Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Bate papo
Para pensar:
"O mesmo sol que derrete a manteiga, endurece o barro.”
Provérbio indiano
Para refletir:
“Nunca ande por trilhas, pois assim só irá até onde outros já foram.”
Graham Bell
Bate papo
Se ontem, 15, a coluna abriu espaço para questões de utilidade (e responsabilidade) pública, hoje ela convida os amigos para uma conversa informal sobre alguns temas e comportamentos que demandam serenidade de nossa parte.
Sempre atual
O colunista sempre teve especial interesse pelo período histórico que compreende as origens (tantas vezes distorcidas) da Primeira Guerra Mundial e segue até o fim da pandemia de gripe de 1918.
Felizmente existem alguns livros excelentes dedicados a narrar vários dos episódios ocorridos neste intervalo, que de várias maneiras ajudaram a desenhar as bases do mundo como hoje o conhecemos.
Podemos recomendar alguns deles.
Sugestões
Quem quiser entender de fato o contexto do assassinato de Francisco Ferdinando, e a forma como o atentado teve sua narrativa alterada ao longo das décadas ao sabor dos propósitos mais variados - a começar pela própria declaração de guerra à Sérvia -, faria bem ao ler “O Gatilho”, do jornalista inglês Tim Butcher.
Por sua vez, o livro “Gripe”, de Gina Kolata, é leitura obrigatória para quem quiser saber mais sobre a terrível gripe erroneamente conhecida como “espanhola”, sobre a história das pandemias, e sobre o fascinante esforço da humanidade por recuperar o material genético do vírus de 1918, tantas décadas após o surto.
Bom investimento
A primeira destas sugestões infelizmente não foi publicada no Brasil, mas pode ser encontrada na internet, inclusive em português de Portugal. Já o segundo livro foi publicado por aqui, e não deve ser difícil de ser encontrado por um leitor interessado.
Naturalmente não se tratam de leituras fáceis, mas ambos recompensam fartamente o esforço do leitor por atravessar uma ou outra contextualização eventualmente demorada.
E antes que os amigos concluam que enlouquecemos de vez, permitam-nos reproduzir pequenos trechos do 1º capítulo de “Gripe”.
Aspas
“Os médicos do Exército tentaram de tudo para deter a epidemia. Inoculavam as tropas com vacinas feitas a partir das secreções dos corpos de pacientes ou da bactéria que eles achavam que causasse a doença. (...) No hospital Walter Reed, os soldados mascavam tabaco todo dia, acreditando que com isso afastariam a gripe. (...) O médico contou que as vacinas eram apenas uma ‘sopa’ feita de sangue e muco dos pacientes da gripe, filtrada para eliminar as células maiores e os detritos. Quando era injetada, o braço ficava horrivelmente dolorido. ‘ E todos pensavam que ela realmente fazia efeito’.”
Mudou muito?
Lendo estas linhas 102 anos depois, tudo soa muito atrasado, não?
Porém, se é fato que a comunidade científica aprendeu muito desde então, é igualmente verdade que a natureza humana permanece a mesma, e segue sujeita aos efeitos do medo, da desconfiança, das seduções propagandistas, e continua reagindo da mesma maneira num ambiente de extrema polarização.
Em 2020, como em 1918, não são poucas as pessoas buscando atalhos para o fim da pandemia, ou acreditando que a cura já existe e nos é escondida em razão de interesses inconfessáveis.
Roupa do rei
Dar crédito a tais teorias, contudo, implica aceitar a mais absoluta incompetência ou a total conivência de diversas pessoas próximas, que conhecemos há muito tempo, e cujo esforço por aprender os caminhos da biologia pudemos testemunhar.
Tais devaneios, a despeito dos conhecidos atos criminosos já cometidos pela indústria farmacêutica, só poderiam ser levados a sério num ambiente tão intoxicado quanto o que nos cerca atualmente.
De fato, qualquer análise isenta terá de reconhecer que, apesar dos pesados interesses infiltrados, o saldo da farmacologia ao longo dos tempos é extremamente positivo.
Atalhos
Certo, e por que falar sobre tudo isso agora?
Bom, porque a nossa Câmara Municipal tem apresentado algumas sugestões relacionadas ao combate à Covid-19, e entre elas está uma indicação legislativa que pressupõe a existência de um coquetel padrão para o tratamento da Covid-19.
Gente, a medicina aprendeu muito nos últimos seis meses, e está evidenciado que o vírus e os tratamentos experimentados até aqui exercem efeitos individualizados e distintos, em meio a muitas variáveis que ainda não foram devidamente isoladas.
Não existem atalhos.
Achismos
Há que se confiar no julgamento de quem estudou para isso e está na linha de frente, aprendendo na prática o comportamento daquilo que estamos enfrentando.
São muitos os registros históricos de problemas causados pelo ignorar de protocolos (leiam sobre a campanha de vacinação dos Estados Unidos em 1976, por exemplo), sob a justificativa de que não podemos esperar até que a ciência reconheça resultados conclusivos.
Achismos e politizações, nessa altura do campeonato, atrapalham muito mais do que ajudam.
Nossa parte
Se, em vez de seguirmos na busca por atalhos ou por indícios que “confirmem” aquilo em que estamos decididos a acreditar, estivéssemos comprometidos com os comportamentos que sabemos serem eficientes, certamente vidas e empregos estariam sendo economizados em larga escala.
Façamos, portanto, a nossa parte.
E deixemos que a ciência faça a dela.
Nas alturas
E já que estamos falando sobre a pandemia do novo coronavírus, a conceituada Prospect Magazine elaborou uma lista com o que considerou ser os 50 pensadores mundiais mais destacados na “era da Covid-19”.
A lista inclui gente do quilate do cultuado sociólogo e filósofo Jürgen Habermas, de 91 anos de idade, e também a friburguense Ilona Szabó de Carvalho, cujo trabalho é muito mais reconhecido pela comunidade internacional do que entre nós.
Em tempo...
A triagem para a eleição dos top 10 nesta lista está sendo feita por votação popular, na página da revista na internet.
Se alguém quiser participar, é só se manifestar por lá…
Reciclar
O leitor Fernando Teixeira, sempre preocupado com a questão ambiental, busca apoio da coluna para pedir pelo retorno das caçambas de lixo reciclável em nossa cidade.
A coluna registra a demanda, assumindo o compromisso de dar espaço à divulgação do retorno, caso venha a ser atendido pela concessionária responsável por esse serviço.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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