Botafogo consegue seu objetivo: a primeira divisão

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Foi um ano tenso, com a pandemia atingindo milhões de pessoas e ceifando milhares de vidas; lock down, confinamento, uma série de medidas a que o brasileiro não estava acostumado. Para os torcedores dos vários times espalhados por esse Brasil, o afastamento dos estádios e distância forçada de seus ídolos, restritos à tela dos televisores. Para os botafoguenses, uma complicação a mais, pois o time disputava a segunda divisão do Brasileirão e, no primeiro turno, estava mal próximo à zona de rebaixamento para a série C, a terceira divisão. Era o inferno astral para os torcedores da estrela solitária.

Pouco antes do final do primeiro turno, o técnico Marcelo Chamusca foi demitido e Enderson Moreira foi contratado. Mudança da água para o petróleo (mais escuro que o vinho) e seu dedo, mais as contratações pontuais da diretoria, fizeram vislumbrar uma luz ao final do túnel e já faltando oito rodadas para o final do campeonato, o Botafogo assumia a liderança do torneio, com as chances de volta à primeira divisão se tornando, pouco a pouco uma realidade.

A última segunda-feira, 15 de novembro de 2021, uma data para ficar na memória dos botafoguenses de coração e carteirinha. O estádio Nilton Santos, o popular Engenhão, lotado com quase 30 mil torcedores, foi palco de uma festa há muito nunca vista, num jogo histórico, pois a vitória contra o Operário do Paraná, significaria o retorno tão sonhado à série A do Brasileirão, em 2022.

Como não poderia deixar de ser, tensão em cada milímetro do estádio, que era vista também nos torcedores e nos jogadores. Pela primeira vez jogavam com estádio cheio, os jogos anteriores tinham sido ou com estádio vazio ou com capacidade de público limitada; sentiam a responsabilidade de não frustrar uma torcida apaixonada e, porque não, sofrida.

É claro que para o Fogão nada é fácil e, aos 16 minutos do segundo tempo, o Operário marcou o seu gol naquilo que poderia ser uma ducha de água fria nas pretensões alvinegras. Todos sentiram o golpe, o caldeirão criado pela torcida alvinegra fervia e não era da forma esperada. Atrás no placar, a pressão em campo e vinda das arquibancadas se voltou contra o Botafogo. Mas o que parecia desastre voltou a ser festa no gol de empate de Pedro Castro, de cabeça, após bela jogada de Chay. Diga-se de passagem, que as duas primeiras substituições promovidas por Enderson, foram providenciais e mudaram a dinâmica do jogo.

 Aos 38 minutos, o Nilton Santos explodiu da forma esperada pela torcida. Após cruzamento da esquerda de Matheus Frizzo, o artilheiro alvinegro, Rafael Navarro, apareceu na primeira trave para desviar e virar a partida a favor do Botafogo: 2 a 1 e uma festa incontrolável da massa alvinegra. O estádio explodiu da forma esperada pela torcida. O placar, agora marcava 2 a 1 e a festa tomou conta da massa alvinegra, nas arquibancadas.

Foram mais 11 minutos de ansiedade, pois o juiz acrescentou mais quatro em função das paralisações, até que com o apito final, a tensão desapareceu e a comemoração da tão esperada volta à primeira divisão extravasou as fronteiras do Nilton Santos.

Foi muito legal ver os jogadores com seus filhos no gramado, o goleiro Diego Loureiro com sua filha de meses era a expressão pura da satisfação, apesar da dúvida se segurava um bêbe ou a bola. O filho do grande capitão Joel Carli, com os olhos marejados ao lado do pai e a filha do maestro da equipe, Chay, brincando dentro de um dos gols, por coincidência aquele em que o Operário marcou o seu gol.

O campeonato ainda não acabou, faltam duas rodadas e o objetivo, agora, é o título da segundona, pois ao contrário dos que muitos pensam, deve ser comemorado, sim. Premia o esforço de um grupo de jogadores que se comprometeram a recolocar o Botafogo no lugar de onde nunca deveria ter saído, de um técnico que soube tirar o máximo de cada um e de uma torcida que nunca abandonou seu time do coração.

E para terminar ão, ão, ão, Fogão é primeira divisão.

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