Tristeza

terça-feira, 04 de agosto de 2020

Para pensar:

"É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida.”

Maurice Switzer

Para refletir:

“Onde estão nossos valores?

Onde está nossa ética?

Onde está nossa decência?

Foram todos exauridos com o passar dos anos.”

Allann Xavier

Tristeza

A coerência não raramente nos cobra um preço alto.

Por que o que é certo continua sendo certo mesmo quando um crápula o pratica - e isso é sempre positivo -, e o errado continua sendo errado mesmo quando uma pessoa querida é a autora - e isso nos obriga a criticar, por vezes asperamente, pessoas das quais gostamos.

Hoje é um desses dias.

Ingenuidade

Exatamente às 14h desta segunda-feira, a não mais do que 50 metros da Câmara Municipal, o colunista teve um encontro fortuito com uma das pessoas convocadas a prestar esclarecimentos ao Legislativo naquele mesmo horário, a respeito das incorporações salariais.

E, inocentemente, acreditou que teria uma surpresa positiva, que as cadeiras afinal não ficariam vazias, que teríamos esclarecimentos, satisfações, e a coluna não precisaria estar aqui, mais uma vez, narrando um ato do mais profundo desrespeito à transparência, à representação parlamentar e, mais do que tudo, ao próprio pacto social.

Ausência

Como o leitor já deve estar sabendo, tanto o procurador-geral quanto as duas servidoras convocadas por unanimidade pelo plenário da Câmara decidiram não comparecer à casa legislativa às 14h desta segunda-feira, 3, e deste modo privaram de respostas e esclarecimentos importantes toda a sociedade friburguense.

Existem consequências previstas para este tipo de atitude, e é preciso que tais consequências sejam devidamente observadas pelo Judiciário, sob pena de se abrir um precedente sob todos os aspectos inaceitável.

Deveria bastar

Muito mais do que uma questão relacionada ao Direito, contudo, estamos falando é sobre decência aqui, e a coluna tem batido sempre nesta tecla.

Servidor público deve sim satisfações à população e a seus representantes legítimos, toda vez que venham a pairar dúvidas a respeito de suas condutas.

Lei alguma deveria ser necessária para assegurar a presença de um servidor neste tipo de circunstância.

O respeito à coletividade deveria ser razão mais do que suficiente.

Desrespeito

Dito isso, a coluna pode atestar que as dúvidas existentes nestes casos em questão mais do que justificam a convocação, como ficou bastante claro a todos que se deram ao trabalho de assistir à apresentação através do canal da Câmara no YouTube.

Aliás, quem não viu deveria ver.

E é por isso que a coluna não irá perder tempo com discussões de natureza jurídica aqui.

Sob o ponto de vista ético - que é o que efetivamente nos interessa - nada poderia justificar tamanho desrespeito à população.

Repúdio

As justificativas apresentadas para as ausências seguiram a linha de que o debate não teria sido técnico.

Conversa fiada.

Esta coluna tem um longo histórico a lhe respaldar quando afirma que teria dado todo o espaço para divulgar os argumentos que viessem a ser apresentados, mesmo que não fossem convincentes.

E claro, se fossem convincentes, teriam aqui também todos os elogios merecidos.

Oportunidade perdida

Ademais, a apresentação do vereador Professor Pierre foi essencialmente técnica, como todo mundo pode ver no YouTube.

Qualquer insinuação neste sentido, portanto, é leviana e covarde.

De fato, a postura adotada pelos convocados é própria de quem não tem argumentos conclusivos para agir como age, e pior: tem consciência disso.

E se tal interpretação está em alguma medida equivocada, a oportunidade de mostrar isso foi deliberadamente perdida.

Enquanto isso...

O colunista tem testemunhado com grande tristeza o tratamento que vem sendo reservado à imensa maioria dos servidores municipais.

Tem visto de perto o empobrecimento, a diminuição do padrão de vida, o drama.

E diz com muita concretude que o corte do vale transporte neste mês de julho vai significar, na prática, que muitos servidores e suas famílias vão comer menos neste mês de agosto.

Infelizmente, ao escrever estas linhas, não faltam nomes e rostos no pensamento.

O que acontece em nossa prefeitura neste momento é desumano.

P.S.

A coluna de hoje já havia sido escrita quando recebemos nota assinada pelas servidoras Ana Paula Navega dos Santos e Gisele Busquet, justamente as duas que haviam sido convocadas a comparecer no plenário.

A nota é grande demais para que possa ser publicada na íntegra, nesta edição.

Mas traz posicionamentos técnicos que a coluna faz questão de publicar em oportunidade próxima.

Segue amanhã

Evidentemente teria sido muito melhor se este debate tivesse ocorrido no plenário.

Mas, se temos a oportunidade de publicar argumentos de ambas as partes neste espaço, então os leitores certamente não serão privados destas informações.

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