A estratégia para superar dificuldades e aproveitar oportunidades

Gabriel Alves

Educação Financeira

Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Muitos amigos e clientes esperam de mim um toque sobrenatural capaz de realizar previsões sobre o futuro da economia e dos investimentos. Costumo levar na brincadeira e a resposta é simples: “a única previsão ao meu alcance é que em algum momento haverá desespero: as ações vão cair e as dificuldades financeiras surgirão.” Há sempre muito espanto ao ouvirem minha resposta, mas – de fato – é a única previsibilidade ao alcance de quem (ainda) não possui superpoderes. O grande ponto de toda essa introdução é alertar para as incertezas do futuro; até podemos especular – “dar um chute” –, mas nunca teremos a certeza do que nos aguarda e é exatamente esse o motivo de estarmos preparados para o que der e vier. Como? Com reserva em caixa.

A definição de Reserva de Emergência e Oportunidades traz justamente a amplitude das incertezas; nunca saberemos quando vamos usá-la, mas chegando o momento seremos gratos – a nós mesmos – por tê-la como recurso. Hoje, como prometido na última semana, vamos elucidar algumas estratégias para você iniciar a construção das suas reservas e poder se beneficiar dessa escolha diante das surpresas do futuro. De antemão, vale ressaltar que não será fácil. Contudo é a escolha capaz de tornar-se um divisor de águas entre a prosperidade e a desordem financeira.

1º passo – conhecer suas finanças - Já mapeou suas despesas? A primeira etapa desta jornada conta com o seu esforço em anotar gastos, fazer levantamentos e calcular seu (ou de sua família) custo de vida médio mensal. Esse é o primeiro dado a ser coletado para efetuar suas contas no 3° passo.

2º passo – entender a segurança da sua realidade - Concorda comigo que a instabilidade de um profissional autônomo é muito maior que a de um servidor público concursado? Esta instabilidade vai refletir diretamente no tempo necessário para que sua reserva seja capaz de suprir suas necessidades e manter a qualidade de vida (ainda que sem nenhuma geração de receita). Portanto, defina o tempo que julga ser necessário para a sua realidade. Alguns especialistas em finanças pessoais costumam definir um padrão de seis meses como parâmetro para uma Reserva de Emergência. Contudo, como assessor de investimentos, eu prefiro ampliar este parâmetro: dependendo da singularidade de cada pessoa e contexto familiar, o prazo de abrangência desta reserva pode variar de três a nove meses.

3º passo – calcular o valor da reserva - Agora, é hora de fazermos as contas: Valor da Reserva = Custo de Vida Mensal x Tempo de Abrangência. Num exemplo simples, uma família com custo de vida de R$ 5 mil definiu que o tempo necessário de segurança com a reserva é de seis meses. Portanto, o valor da Reserva de Emergência é de R$ 30 mil.

4º passo – alocação da reserva - Longe de ser menos importante, é fundamental saber onde alocar sua reserva. Opte sempre por produtos financeiros de alta liquidez (de preferência imediata ou, no máximo D+2), com rentabilidade suficiente para suprir a inflação (rentabilidade alta não é o foco aqui) e baixa volatilidade (você não pode resgatar menos do que investiu para esta reserva). Para facilitar a interpretação, títulos públicos e fundos referenciados DI podem ser boas opções de alocação para a sua Reserva de Emergência e seu assessor ou consultor pode te auxiliar a tomar a melhor decisão.

Por fim, vale lembrar, também, que essa reserva pode ser utilizada em caso de grandes oportunidades que surjam no futuro, mas nunca comprometa-a completamente e recomponha-a o mais breve possível. Afinal, emergências podem surgir a qualquer momento e nenhum de nós é capaz de prever o que ainda está por vir.

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