Precisamos enxergar o turismo como negócio

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quarta-feira, 09 de novembro de 2022

Os dados não mentem. O turismo, assim como o setor de eventos, foi um dos setores mais afetados pelas restrições adotadas no ápice da pandemia da Covid-19. A necessidade do isolamento social para conter a doença e as dificuldades financeiras das familias contribuíram com os prejuízos do setor.

É um comportamento esperado e normal em momentos de crise. Despesas com viagem e lazer são as primeiras da lista a serem cortadas dos orçamentos familiares nos períodos de dificuldades econômicas. E a retomada, por mais que ensaiemos uma tentiva de retorno à normalidade como conhecíamos, não é facil e está cercada de desafios.

A importância do turismo para o desenvolvimento da economia ainda é pouco compreendida no Brasil. Os números demonstram em determinados aspectos que o país ainda peca, e há pouco tempo, ocupava a 129ª posição no ranking de Competitividade de Viagens e Turismo do Fórum Econômico Mundial em um relatório que avaliou 136 países diferentes.

Infelizmente, um país como o nosso de grandezas continentais, lugares paradisíacos e com a beleza sem igual, ainda ‘patina’ na busca de um planejamento sólido e eficaz para o setor, que não é visto como prioritário. O que é uma pena e um disperdício do nosso potencial econômico.

 Acelerando com o pé no freio

A demanda pelo turismo, no entanto, não desaparece. Tão logo pessoas e empresas recuperam um mínimo de confiança financeira, ressurge o anseio humano – e a necessidade profissional – por novos ares, novas ideias, novos destinos para desbravar. E não à toa, o setor tem reagido ”positivamente” no período pós-Covid.

Desde o início da pandemia, o setor conseguiu alcançar resultados parecidos ao de 2019, segundo o IBGE e a Confederação Nacional do Comércio. Todavia, a retomada à pleno vapor tem sido freada pelos entraves da alta das passagens aéreas, seguida da inflação e pelo custo da gasolina. Apesar do olhar otimista para o futuro, o turismo ainda acumula um prejuízo na casa do R$ 515 milhões no país.

Turismo acelerado: benefício geral

Fato é que o turismo, desde que bem trabalhado, pode ser uma excelente fonte de renda para o municípios e todos seus habitantes. Os setores de passeios, hospedagem, não são os únicos beneficiários. Em geral, bares, restaurantes e comércio também saem ganhando com o fluxo de amantes da viagem.

Para Aiã Reis, um dos organizadores dos Jogos Universitários Friburguenses (Junfri), os benefícios se estendem alem da prática desportiva, da geração de empregos e ao evento, mas atingem positivamente a toda a população friburguense, direta e indiretamente.

”O Junfri existe desde 2009 com a chancela do saudoso Felipe Malhard. Temos a honra de receber milhares de universitários em nossa cidade. São quase 2.500 pessoas diretamente ligadas ao evento, trabalhando ou nos visitando, durante quatro dias. Além disso, é sempre importante lembrar que as pessoas que vem de fora, se alimentam, se hospedam, pegam táxis, aplicativos de transporte, compram roupas e injetam dinheiro na nossa cidade, tanto no evento como fora”, observa Aiã.

Do mesmo modo, a cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, fechou bons negócios na seara do turismo reunindo congressos, simpósios e conferências. Os eventos deste tipo cresceram 490% na cidade, em comparação com 2021. O segmento gerou mais de US$ 217 milhões (aproximadamente R$ 1 bilhão) à economia da capital fluminense entre janeiro e outubro de 2022.

 Todas as atividades turísticas são importantes para o desenvolvimento social e econômico das cidades e da população. Os hoteleiros, empregam mais gente e alavancam a produção de produtos que hoteis demandam. O comércio ganha fôlego, com os viajantes que adoram lembrancinhas, doces e experimentar a gastronomia local. E a população se envolve na revitalização de espaços antes mal aproveitados, que passam a oferecer entretenimento.

Os pontos turísticos tornam-se motivo de orgulho para os nossos habitantes que aproveitam as oportunidades de descanso, lazer e sobretudo, de investimentos. Ou seja, empregos. Mais dinheiro circulando na cidade, melhorias, enriquecimento da população... negócios!  

Em busca da plena recuperação do setor e ares de esperança nos tempos futuros, precisamos olhar com um carinho especial para esse segmento. Façamos mais festas da cerveja – que foi um sucesso -, sediemos mais congressos em nossa cidade, exploremos mais o nosso turismo radical e ecológico. Até porque, como muitos dizem e eu reafirmo, temos muito mais potencial turístico do que muitas cidades famosas do Sul. 

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