Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Indústria eleitoral
Para pensar:
"Se teu cão passa fome, qualquer pessoa que oferecer um pedaço de comida consegue afastá-lo de ti.”
Provérbio árabe
Para refletir:
“Se você quer manter limpa a sua cidade, comece varrendo diante de sua casa.”
Provérbio chinês
Indústria eleitoral
Existem profissões e funções de grande importância cujos limites éticos parecem ser especialmente estreitos.
E que, por isso mesmo, muitas vezes servem de atalho para enriquecimentos ilícitos a quem eventualmente estiver disposto a cruzar suas fronteiras, tirando proveito pessoal de condutas nocivas à coletividade.
Exemplos de atividades que se enquadram nesta descrição não nos faltariam.
Pertinente
A poucos meses de uma nova eleição municipal, contudo, parece importante dedicar atenção a uma indústria que se esforça por ser invisível, por atuar da forma mais discreta e subliminar possível, e que agrega funções de enorme responsabilidade para o bom funcionamento do sistema democrático.
Estamos falando, é claro, da chamada “indústria eleitoral”.
Concorrência desleal
O cidadão médio provavelmente deve ter noção de que algumas pessoas ganham muito dinheiro na coordenação de campanhas, e que nem tudo neste jogo é bonito ou publicável.
Mas certamente não existe uma dimensão coletiva a respeito do que de fato acontece, ou da forma como a propensão de alguns para praticar o “vale tudo” acaba por contaminar toda a dinâmica eleitoral, tornando muito mais difícil a atuação de quem se dispõe a nadar contra a maré e a respeitar as regras do jogo.
Como deveria ser
Ora, seria fácil criticar o marketing político e o reduzir a um conjunto de práticas de convencimento e manipulação. E seria também injusto.
A bem da verdade é muito importante que os eleitores sejam dados a conhecer em detalhes as opções de que dispõem, tanto para o Executivo quanto para o Legislativo, inclusive dando o devido valor à apresentação dos grupos envolvidos.
E, claro, sem esconder aspectos que eventualmente não sejam os mais populares, mas que sejam importantes para compreender a essência de cada proposta.
A todo custo
Infelizmente, no entanto, existe muita gente ansiosa por “investir” pesado em campanhas, e muita gente disposta a tudo para morder fatias consideráveis deste bolo.
Nos bastidores, por exemplo, é comum ouvir a frase “campanha cara é aquela que não vence”, como forma de justificar os valores astronômicos cobrados por quem se especializou em “vencer eleições”, apelando para diversos expedientes condenáveis de convencimento, difamação e desinformação.
Naturalmente a frase também dá a entender que qualquer investimento em campanha poderá ser recuperado tão logo o poder seja alcançado.
Vacina
A atuação de tais profissionais é evidentemente nociva ao processo democrático e ajuda a explicar por que determinados parasitas seguem sendo eleitos, mandato após mandato.
Parece oportuno, portanto, que a população comece a desenvolver anticorpos para as estratégias empregadas, e trate de dar o devido valor à análise dos discursos, desconstruindo e questionando aquilo que lhe é apresentado.
Engenharia reversa
Vale observar, por exemplo, que muitos destes profissionais seguem um padrão de engenharia reversa, primeiro consultando a população a respeito de seus anseios, suas simpatias e antipatias, para, a partir destas informações, começar a construir um personagem fictício, populista, treinado para reverberar frases de efeito, reforçar estereótipos, fazer promessas vazias, tratar a todos como velhos conhecidos, apelar para a transferência de votos e dar destaque a temas polêmicos alheios à própria esfera de governo, enquanto uma rede de bajuladores os exulta em redes sociais e ataca seus adversários, sem que o político-financiador precise sujar as próprias mãos, ao menos publicamente.
Padrões
Por aqui, no passado recente tivemos experiências com notícias falsas publicadas em jornais de grande circulação, candidatos de aluguel, pesquisas com resultado encomendado, e, claro, muitas promessas falsas, meramente eleitoreiras, além de muita desinformação espalhada por comunicadores de aluguel.
É importante que o eleitor tenha em mente tais padrões a fim de reconhecer quem está disposto a tudo para vencer, inclusive porque quem mente para ter benefícios antes das eleições, certamente o fará após as eleições.
Mundo ideal
No mundo ideal, um profissional de marketing político não deveria jamais ser avaliado a respeito do resultado final das eleições, mas em relação ao quanto foi fiel às características de quem assessorou.
O quanto foi capaz de apresentar seu conjunto de propostas e seu perfil, sem descolar sua imagem pública daquilo que de fato representa, com o intuito mentiroso de que pareça se adequar às expectativas de uma maioria.
E, claro, no mundo ideal o eleitor saberia valorizar isso.
Quem vem?
A legislação eleitoral estabelece a descompatibilização do serviço público a pré-candidatos a cargos eletivos com três meses de antecipação à ida às urnas, e por isso mesmo a edição do último sábado, 15, do Diário Oficial eletrônico acaba sendo bastante reveladora a respeito de alguns dos nomes que estarão à disposição do eleitor na próxima votação.
De fato, estamos falando de quase 100 personagens!
Querem continuar
A lista é rica em rostos que recentemente estrearam na política ocupando cargos de primeiro e segundo escalões, além de vários candidatos que não se elegeram nas eleições passadas, mas tiveram as vidas mudadas a partir do momento em que foram aproveitados em cargos bem remunerados.
A leitura dessa lista é bastante recomendável, a quem tiver condições de acessar o Diário Eletrônico.
Comendadores
A Câmara Municipal não poderá realizar, em 2020, sua tradicional sessão solene para a entrega dos títulos de cidadania e da Comenda Barão de Nova Friburgo, maior honraria concedida por nossa municipalidade.
Mas a Covid-19 não impedirá que as homenagens sejam prestadas, e a coluna pode antecipar que os novos comendadores serão a diva Marly Pinel e o cirurgião e ginecologista Carlos Pecci.
A entrega das homenagens deve ocorrer no fim de setembro.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário