Transferência de votos

sábado, 11 de julho de 2020

Para pensar:
"Nada é perda de tempo se você usar a experiência sabiamente."
Auguste Rodin

Para refletir:
“Não se pode chamar realmente de língua ao idioma que não possui escritor.”
Pietro Bembo

Transferência de votos

A coluna tem convidado os leitores a reflexões a respeito da responsabilidade inerente ao ato de votar, sobretudo num cenário tão pulverizado e nivelado por baixo quanto o que temos atualmente, no qual os esforços viciados de sempre parecem perigosamente próximos de conseguir alcançar o patamar necessário à eleição de um prefeito.

E, a esse respeito, tanto a discreta visita do governador Wilson Witzel a Nova Friburgo na quinta-feira, 9, quanto a prisão de Edmar Santos, ex-secretário estadual de Saúde, no dia seguinte, nos fornecem um gancho que simplesmente não podemos desperdiçar.

Conveniência

O leitor provavelmente não precisa fazer muito esforço para se lembrar de políticos locais se esforçando por associar a própria imagem ao governo estadual, inclusive recentemente, quando teve início a construção do hospital de campanha.

Agora, no entanto, com processo de impeachment em andamento, e com inúmeras denúncias a respeito de possíveis irregularidades milionárias na gestão da Saúde, cada um fica no seu quadrado.

Vale tudo

Ao longo dos anos cobrindo política este colunista já testemunhou algumas gravações de propaganda eleitoral para a tevê, e pode assegurar aos leitores que muitos caciques por aí não têm qualquer pudor em gravar vídeos de apoio a completos desconhecidos, não apenas tratando-os como velhos amigos, mas inclusive fazendo promessas absolutamente levianas em seus nomes.

É ingenuidade demais acreditar em tudo o que se vê ou escuta, ainda mais quando a apelação é tão explícita.

Caronistas

Do mesmo modo, não são poucos os oportunistas sem brilho próprio que ficam o tempo todo monitorando o fluxo de votos para em seguida manifestarem apoio a qualquer coisa que tenha apelo popular, dizendo o que a maioria quer ouvir, sem necessariamente acreditar naquilo que é dito.

As eleições estaduais, em 2018, foram grande exemplo disso.

Alguns dos maiores adversários políticos do presidente da República na atualidade pegaram carona em sua popularidade naquela altura, e foram eleitos dessa maneira.

Quem ganha

As lições de tais episódios são bastante claras.

Um personagem até então desconhecido tornou-se governador do Rio de Janeiro simplesmente porque muitos se esqueceram que estavam votando em Wilson Witzel, e não em Jair Bolsonaro.

E hoje, quem fez isso é quem mais critica o Palácio Guanabara.

Desconfiem, portanto, de quem tentar demais colar imagem e transferir votos.

Porque esse jogo tem beneficiários muito claros.

Detalhando

Falamos brevemente acima a respeito da prisão do ex-secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, e agora cabe detalhar um pouco mais.

O ex-secretário foi preso na manhã de sexta-feira, 10, em sua casa.

O mandado de prisão foi cumprido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc), com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ) e da Delegacia Fazendária da Polícia Civil, em um desdobramento da Operação Mercadores do Caos.

Arresto

A Justiça determinou também o arresto de bens e valores de Edmar Santos até o valor de R$ 36.922.920, que, de acordo com o MP, é equivalente aos recursos públicos do Estado desviados em três contratos fraudados para aquisição dos equipamentos médicos durante a pandemia do novo coronavírus.

Outro lado

O secretário municipal de Educação, Marcelo Verly, enviou resposta aos comentários publicados recentemente a respeito da distribuição de cestas básicas a família de alunos da rede pública municipal de ensino.

Aspas

“Inobstante a complexa operação logística que envolve fazer chegar kits da agricultura familiar a milhares de alunos e famílias produzidos pelos excelentes produtores rurais de Nova Friburgo, os quais, diuturnamente, trabalham para que tenhamos alimento à mesa, bem como a natural perecibilidade dos itens que os compõem, temos recebido inúmeros relatos, vídeos e fotos atestando a qualidade do trabalho realizado. Problemas pontuais foram imediatamente detectados e medidas corretivas (como troca da abóbora por cenoura, melhor acondicionamento do tomate e maior distribuição no tempo das entregas às unidades educacionais) foram adotadas, com excelentes resultados.”

Segue

“Nossos agradecimentos ao setor de Nutrição da Secretaria Municipal de Educação, às nossas gestoras e servidores de unidades educacionais, aos produtores rurais que vêm se dedicando a tão importante tarefa e, em especial, às famílias que têm apresentado seus relatos agradecendo pela iniciativa desenvolvida.”

O secretário também compartilhou um link contendo imagens que fundamentam os relatos, mas o endereço é grande demais para que possa ser reproduzido neste espaço.

Na mosca

A charge do genial Silvério mais uma vez acertou na mosca em nossa capa deste fim de semana, ao chamar atenção para a importância da utilização de máscaras de barreira, e naturalmente da adoção de qualquer comportamento que possa aumentar o nível de proteção individual nesses tempos de pandemia.

De fato, por alguma razão que escapa à lógica, a flexibilização da quarentena vem se refletindo em considerável redução na utilização das máscaras, como se os níveis de ameaça tivessem diminuído, e não aumentado.

Consciência

Enfim, trata-se algo tão evidente, e pedimos desculpas a quem compreende isso naturalmente, mas infelizmente Brecht acertou na mosca ao apontar que vivemos tempos nos quais é preciso defender o óbvio.

Vamos lá, gente.

As consequências, tanto para a Saúde quanto para a Economia, têm sido pesadas demais...

Fala, leitor!

Dias atrás a coluna sugeriu a criação de um fundo para a aquisição de pequena parte da produção municipal de alimentos para distribuição entre famílias mais necessitadas, a partir de levantamentos feitos pela Secretaria de Assistência Social.

Pois bem, Ocimar Teixeira escreveu para informar que “há lei que permite isso. É o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA Institucional). É um recurso público que ajudará as duas pontas mais necessitadas: Os agricultores familiares com sua pequena produção e as famílias que estão em situação de insegurança alimentar. É dinheiro circulando na economia do município.”

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