Setembro Amarelo: a autoimagem atrelada às mídias sociais

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quinta-feira, 02 de setembro de 2021

Inseguranças relacionadas ao corpo, altas cobranças acadêmicas, redes sociais que expõem realidades inalcançáveis, necessidade de estarem superpreparados em um mercado de trabalho ultraconcorrido, baixas expectativas salariais em seus empregos, custo elevadíssimo de vida e medo de frustrações são apenas alguns dos gatilhos que tanto afetam as pessoas atualmente.

Setembro é o mês conhecido pela campanha mundial de luta contra suicídio e de conscientização sobre a depressão. O assunto que outro dia já foi um tabu ganhou espaço de voz na sociedade, contudo ainda enfrenta grandes dificuldades por conta de preconceito, na busca por ajuda e na identificação dos sinais.  

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ocupa a primeira posição no ranking internacional de pessoas com ansiedade, contando com quase 19 milhões de brasileiros afetados por esse problema, quase 10% da população brasileira.

O dilema gerado pelas redes sociais  

Quem, nos dias de hoje, não está conectado? Bom... quase todo mundo possui uma conta em uma rede social, que é um grande facilitador na vida de muita gente, pelo dinamismo nas comunicações e pela velocidade de informação. Contudo, as mesmas têm trazido problemas para muitas pessoas.

Em se tratando do universo virtual é fácil notar o bombardeio e a glamorização de realidades que muitas vezes não correspondem à normalidade padrão. Não é difícil abrir o seu instagram e achar uma foto de uma pessoa, que com o uso em abuso de filtros e aplicativos, mostram o corpo perfeito que recebe seus milhares de likes e os elogios de muitas pessoas desconhecidas.

Contudo, é preciso entender que nem tudo que está nas mídias sociais é de fato real. Estudos recentes no campo da psiquiatria e da psicologia têm demonstrado que os casos de depressão e ansiedade têm sido diretamente afetados pelas redes virtuais, sendo os mais vulneráveis, as crianças e os adolescentes.

A cobrança em sempre querer aparentar o melhor de si na rede social tem trazido efeitos negativos na vida real. Não é a toa que o Brasil ocupa o maior índice mundial de cirurgias plásticas, conseguindo uma marca de 97 mil cirurgias realizadas em pessoas antes mesmo de alcançarem a maioridade, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgias Plásticas (SBCP).

Docente do curso de Psicologia na Estácio de Sá, mestra pela PUC-RJ e psicanalista, Natália Amêndola Santos, relata que pesquisadores apontam para um impacto negativo do uso excessivo das redes sociais em relação ao aspecto emocional, uma vez que intensifica as formas de ansiedade, podendo desencadear um processo depressivo.

“Entretanto, não podemos deixar de considerar que existem diversas formas de utilizar as redes. O importante, neste caso, é refletir e avaliar a relação que se tem se estabelecido e qual é o uso que se faz das redes sociais. Esse critério é fundamental para compreender se esta interação tem afetado negativamente o usuário.”

O fato é que todos nós somos únicos e precisamos entender o motivo em nos compararmos tanto com os outros. Comparações negativas são um passo para infelicidade, visto que nos fazem sentir inferiores e injustos com nós mesmos. É fundamental buscarmos o equilíbrio entre o uso das redes e o bem-estar.

A depressão e a ansiedade vêm sendo desmitificadas também nas diferentes camadas da sociedade, sendo compreendida como algo relativamente comum. Se você conhece alguém que precisa de ajuda, busque suporte profissional através de um psicólogo. Ligue ainda para o 188 e fale com Centro de Valorização da Vida.

O Setembro Amarelo pode salvar vidas e você não está sozinho!

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