O vírus não pode ser sua única preocupação

Gabriel Alves

Educação Financeira

Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Não foi rápido, pelo contrário; a liberação do auxílio só começou a ser efetuada a partir de quinta-feira, 9, aos primeiros beneficiados – seguindo a ordem de pagamento – do “Corona Voucher”. Já estamos vivendo a terceira semana de isolamento social e as medidas demoraram muito a acontecer. Boa parte dos trabalhadores informais perderam sua fonte de renda e dependem desse auxílio governamental para continuarem a administrar suas vidas com o mínimo de dignidade.

Entretanto, as preocupações não param por aí. Na última semana eu finalizei a coluna anunciando o que estaria por vir nesta edição, mas devido as circunstâncias abordarei um tema cuja necessidade de explanar conhecimento e informação fala mais alto.

 Ao passo que parte da população passa a ver uma luz no fim do túnel com este programa de injeção de capital na economia brasileira, pessoas de má índole veem – diante do contexto – oportunidades fraudulentas de extorquir dados de muitos cidadãos. Grupos de criminosos criaram aplicativos semelhantes ao da Caixa Econômica Federal (do auxílio) com o intuito de obter dados pessoais daqueles que caírem no golpe. Fique atento, se você se enquadra nos critérios para receber o auxílio e vai recorrer ao direito, confira em qual aplicativo está se cadastrando. Por via das dúvidas, o nome do aplicativo é “Caixa - Auxílio Emergencial” e tem como desenvolvedora do aplicativo a própria instituição.

Contudo, apesar deste fato infortúnio, não param por aí as preocupações em tempo de crise; nosso país viveu no passado uma péssima experiência com o congelamento das cadernetas de poupança e a preocupação vem novamente à tona. Se você recebeu alguma corrente do tipo ou ouviu falar sobre isso e se preocupou, pode ficar tranquilo: trata-se de mais uma fakenews e não vai acontecer desta vez.

Pense comigo, quando houve tal medida (o Plano Collor) durante o governo de Fernando Collor de Mello, o intuito era combater a inflação; o dinheiro existia, só precisava-se controlar os preços – e com isso a inflação. Na época, o planejamento se tornou um grande fracasso e o problema da hiperinflação no Brasil só foi solucionado em 1994 com o Plano Real durante o governo de Itamar Franco.

Hoje, não obstante, o problema é outro. A população não tem o dinheiro e a medida governamental a ser tomada é oposta: ao invés de congelar produtos financeiros, o que será feito é distribuir o dinheiro. Não há lógica econômica e nem amparo legal para haver uma medida como esta, afinal, anos depois foi aprovada a emenda constitucional 32/2001 que passou a vedar a edição de medida provisórias que visem “a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro”.

Ademais, tratando-se de fakenews fique atento a promoções absurdas e ofertas inacreditáveis. Estamos vivendo uma fase difícil demais para nos envolvermos em ainda mais problemas. Desconfie e se informe sobre tudo o que não transmite veracidade.

Se puder, fique em casa. Ajude a salvar vidas.

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