R$1.045,00 – O que representa o salário mínimo?

Gabriel Alves

Educação Financeira

Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Muito! De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), é valor de referência para 49 milhões de pessoas. No Brasil (num estudo divulgado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD - em outubro de 2019), 60% dos trabalhadores recebiam menos de um salário mínimo em 2018. Na época, o mínimo estava em R$ 954, mas 54 milhões de brasileiros viviam com renda mensal de R$ 928 – vale a observação; no mesmo ano, o governo anunciava o menor reajuste desde 1995 e a inflação real superava o aumento salarial.

Em 2019, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão que realiza a PNAD, divulgou mais um estudo; dessa vez, acerca do trabalho informal. Chegando ao patamar recorde da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012, a população trabalhadora informal alcançou 41,3% - atingindo 38,68 milhões de brasileiros.

Ou ainda, um relatório da Organização Internacional do Trabalho apontou 12,1% como taxa de desemprego no Brasil. O cenário futuro não é animador: a previsão para 2023 e 2024 é e uma taxa de 11,5%. Resumindo em poucas palavras: o desemprego abre portas para o trabalho informal, que, por sua vez, impacta na remuneração dos trabalhadores; e se o aumento salarial não tem superado a inflação, um emprego não regulamentado acaba sendo afetado.

É melhor que desemprego? Concordo! Mas não é solução. A economia do país passa por momentos delicados, os últimos anos não têm sido fáceis. A população sem poder de consumo tem influência direta na economia e a recíproca é verdadeira. O ano de 2019 registrou a marca de 4,31% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice oficial de inflação, e mais uma vez chegou a vencer – momentaneamente – o reajuste salarial.

Uma Medida Provisória foi necessária para definir um salário mínimo em 2020 que superasse a inflação do ano anterior, alcançando um reajuste real de, aproximadamente, 0,4%. Contudo, para os cofres públicos, cada R$ 1 de aumento “extra” custará R$ 355 milhões; totalizando uma despesa adicional de R$ 2,13 bilhões.

Mas o que deve ser feito para que o investimento seja convertido em poder de consumo e reflita positivamente na economia? Aqui vem a importância da educação financeira. O primeiro passo é refletir e estudar sobre suas finanças. Está endividado? Comece a analisar possíveis formas de quitar ou amortizar suas parcelas. Analise as maiores taxas de juros – principalmente o Custo Efetivo Total (CET) – e comece pelas mais caras.

Um perfil comum de consumidor também é o “falso equilíbrio”; gastar o que ganha é arriscado e pode acarretar em dívidas graves sem o planejamento recomendado. Use o reajuste salarial para começar a construir sua reserva de emergências. Há recomendações de capital referente a seis meses de consumo; tempo que vai variar de acordo com suas singularidades, como a segurança do emprego, por exemplo.

Por fim, saiba como rentabilizar seu patrimônio; assunto do nosso encontro de semana que vem.

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