Saudade?

terça-feira, 03 de março de 2020

Para pensar:

“O que eu falo é bem pensado. Não receio escaramuça. E que aceite a carapuça quem se sente melindrado.”

Noel Rosa

Para refletir:

“Toda decisão que você toma - toda decisão - não é uma decisão sobre o que você faz. É uma decisão sobre quem você é. Quando você vê isso, quando você entende isso, tudo muda. Você começa a ver a vida de um modo novo. Todos eventos, ocorrências, e situações se transformam em oportunidades para fazer o que você veio fazer aqui.”

Neale Donald Walsch

Saudade?

Após duas semanas de merecidas férias a coluna retorna para acompanhar nosso cotidiano em meio ao inevitável aquecimento de ânimos que antecede qualquer período eleitoral, e de forma ainda mais destacada quando envolve o âmbito municipal.

E então, deu tempo de sentir saudade deste espaço de convivência e troca de informações?

Pois é, ao se confrontar com esta pergunta, o colunista é obrigado a admitir que a saudade poderia ter sido maior.

Contra a maré

Evidentemente o suporte dos leitores é o que existe de mais precioso, e a certeza de se esforçar ao máximo todos os dias assegura a tão necessária realização profissional.

Mas, ainda assim, é muito triste ter de exercer o ofício num contexto em que o confrontamento se faz tão necessário, em que não se pode confiar nas boas intenções de muitos dos personagens principais, em que a distância entre discursos e atitudes é por vezes tão descarada e desavergonhada.

É cansativo, enfim, ter de remar continuamente contra a maré.

Isenção?

O próprio carnaval tem sido um bom exemplo disso.

Recentemente começaram a circular críticas e questionamentos a respeito dos serviços prestados pela empresa responsável pela estrutura dos festejos.

Mas quem é que está criticando?

Quais são as fontes primárias destas alegações?

Quais são seus interesses?

Contaminação

Porque ficou claro que a disputa pelo carnaval foi parcialmente encampada por grupos políticos, reforçando a sensação de que quem prova a maçã do dinheiro público tem dificuldades para tirar a fruta da dieta.

Pouco antes das férias a coluna havia manifestado seu estranhamento diante de alguns comportamentos suspeitos, e a continuidade da apuração indicou (várias fontes confiáveis) que algumas pessoas no Palácio Barão de Nova Friburgo tinham mesmo preferência clara por uma das empresas concorrentes.

Pé atrás

Portanto, antes de dar crédito ou compartilhar informações a esse respeito, vale a pena dar uma conferida na procedência.

Infelizmente, vivemos dias em Nova Friburgo nos quais é preciso desconfiar de quase tudo.

Contas

Outro assunto que tem ocupado muito espaço nos bastidores é a aguardada análise das contas da Prefeitura de Nova Friburgo relativas ao exercício de 2018, por parte do plenário municipal.

Pois bem, a previsão é de que a votação aconteça nesta quinta-feira, 5, e as perspectivas não são nada animadoras para o governo, que chegou a procurar auxílio externo para a elaboração de sua defesa.

Coerência (1)

De fato, para muitos vereadores, a sessão desta quinta deverá funcionar como um teste de coerência.

Afinal, na sessão do dia 20 de agosto de 2019, uma terça-feira, dez parlamentares aprovaram as contas relativas a 2017 - que haviam sido reprovadas pelo Ministério Público Especial - sob alegação de que o órgão balizador para este tipo de julgamento é o TCE-RJ, que na ocasião havia aprovado as contas, ainda que com ressalvas.

Coerência (2)

Bom, desta vez tanto o MPE quanto o TCE reprovaram as contas.

E tudo indica que o parecer da Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara Municipal seguirá na mesma linha.

Além disso, as primeiras indicações a respeito das contas de 2019 são ainda piores...

E agora? Será que o TCE vai continuar sendo uma referência tão válida quanto foi no passado?

Surto?

Tradicionalmente, em sessões nas quais vereadores comprometidos com o governo encontram dificuldades para justificar a contrapartida pelo assistencialismo que praticam, a frequência tende a ser menor.

Talvez por serem tão mal frequentadas, estas encruzilhadas da vida política parecem estar infestadas por toda sorte de gatilho para doenças temporariamente incapacitantes.

No ano passado, por exemplo, cinco cadeiras ficaram vazias durante a votação.

Justificadas ou não, eventuais ausências neste ano serão nominalmente registradas pela coluna.

Responsabilidade

E já que falamos em doenças, parece evidente que teremos de falar muito, e de forma aprofundada, a respeito do novo coronavírus, de sarampo e de dengue nos próximos dias.

O momento requer comprometimento e responsabilidade coletivos, e parte importante desse esforço reside no trato correto das informações.

É importante que ninguém passe adiante notícias que não tenham sido devidamente confirmadas e, da mesma forma, que as fontes oficiais sejam sempre rápidas e transparentes, a fim de esvaziar especulações.

Não chores por nós

Em sua edição de segunda-feira, 2, por exemplo, o periódico El Clarín, o principal da Argentina, dedicou espaço à morte, aqui em Nova Friburgo, de paciente, à época sob suspeita (posteriormente rejeitada), de ter contraído o Covid-19, e que dias antes havia visitado nossos hermanos num cruzeiro.

A coluna soube dessa publicação através de um leitor de A VOZ DA SERRA que está na Argentina.   

Naturalmente, essa notícia não teria chegado ao ponto de ser publicada se as causas da morte tivessem sido levantadas e divulgadas com maior celeridade.

Que sirva de exemplo para todos nós.

É hoje!

Bom, falamos muito sobre a sessão da próxima quinta-feira, 5, na Câmara de Vereadores, mas a reunião de hoje, 3, também deve reservar momentos de grande interesse à população.

Tão logo a pauta seja destrancada (com a apreciação de um projeto de mobilidade que parece bastante defasado) deve entrar na ordem do dia um requerimento de informação curto e direto, elaborado pelo vereador Professor Pierre a respeito da folha de pagamento da Saúde.

Por que não?

Esclarecimentos importantes tornaram-se necessários, e a coluna não consegue pensar em qualquer motivação razoável para que a solicitação do espelho das folhas dos últimos quatro meses, bem como a fundamentação legal do pagamento de cada uma das verbas que compõem o total das remunerações, não venham a ser aprovadas por um plenário que tem o dever de fiscalizar os atos do Executivo.

A experiência, no entanto, sugere que é bom esperar para ver.

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