Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Sem limites
Para pensar:
"Não se preocupe quando não for reconhecido, mas se esforce para ser digno de reconhecimento.”
Abraham Lincoln
Para refletir:
“Temos de ir à procura das pessoas, porque elas podem ter fome de pão ou de amizade.”
Madre Teresa de Calcutá
Sem limites
A gente cobre política diariamente, mas nunca deixa de se surpreender com as coisas que vê.
Em nossa edição passada falamos sobre a corrida eleitoral pelo comando do Legislativo, e sobre o empenho de alguns para fazer da Câmara Municipal um instrumento de chantagem e sabotagem ao prefeito eleito.
Mas a continuidade da apuração revela que os planos são mais amplos do que haviam parecido no primeiro momento.
Legislativo inchado
Passou despercebido, por exemplo, que o presidente da Câmara também pode, por suas próprias atribuições, responder pela nomeação de grande quantidade de servidores em seu ambiente administrativo, e naturalmente isso já está sendo utilizado como moeda de troca por quem pretende angariar votos entre os vereadores, muitos dos quais devendo empregos a quem trabalhou por suas respectivas eleições.
É nisso que dá eleger vereador em troca de favores pessoais, mas quem se submete a isso não se importa, não é mesmo?
Consciência
Aliás, se quisermos ser justos, não dá para culpar apenas o eleitor que ainda vê nas eleições uma oportunidade de faturar uns trocados, sem se dar conta de que se vender votos fosse bom negócio, político algum ia querer comprar.
Também já passou da hora de bons candidatos começarem a escolher as nominatas que irão integrar com um pouco mais de compromisso com a sociedade.
Afinal, fazer parte de uma nominata de cartas marcadas para a eleição de chantagistas serve apenas para direcionar votos confiados de maneira consciente a um terceiro que não é digno de recebê-los.
Do que nos livramos
E o que dizer sobre o candidato a prefeito que vem tomando parte nas reuniões de composição da próxima mesa diretora falando em nome dos vereadores eleitos pela coligação que o apoiou, como se tivesse total controle sobre eles?
Um comportamento de apropriação de poder muito mais coerente com os vídeos que foram divulgados durante a campanha e sempre tratados como “fora de contexto”, do que com a campanha em si.
Serve bem para ilustrar o tipo de risco que a cidade correu nessa última eleição.
E, claro, é no mínimo desrespeitoso para com a imagem de quem acabou de ser eleito.
Primeiro teste
O fato é que esta corrida eleitoral se apresenta como primeiro teste ao que se pode esperar da nova geração de vereadores.
Está nas mãos deles decidir se estão dispostos a comprometer a própria isenção e a governabilidade em razão de benefícios próprios, ou se vão renovar de fato o plenário e dar o devido respeito à confiança popular que os elegeu como representantes.
Se vão se submeter aos interesses de caciques, ou vão agir pelas próprias cabeças.
Que escolham com sabedoria, pois têm poder de decisão e uma longa carreira pela frente.
Parece justo?
Um amigo chama a atenção da coluna para uma situação para lá de bizarra.
O resultado final de nossas eleições indica que temos suplente para o plenário que não recebeu nenhum voto(!), nem mesmo o próprio, ao passo que temos candidato que recebeu mais de 930 votos e nem suplente é.
A intenção do legislador pode ter sido boa ao estabelecer a eleição proporcional, mas, em meio a tantos partidos sem qualquer fumaça ideológica, parece que os interesses de caciques estão se impondo demais à vontade popular nas eleições proporcionais, não concordam?
Reconhecimento
E já que falamos sobre justiça, parece necessário dedicar algumas palavras ao vereador Professor Pierre, que, ao longo do mandato que está se encerrando foi, sem sombra de dúvida, um dos mais atuantes vereadores do Brasil.
Este colunista é testemunha do quanto ele sacrificou sua vida particular ao longo dos últimos anos, incapaz de flexibilizar um comprometimento com a cidade e os interesses coletivos que lhe roubou muitas horas de sono e de convívio familiar.
Mesmo durante o período eleitoral, boa parte de seu tempo foi investido na conclusão de uma peça fiscalizatória de enorme escopo, que ainda há de ter profundas repercussões sobre a administração pública friburguense.
Produção
Ao longo dos últimos quatro anos seu gabinete produziu mais de três mil páginas entre relatorias de natureza legislativa e fiscalizatória, que incluem o novo Regimento Interno, a nova Lei Orgânica Municipal, e as diversas operações legislativas que reuniram denúncias muito bem fundamentadas sobre a gestão municipal.
O tipo de material que, caso contasse com a mesma atenção dedicada pelo Judiciário às esferas estadual e federal, já teria rendido consequências de alcance difícil de estimar.
Referência
De fato, este seu último mandato se consolida como referência do tipo de relevância que cada vereador pode alcançar, se estiver realmente disposto a trabalhar, sem cair nas armadilhas da popularidade fácil ou do tráfico de influências.
Que possa servir de exemplo ao sangue novo que chega para oxigenar o plenário a partir de 2021.
Revelador
Publicar este tipo de reconhecimento a personagem tão odiado no submundo de nossa política sempre rende ataques apaixonados e desqualificados em redes sociais.
Mas isso não é ruim não.
Ao contrário, é revelador.
Porque basta ver o tipo de gente que rosna a cada elogio feito a políticos sérios, para compreender o naipe das pessoas que tantas vezes viram seus planos frustrados através de sua atuação.
Apoio
Ao longo da semana passada a coluna recebeu centenas de mensagens de apoio.
Certamente mais de 300 e todas foram lidas com atenção.
Só nos resta agradecer a todos os que escreveram, todos os que frequentam este espaço, todos os que não negociam votos e, em meio a tanto veneno despejado em redes sociais, tanta mentira, tanta polarização e simplificações, ainda tentam ser razoáveis, justos e serenos.
Fundamental
Esse apoio é fundamental, como é fundamental que essas vozes sejam ouvidas, pois é muito fácil estabelecer o silêncio quando alguém fala sozinho.
E é muito fácil entender que tem gente querendo calar este espaço e este jornal.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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