Dia lindo, ativos valorizando! Ou: como suportar perdas

Gabriel Alves

Educação Financeira

Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.

quinta-feira, 26 de março de 2020

 

Intitulei esta coluna logo antes de começar o texto; enquanto olho minha tela com a listagem de ações que compõem o Índice Bovespa, meu rosto está esverdeado pelo reflexo de tantas altas no dia.

 Agora, 25 de março – enquanto vos escrevo esta coluna – com o mercado já fechado, apenas três ações do Ibovespa finalizaram o dia em queda. Ao todo, são 73 ações de diferentes empresas que formam a carteira teórica do Ibovespa no quadrimestre de janeiro a abril deste ano. Ou seja, 70 ações valorizaram no dia de hoje. A propósito, o índice fechou o dia em alta de 7,50%; com destaque para GolL4 com a maior valorização (+37,65%) e CRFB3 com a maior desvalorização (-4,22%).

Identificou o grande problema do parágrafo anterior? Não lhe dei nenhum parâmetro comparativo extraordinário para saber se tal cenário é bom ou ruim. O Ibovespa está agora (claro, não estará no mesmo patamar enquanto estiver fazendo sua leitura) em 74.955,57 pontos, valor muito abaixo de seu topo histórico. No dia 23 de janeiro o Brasil comemorava mais um recorde de máxima, aos 119.527,63; exatos dois meses depois, no dia 23 de março, o Brasil se assustava com grandes quedas consecutivas e o gráfico do índice alcançava seu fundo com 62.502,43 pontos, somando uma queda total de - 47,71%. Vê agora como um cenário a parte não reflete o panorama geral? É necessário, sempre, afastar-se do que vê para analisar o contexto.

Voltando a comentar o título, poderia ser completo oposto se eu escrevesse sobre este tema durante a semana passada (e talvez não faça sentido se esta edição fosse publicada no jornal impresso desta sexta-feira, 27). Isso é reflexo da volatilidade do mercado financeiro. 

Mas, então, o que fazer diante de tanta oscilação?

Antes de mais nada, vamos aos termos: essa oscilação é determinada pela volatilidade de que tanto falo: é a medida estatística calculada entre frequência e a intensidade das oscilações de preço de um ativo. Logo, quanto maior a volatilidade, maiores são as variações de preço de uma determinada ação.

Entendido o que é a volatilidade, precisamos saber se você está disposto a ela. Para isso, existe um protocolo a ser estudado em cada investidor para identificar seu perfil e evidenciar sua disponibilidade e vontade de exposição à volatilidade.

Existem, basicamente, três tipos de investidor, e é sobre o arrojado – o com maior apetite à volatilidade e, com isso, à rentabilidade – que vamos falar hoje. Se você se considera deste perfil, precisa entender: num surto pandêmico de coronavírus, seus R$ 119.527,63 investidos em Bova11 (fundo replicador do Ibovespa) virariam R$ 62.502,43 em dois meses e seu estômago precisaria aguentar passar por isso. Costumo dizer aos meus clientes: o prejuízo só existe quando você finaliza suas posições; enquanto não o faz, são números que precisam ser recuperados. E, de fato, crises passam, economias voltam a se recuperar e, mais cedo ou mais tarde, voltará aos três dígitos e passará a ter R$ 150 mil.

Contudo, o investidor disposto ao investimento em ações precisa ter algum conhecimento ou, se não for um apaixonado pelo conhecimento financeiro, suporte profissional para minimizar as perdas e potencializar os ganhos. Existem proteções para fugir de tanta volatilidade e, ainda assim, ser um investidor arrojado.

Por fim, como reagir ao mercado em baixa?

Saiba que é uma ótima oportunidade de aumentar suas posições em participações acionárias. As empresas precisam de você (quando adquire ações de uma determinada empresa, você se torna sócio desta), as ações vão estar com o preço abaixo do valor de mercado e com grande potencial de valorização.

Atente-se para uma dica importante: não é por estar barata que a ação é uma oportunidade. Em tempos como os de agora, analise os dados da empresa. Estude se é um setor pouco impactado pela crise, confira os valores de suas dívidas e o caixa líquido; estes, entre alguns outros, são indicadores fundamentalistas essenciais para identificar boas oportunidades.

A renda variável é assim, confira os gráficos: “sobe caindo”. Por isso, respeite seu perfil de investidor e planeje sua carteira com auxílio profissional.

Gabriel Alves é consultor financeiro.        

 

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