Tem banco quebrando... busque suas garantias!

Gabriel Alves

Educação Financeira

Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

São tempos difíceis. Juros altos, risco global de recessão e inflação ainda fora de controle. Não é sem justificativas a busca por alocações de recursos em alternativas capazes de garantir a segurança do investidor e de seu patrimônio. O problema, entretanto, fica ainda maior quando o risco enfrentado é de crédito.

Faz algumas semanas, o caso era Lojas Americanas. Dessa vez, o “quebra quebra” está em instituições financeiras. Nesta semana, na mesma quarta-feira, foi a vez de BRK S.A. e Portocred S.A. – duas empresas do setor financeiro. Como é de costume para companhias do setor, a emissão de títulos para captação de recursos a fim de viabilizar suas operações era atividade comum das duas empresas e a relação entre investidor, banco/financeira e cliente funcionava como rotina operacional. O problema, portanto, começa quando agências de rating passam a considerar mais relevante o risco corrido por investidores que compram o título destes emissores em busca de remuneração pelo capital.

Para traduzir um pouco o que está sendo abordado aqui, vamos voltar um pouco e compreender ainda melhor o contexto. BRK e Portocred são instituições financeiras e, portanto, permitidas pelo Banco Central a emitirem títulos bBancários (como CDB, LCI e LCA, por exemplo) a fim de financiarem suas atividades. Após a emissão, investidores compram estes títulos em troca de remuneração financeira e o ciclo se encerra quando a instituição emitente recebe todos os compromissos acordados com seus clientes para obterem lucro com suas operações e, por fim, pagar a remuneração de seus investidores na data de vencimento de um título.

Mas e se, por acaso do destino, a instituição financeira não fizer boa gestão operacional de seus produtos e vir à falência? Bom, foi exatamente o que aconteceu. Depois de algumas fortes crises financeiras ao longo da história do setor bancário, o mundo parou para repensar sobre a necessidade de garantias para investimentos bancários e no Brasil não foi diferente. Aqui, em 1995 surge o Fundo Garantidor de Crédito; responsável por garantir liquidez de instituições inoperantes (em outras palavras, falidas ou em processo de recuperação judicial). Na época, a garantia era restrita a R$ 20 mil e muita coisa mudou desde então. Hoje, as garantias são outras e vão prover segurança ao seu patrimônio. A propósito, você tem investimentos em títulos de BRK S.A. e Portocred S.A.?

Se a resposta for positiva, é hora de recorrer ao FGC. Suas garantias estão limitadas a R$ 250 mil para cada uma das instituições. Portanto, caso tenha investimentos acima deste valor, infelizmente os prejuízos não serão cobertos. Ver bancos quebrando nos fazem repensar sobre a qualidade das alocações de nossa carteira de investimentos. Já conferiu a classificação de rating (risco de crédito) dos seus títulos bancários? Lembre-se sempre: apesar de existir o FGC, suas garantias ficam limitadas a R$ 1 milhão a cada quatro anos. Conhecer o risco de cada ativo traz segurança patrimonial. Use isso a seu favor!

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