Não é um jogo, não há sorte ou azar

Gabriel Alves

Educação Financeira

Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Já parou para pensar no que acontece quando você abre sua conta em uma Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM) e tem acesso ao mercado de capitais? Ainda além, você já refletiu sobre o que acontece ao comprar ações de uma companhia listada neste mercado? Não é um jogo, não há sorte ou azar; ao se tornar acionista você passa a ser sócio de uma determinada empresa. Portanto, atente-se as suas decisões e selecione bons papéis (no mercado financeiro, um sinônimo para ações) para sua carteira de ativos. Pode parecer um conceito simples se você já está familiarizado com o ambiente financeiro, mas não é nada trivial. Então vamos começar do início.

Para tornar possível os negócios em mercados de bolsa, é necessário que empresas de infraestrutura de mercado financeiro exerçam atividades primordiais, como – de acordo com a própria bolsa de valores brasileira, a B3 – a “criação e administração de sistemas de negociação, compensação, liquidação, depósito e registro para todas as principais classes de ativos, desde ações e títulos de renda fixa corporativa até derivativos de moedas, operações estruturadas e taxas de juros e de commodities”.

É a partir desta base de infraestrutura que empresas encontram a possibilidade de negociar parte de seu capital social com investidores interessados em participar, como sócios, das atividades de determinadas companhias. Seja por afinidade com gestão, responsabilidade social e ambiental, capacidade de inovação e capacidade de geração de caixa, o investidor pode refletir seus princípios pessoais às escolhas de para onde direcionar seu capital. Esse é o mercado de bolsa: democrático, você pode possuir 0,0001% ou 20% (números ilustrativos) do quadro societário e colher os frutos desta escolha.

É por conta desse reflexo de princípios que eu gosto de brincar ao dizer que “investir é uma filosofia e você precisa encontrar a sua”. Eu, por exemplo, prezo demais pela capacidade dos controladores em gerir suas responsabilidades socioambientais: na minha opinião, é algo imprescindível, mas pode ser diferente para você e basta encontrar seu propósito.

Contudo, não param por aí os desafios ao escolher uma empresa para o seu portfólio de ações; independente da missão que carreguem, empresas precisam ser lucrativas para se manterem competitivas em meio a competição de mercado e é agora que entra a análise fundamentalista de um papel (no início da coluna já definimos o que a expressão significa, lembra?). Conteúdo extenso, talvez vire tema para um próximo texto, mas vamos nos ater a princípios simples, porém fundamentais, para entender ainda mais o que acontece quando você compra uma ação na bolsa de valores.

O primeiro passo é entender o modelo de negócio da companhia e concluir se é ou não efetivo – ou minimamente promissor. Feito isso, chegou a hora de definir o preço justo a pagar por ação e alguns indicadores financeiros podem ajudar: preço/lucro; preço/valor patrimonial; preço/vendas; Ebitda (Lajida); DY; e, entre muitos outros, o ROE.

Percebem como investir em ações não é apostar num código que seu amigo falou numa conversa informal? É algo bastante complexo, mas que com o conhecimento e acompanhamento certos pode ser o grande agente de mudança para o futuro das suas finanças pessoais.

Portanto, não aposte; invista! Pense nisso.

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