A cada crise, o presidente Bolsonaro aumenta sua credibilidade

Max Wolosker

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Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 03 de junho de 2020

Deve ser muito difícil para um presidente da República sofrer achincalhes, ironias e desrespeito diuturnamente. O que seus os adversários não perceberam ainda, é que a cada ataque planejado, ele sai mais fortalecido, vide a manifestação monstro que ocorreu no último domingo, 31 de maio, na capital federal e na Avenida Paulista, em São Paulo. Se fôssemos um país mais sério, uma grande parte das notícias veiculadas pela grande mídia, mereceria ações judiciais para comprovar sua autenticidade.

Podemos citar a cinematográfica demissão do ex-ministro Sérgio Moro, gestada para atingir a credibilidade e popularidade do presidente Jair Bolsonaro e que culminou com a destruição total da imagem que Moro construiu durante seu período à frente da operação Lava-Jato. Quando se entendeu o que estava por trás de sua demissão, o presidente saiu mais fortalecido. Na realidade, Moro trabalhava contra seu superior.

No bojo desse imbróglio, o “decano” do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, que não esconde de ninguém seu ódio por Bolsonaro, resolveu usar o vídeo da reunião ministerial, citada por Moro, como prova de que o presidente queria interferir na Polícia Federal, (em tempo o verbo interferir tem vários significados como interceder, intervir, pedir, solicitar, advogar, rogar etc). Mais uma vez o tiro saiu pela culatra. Quem assistiu à fita, nada viu que incriminasse o presidente. Viram sim, um propalado defensor da Constituição desrespeitá-la, uma prática que vem se tornando comum entre os membros do STF (vide interferências de Ricardo Levandowsky e Alexandre de Moraes) ao liberá-la sem cortes.

O correto seria dar conhecimento ao público apenas do teor que embasaria a denúncia de Moro. Esqueceu-se de que numa reunião à portas fechadas, fala-se muita coisa na certeza de que ela não cairá no domínio público, é uma verdadeira lavagem de roupa suja. Quantos jornalistas já tiveram problemas, quando não perceberam que antes ou depois de uma entrevista alguém se esquecera de desligar o microfone?

A causa imediata dessa liberação resultou na concorrida participação de apoio da população ao presidente Bolsonaro no último domingo, em Brasília. E, em consequência, a não recriminação ao ministro Weintraub, pois seu desabafo representa a opinião de uma parcela respeitável da população. Deve-se ter em conta que a sugestão de seu afastamento, feita pelo outro membro do STF, Marco Aurélio, não tem o menor cabimento, pois não foi feita em público e sim entre quatro paredes. Se foi tornada pública, é outro problema. Aliás, as pessoas estão esquecendo que vivemos hoje, uma verdadeira ditadura da toga. Vide o sr. Celso de Mello que agora determinou a suspensão do recolhimento do celular de Bolsonaro. Mandam e desmandam a seu bel prazer.

Mas, como cutucar o leão com vara curta pode ter consequências desastradas, Celso de Mello resolveu se superar ao pedir o confisco, para análise, do celular do presidente da República. Não satisfeito solicitou a câmera que filmou a reunião. Deboche por deboche, já que foi solicitado o celular, eu retiraria os chips e entregaria o telefone e a câmera. Mas, reparem que além da interferência de um poder sobre o outro, já que a independência dos três poderes da República é causa pétrea constitucional, a meu ver não tem nenhum cabimento. Ainda mais que o próprio STF proibiu o confisco dos celulares de Adélio Bispo e dos seus advogados de defesa. E o medo de que tais celulares pudessem conter informações sobre o possível mandante do atentado?

Não só o presidente disse que provocaria uma crise institucional, pois não o entregaria como desencadeou a reação imediata do general Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, e de outros generais, criticando a medida inconstitucional do STF e, o que é pior, que isso poderia desencadear uma crise de grandes proporções, de caráter imprevisível. Esse episódio, a meu ver, também contribuiu para engrossar o número de participantes da marcha do último domingo, na capital federal.

Os pascácios, como diria Nélson Rodrigues, não entenderam ainda que a perseguição implacável à figura de Bolsonaro só aumenta sua popularidade. Agem como os escorpiões que mordem a própria cauda e provocam sua destruição. O mais grave, é a imagem que fica do Brasil lá fora, quando as fofocas políticas, típicas de comadres, obscurecem o objetivo maior que é o enfrentamento à pandemia que nos assola, hoje relegada a segundo plano. Os embates políticos são mais importantes.

E um alerta aos mais jovens, que não viveram a década de 1960. O clima político que vivenciamos hoje lembra em muito, aquele que antecedeu à intervenção militar de 1964, de triste memória e que ninguém quer que se repita. A democracia é um regime em que vencedores e vencidos têm de conviver em harmonia. A amizade pode ser difícil, mas o cavalheirismo, jamais.

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