Tendência

terça-feira, 16 de junho de 2020

Para pensar:
"Numa só semente de trigo há mais vida do que num montão de feno.”
Khalil Gibran

Para refletir:
“O amor não age com interesses; o egoísmo é falta de amor. O amor vive de dar e perdoar e o egoísmo vive de tomar e esquecer."
Sathya Sai Baba

Tendência

Em nossa edição do último fim de semana a coluna manifestou seu entendimento de que o Judiciário deve começar em breve a sinalizar alguma margem para flexibilização da quarentena, mas limitações de tempo e espaço não permitiram desenhar, naquela altura, uma mapa um pouco mais preciso do que já está se passando.

Hoje, com mais calma, podemos ampliar um pouco mais.

Exemplo

Um exemplo que parece ser relevante diz respeito ao pagamento de pensões alimentícias.

Neste momento o Judiciário tem em mãos um grande abacaxi para descascar, uma vez que muitos pais perderam o emprego ou a renda em decorrência da paralisação econômica, e subitamente se viram sem condições de honrar os pagamentos.

Todos sabemos que esse é o tipo de situação que frequentemente acaba redundando em reclusão, mas é evidente que em muitos dos casos relacionados à Covid isso não seria nem justo nem eficiente para resolver o problema.

E então, o que fazer?

Pior dos cenários

Parece evidente, a essa altura, que falhas cruciais, antes e durante o período de isolamento, condenaram o Brasil ao pior dos cenários.

O histórico de desvios e péssimas administrações nas três esferas de governo não permitiram o necessário acúmulo de gordura econômica para o enfrentamento adequado de um problema de tal magnitude, de modo que, desde o início, o Governo Federal se declarou incapaz de (ou indisposto a) financiar o isolamento que todos sabiam ser necessário.

Oportunidade perdida

A defesa de tal posicionamento, todavia, se deu de maneira absolutamente controversa, para dizer o mínimo, recorrendo ao negacionismo científico, a desrespeitos públicos a recomendações de especialistas, e ao acirramento da polarização.

Em resumo: perdemos uma oportunidade única de retomada do diálogo ou, que fosse, de direcionarmos as divergências a uma disputa producente em torno de qual grupo seria capaz de dar os melhores exemplos.

Casa de palha

Como resultado, fizemos um isolamento cheio de furos que não rendeu os frutos sanitários necessários, mas manifestou todos os seus efeitos colaterais sobre uma economia que não foi devidamente protegida.

Agora, começamos a retomar as atividades econômicas não porque o problema já foi devidamente superado, mas porque não parece mais haver meios para sustentar esse tipo de mobilização em meio ao cenário de esgotamento e descrença em que estamos mergulhados.

Infelizmente, o coronavírus encontrou o Brasil em meio a sintomas severos de alguma doença autoimune.

Pesquisa confiável

Felizmente, por outro lado, também há notícias boas, e elas nascem dos mananciais que jamais nos abandonaram.

Ricardo Fabbri, professor permanente de Engenharia da Computação do Instituto Politécnico da Uerj em Nova Friburgo, informa a coluna a respeito da elaboração de “um guia confiável a respeito de imunidade, resultado de uma extensa revisão bibliográfica junto a imunologistas e médicos, incluindo vitaminas, alimentos e pequenas medidas seguras que possam ajudar a reduzir as chances e o tempo de infecção pelo novo coronavírus.”

Aspas

“Escrevi o artigo com apoio de médicos e imunologistas. Mas, como não sou médico, me limitei a suplementos seguros e não falo de remédios de uso restrito. Participo de grupos emergenciais de pesquisa em Covid-19 da Uerj/UFF e UFRJ, e estamos continuamente submetendo projetos de pesquisa sobre imunologia computacional ao CNPq, Capes e Faperj.”

Método

“Para o guia fiz um levantamento em todos os papers da Nature, Cell, The Lancet e outras revistas centrais que saíram desde o início da pandemia, e recortei referências a esses suplementos. A primeira página foi escrita para ser útil a toda a população, e logo abaixo dela há os links para o meu Research ID  (Orcid) e o DOI para que não pareça fake news.

Compartilhei o artigo com alguns especialistas em detectar fake news e obtive impressão positiva. Tudo que é citado na primeira página é justificado com referências. Desta forma, não emiti opinião de saúde, apenas repasso, como um repórter.”

Raridade

Ricardo esclarece ainda que eventuais opiniões ou informações de menor confiabilidade aparecem discriminadas em cinza claro nas justificativas.

O guia pode ser visto através do seguinte D.O.I. (Digital Object Identifier): https://doi.org/10.5281/zenodo.3880105 .

Em meio a um volume tão grande de informações falsas ou duvidosas, ter entre nós pesquisadores sérios é como encontrar água fresca no meio do deserto.

Por falar nisso...

Ivan Napoleão, também professor titular do precioso IPRJ, é o solicitante de um projeto conjunto dos campi da Uerj e da UFF em Nova Friburgo que acaba de vencer edital emergencial da Faperj voltado a financiar pesquisas com potencial para combater os efeitos da Covid-19.

Em essência, o projeto trata da “evolução da indústria da moda, metal-mecânica e universidades de Nova Friburgo para o desenvolvimento e produção de EPIs e equipamentos odonto-médico-hospitalar no enfrentamento da Covid-19”.

Criatividade

Em meio aos obstáculos que se apresentam a todos nós nestes dias desafiadores, a criatividade para se reinventar parece uma característica crucial para a superação da crise econômica cujos efeitos apenas estamos começando a experimentar.

A esse respeito a coluna registra um exemplo bastante interessante, envolvendo o friburguense Victor Malhard Sayão.

Mais exemplos

Analista de sistemas, com atuação em TI e diversos cursos de especialização, Victor investiu os recursos de uma rescisão trabalhista na montagem de uma empresa, vejam só, de higienização e impermeabilização de estofados atuando por delivery, atendendo a lares, empresas e até mesmo veículos em nossa região.

O colunista torce para que o empreendimento dê certo, e abre espaço para registrar outros exemplos de criatividade que possam servir de estímulo a nossos empreendedores.

Certamente, precisaremos de muitas histórias como esta nos próximos anos.

Sem pressa

Hoje tem sessão na Câmara Municipal, e a ordem do dia traz a mesma dinâmica que tem marcado o mandato atual: enquanto os vereadores Isaque Demani e Cascão apresentam dois requerimentos de informação (a respeito do cumprimento da lei municipal 4.099/12 e das ações efetivadas pela Subsecretaria do Bem Estar Animal (Subea); e sobre a reforma do Centro Cultural César Guinle – antiga rodoviária urbana, respectivamente), o Executivo Municipal apresenta também dois requerimentos de dilação de prazo para envio de respostas a requerimentos aprovados anteriormente, propostos respectivamente por Johnny Maycon e Professor Pierre.

Insatisfatório

A rigor, tem sido sempre assim.

O plenário aprova os requerimentos, mas não conserva a unidade no momento de cobrar respostas satisfatórias, e dentro do prazo.

Toda essa dinâmica por vezes parece ganhar ares de encenação, e o resultado está longe de ser satisfatório ou demonstrar verdadeiro compromisso com a transparência.

Mais respostas

Pouco após o fechamento da edição do último fim de semana a coluna recebeu mais respostas ao desafio, enviadas por Manoel Pinto de Faria, Gilberto Éboli, Igor dos Santos e Lauro Éboli.

A eles os parabéns, e o agradecimento pela parceria de sempre.

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