Orçamento de inflação (mais do mesmo, outra vez)

Gabriel Alves

Educação Financeira

Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.

sexta-feira, 06 de maio de 2022

De fato, a inflação vem mostrando a que veio. Por conta da maior oferta monetária, o dinheiro está cada vez mais barato e a consequência está sendo sentida por todos: aumento de preços. Você já calculou, na ponta do lápis, os reajustes do seu orçamento? Te garanto, se você é uma pessoa organizada financeiramente, conseguiu mapear a inflação setorizada para seu orçamento. Planejamento orçamentário ainda é a forma mais assertiva de performance financeira, vai te possibilitar identificar pontos específicos que demandam maior atenção e geram gargalos nos seus custos.

Contudo, apenas enxergar gastos torna-se insuficiente quando nos damos conta de que toda receita deve inflacionar junto com despesas a fim de possibilitar manutenção da qualidade de vida. Num contexto mais amplo – e não apenas direcionado a finanças pessoais e familiares –, possibilitar, também, segurança financeira (podendo se estender, inclusive, ao contexto comercial, por exemplo).

Mas, então, como encontrar solução em meio a tanta incerteza de inflação nesse cenário de difícil equilíbrio entre a relação receitas x custos? São duas, as principais vias de abordagem: orçamento e investimentos.

Orçamento – apesar de já ter sido bastante abordado, vale o reforço no mapeamento dos custos. Rever o consumo vai ser fundamental para readequar o preço da sua qualidade de vida à realidade aos seus recebimentos provisionados. Afinal, para a grande maioria da população, é mais simples reajustar gastos do que receitas. Contudo, caso seja uma possibilidade, busque – também – reajustes salariais ou novas fontes de renda para ampliar os horizontes de sua realidade financeira.

Investimentos – nesse momento, a ideia é proteger seu patrimônio da corrosão inflacionária. Com juros altos forçando o achatamento das curvas de inflação, é momento de atrelar sua carteira a indexadores de inflação. Busque títulos ligados ao IPCA e até mesmo IGPM: com uma boa taxa pré-fixada acompanhando os títulos, serão a sua garantia de ganho real. Dentro deste cenário, poucos investidores têm optado por tomar riscos desnecessários. Portanto, não se esqueça, se você tem experiência e certa sensibilidade aos movimentos de mercado, estamos perto de ter bons resultados com juros, então comece a se planejar para voltar a aproveitar Selic e CDI.

A propósito, trazendo à tona a ideia de mercados e política monetária, entramos em mais uma semana falando mais do mesmo – outra vez. Na última quarta-feira, 4, o Copom e a FOMC (comissões responsáveis pela estruturação de políticas monetárias correspondentes aos bancos centrais do Brasil e Estados Unidos da América, respectivamente) elevaram mais uma vez suas taxas de juros. Aqui, + 1,0% (chegando ao patamar de 11,75%); lá, + 0,5% (alcançando a faixa de 0,75% – 1,00%).

Nós já estamos acostumados com taxas de juros ao patamar atual. Apesar da verdadeira realidade – um pouco – preocupante acerca de níveis de inflação, nosso Banco Central tem ferramentas e experiência para lidar com o atual cenário. Tardou a tomar medidas efetivas, concordo, mas considerando o cenário fiscal (gastos da União, um grande risco) controlado é possível que nossa inflação se sinta pressionada a partir de agora.

Por outro lado, os Estados Unidos (e outros países desenvolvidos que precisaram, ou ainda precisarão, subir juros) estão, de fato, numa situação delicada. Nos EUA, especificamente, as expectativas de marcado são de outras quatro altas de +50 bps (0,5%) e, por fim, outra de + 25 bps (0,25%) chegando ao intervalo de 3,00% -3,25%.

Mais uma vez... Por aqui, mais do mesmo; por lá, novos grandes desafios!

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