris Casoy, uma vergonha.

Esse triste episódio mostra o porquê dos sindicatos dos jornalistas lutarem pela dignidade da profissão, pois o risco de picaretas não acostumados ao meio, cometerem idiotices, é muito grande. Se Dráuzio tivesse sido formado, também, em Comunicação Social, mesmo apresentando uma matéria que lhe tivesse sido imposta, estudaria o perfil do entrevistado, exatamente para não se expor ao ridículo e transformar os telespectadores em vítimas de uma farsa.

De sã consciência nenhum jornalista de formação, faria qualquer matéria sem antes obter informações sobre os fatos acontecidos, quando, como e por que. Se tivesse feito isso, veria que Suzy tinha uma ficha criminal extensa, inclusive com vários relatos de estupros a menores. Uma tia dele, entrevistada pelo Jornal da Cidade online informou que desde os 12 anos, Rafael roubava, inclusive com arma, usava maconha e abusava de uma criança de três anos. Fugiu da casa da tia para não ser morto pelos pais da criança e se escondeu na casa de um irmão, onde tentou estuprar o sobrinho. Um pedófilo psicopata desde o início da adolescência. Ou seja, jamais seria motivo para participar de um programa que se diz sério.

Essa velha postura da Globo de tentar defender bandidos não vem de hoje, mas um médico, escritor com vários livros que tiveram uma tiragem acima da média, deveria salvaguardar sua imagem e ter sempre em mente a norma de cada macaco no seu galho. O pior, é que reabriu uma ferida que jamais cicatrizará no coração da família e não teve, sequer, uma palavra de consolo para com os pais da criança cruelmente assassinada.

O mínimo que Dráuzio tem a fazer, a partir de agora, é procurar a família do garoto Fábio e, longe das câmeras e holofotes pedir desculpas sinceras pela mancada que foi dada. Depois, seria esquecer o sensacionalismo barato e apresentar temas médicos de interesse para a população, no que concerne ao significado da doença, aos sintomas, ao tratamento, às complicações e, principalmente, à prevenção. Você estaria prestando um serviço muito mais digno e útil, colocando a serviço do telespectador toda sua bagagem advinda dos bancos da faculdade de medicina.

Jornalismo é coisa séria, deixe-o para quem sabe fazer, aqueles que como você fez medicina, e frequentaram uma faculdade de Comunicação Social.

 

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