Balanço eleitoral

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Para pensar:
"Um estadista pensa nas próximas gerações, um populista pensa nas próximas eleições.”
James Freeman Clarke

Para refletir:
“O sucesso eventual do populismo depende de alimentar-se do fracasso e da miséria de muitos.”
Alessandro Loiola

Balanço eleitoral

Na reta final da campanha a coluna manifestou, por duas vezes, o entendimento de que ao menos quatro grupos representavam grandes riscos à população friburguense, a partir do histórico de alguns de seus integrantes mais destacados.

A boa notícia é que, quando a corrida afunilou, nenhum desses grupos brigou, de fato, pela vitória.

Menos mal

Ao que parece, o eleitor friburguense foi capaz de identificar as ciladas, as apelações, os comunicadores vendidos, e perceber que tinha gente disposta a tudo para comandar a prefeitura.

Ao menos no que diz respeito ao Executivo, apesar de todos os perigos de uma eleição que poderia ter sido definida com menos de 20 mil votos, os atalhos e o jogo sujo não preponderaram.

Fragilidade

Claro, muita gente talvez se sinta desconfortável com o fato de que, no patamar de votos em que os cargos se definiram, um grupo suficientemente grande e coeso, como é o caso da comunidade evangélica, teve a força necessária para determinar os rumos da campanha.

Certamente, num contexto menos fragmentado e pontuado por duas ou três fortes referências políticas, teriam sido necessários mais votos e a composição do eleitorado teria de ser um tanto mais diversificada, o que sempre é o ideal.

Memória

Basta, todavia, dar uma breve olhada nos grupos em disputa para perceber que a cidade não se livrou apenas de um governo com o qual jamais teve identificação, mas também de um bom punhado de alternativas que contavam justamente com a exasperação e o desespero do eleitor para espalhar desinformação, alimentar medos e preconceitos, interpretar estereótipos, fazer assistencialismo, confundir e tirar algum benefício do caos.

A cidade esteve perto sim de cavar mais alguns palmos no fundo do poço, e é de se esperar que Justiça faça agora a sua parte e a população não se esqueça de quem é quem.

Derrotados

De fato, não foram apenas grupos políticos que foram derrotados, mas todo um modo rasteiro de fazer política, baseado, sobretudo, em populismo barato e mentiras espalhadas por vozes de aluguel em redes sociais e grupos de WhatsApp.

De forma impiedosa as urnas mostraram que os elogios e ataques unilaterais promovidos sem cessar por essa turma - que vive tentando valorizar o próprio passe junto aos políticos que os financiam -, no fim das contas foram peso morto, fizeram muito pouca diferença.

Posicionamentos vendidos, no frigir dos ovos, possuem traços em comum.

Gratidão

Por outro lado, o jornal que tantos atacam, que “embrulha peixe”, com sua postura de não se vender e a isenção de quem dá espaço a críticas e notícias positivas conforme cada ato faça por merecer, goza da confiança de quem leva a própria opinião a sério e se torna obstáculo a quem é pago para aumentar o distanciamento entre aquilo que é feito e aquilo que é noticiado.

De fato, em meio a todos os ataques sofridos nesses últimos dias, as manifestações de apoio por parte dos leitores contam-se às centenas, bem como são numerosos e espontâneos os comentários em defesa do jornal em postagens difamatórias.

A todos os leitores que nos dão este respaldo, nosso muito obrigado.

Tônica

E é importante que todos saibam que essa deve ser a tônica dos próximos anos.

O prefeito eleito sinaliza a disposição para enfrentar esquemas longamente enraizados na administração municipal, seguindo em rota de colisão com interesses que certamente hão de revidar.

E sabemos que não faltam difamadores ansiosos por financiamento para que o ataquem, dizendo o que seus senhorios não poderiam falar publicamente.

A se confirmar tal expectativa, a difamação tende a ser intensa.

Em espera

Este colunista, por tudo o que viu nos últimos quatro anos, está dando um voto de confiança a Johnny Maycon e aguardando pelos fatos.

Se o novo prefeito mantiver a postura que adotou no Legislativo e realmente comprar essas brigas, cortar boquinhas, revisar contratos deficitários e enfrentar o toma lá dá cá, encontrará neste espaço o respaldo necessário.

Desnecessário dizer que, se tomar os rumos adotados por governos recentes, encontrará as mesmas críticas que seus antecessores encontraram.

A torcida, contudo, sempre foi e sempre será a favor.

Ler o momento

De todo modo, o importante é que o cidadão esteja atento, porque no fim das contas é o apoio popular que dará forças (ou não) a todo este enfrentamento.

A população quer realmente mudança e renovação?

Quer de verdade o fim de privilégios, de contratos suspeitos, da falta de transparência, de nomeações ou caminhos para furar filas?

Se sim, então o momento é de cobrar quem prometeu tudo isso, e também de lhe dar sugestões e o crédito necessário, prestando menos atenção a quem depende da perpetuação de políticos chantageáveis para que possa sobreviver.

Até qualquer dia

A coluna de hoje se encerra com uma nota muito triste, lamentando o falecimento do querido Padre Salomão.

Homem desprovido de qualquer interesse pessoal, qualquer vestígio de malícia ou ambição, que dedicou a vida inteiramente ao próximo, sempre feliz por servir.

Que privilégio o de quem teve oportunidade de conviver e aprender com ele, tanta sabedoria inata em sua simplicidade e seu silêncio, tanto exemplo a ser seguido.

Vá com Deus, querido amigo. E obrigado por tudo.

Já sentimos saudades.

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