A guerra que já devia ter acabado

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quinta-feira, 03 de março de 2022

A vida rotineira de algumas cidades ucranianas, deu lugar à um cenário de destruição, abandono e guerrilha. A população civil que há duas semanas, levava seus filhos à escola, trabalhava e saía para se divertir, hoje, põe a mão em armas, confecciona coquetéis molotov e resiste contra o grande poderio bélico russo.

Na última quinta-feira, 23 de fevereiro, a Rússia, à comando de Vladimir Putin, tropas e equipamentos militares avançaram pela fronteira com a Ucrânia e, logo ao amanhecer, iniciaram-se os bombardeios com o objetivo principal de tomar a capital, Kiev. Tanques de guerra, caminhões com soldados, caças de última geração e mísseis de alta precisão não foram suficientes na empreitada e o presidente russo, não pensa em recuar e aumenta as ameaças.

Russos e ucranianos fizeram o conflito escalar da força e intensidade de destruição em terra até aos cyberataques, o que muitos chamam de “guerra hibrida”. Hackers, nas guerras atuais, são parte integral das ofensivas que visam desmantelar a infraestrutura e os meios de comunicação e tem sido usados em massa por ambos os lados.

Os ataques hackers possuem efeitos devastadores e podem mudar o curso da guerra. Como exemplo, em 2017, o maior ciberataque da história, nomeado “NotPetya”, prejudicou 80% do funcionamento da Ucrânia, que culminou no desligamento, por várias horas, do sistema de monitoramento de radiação da em Chernobyl. Os Estados Unidos e a Inglaterra acusaram formamente os russos, que sempre negaram qualquer responsabilidade.

A agilidade das notícias, vídeos e fotos por meio das redes nos fazem acompanhar esse conflito quase que em tempo real. E nós, como meros mortais, nos chocamos e lamentamos, cada dia mais, pelas vidas inocentes perdidas à cada minuto dessa guerra.

A guerra fora dos campos de batalha

Além da frustração russa nos campos de batalha no leste europeu, o país tem sofrido pressões externas e é ainda mais afetado por estar isolado da geopolítica internacional. Algumas das potências econômicas mundiais, aliadas à Otan – organização militar com 30 países - pressionam economicamente a Rússia, ao ponto de os danos econômicos sejam tão consideráveis que façam o Kremlin cessar os ataques.

Na prática, as sanções têm como objetivo principal enfraquecer a economia e a moral russa, deixando o país sem dinheiro para comprar armas e gerando perda do apoio da população. Desde a invasão do território vizinho, aumentou o número de empresas que começaram a fugir do país ou suspender seus serviços, motivados pelas duras sanções econômicas.

Até agora, mais de 30 grandes empresas já deram adeus à Rússia, dentre elas, empresas de tecnologia (Apple), fabricantes de avião (Boeing e Airbus), montadoras de automóveis, transporte marítimo e companhias alimentícias. Ao menos cinco petroleiras já encerraram suas operações no país, que é o terceiro maior produtor de petróleo e tem parte significativa do seu PIB atrelada aos combustíveis.

Nos esportes, o Comitê Olímpico Internacional anunciou uma série de medidas restritivas para a participação de equipes russas nos seus eventos, como repúdio às invasões. Mais tarde, a Fifa e a Uefa – confederação dos times europeus - anunciaram a decisão pela suspensão do país na participação dos maiores torneios esportivos do mundo, a Copa do Mundo e a Champions League.

Os Estados Unidos e a União Europeia cortaram a conexão dos seus sistemas financeiros com o banco central russo, que possui dinheiro em reservas no exterior. Dessa forma, estima-se que a Rússia esteja impedida de usar um montante de U$ 630 bilhões, o que faz sua moeda perder cada dia mais poder.

Hoje, o rublo-russo, moeda nacional, atinge a menor cotação histórica desvalorizada ao ponto de alcançar o valor mínimo histórico e a crise interna bate às portas e as geladeiras russas.

Há o temor de guerra nuclear?

Em meio à frustração e ao insucesso, em todas as frentes de guerra, Vladimir Putin e seus ministros ameaçam que, caso as sanções econômicas não cessem, a única alternativa será uma guerra nuclear com potencial destrutivo nunca visto.

Dentre todo arsenal atômico do mundo, 90% dos armamentos encontram-se em poder dos russos e dos americanos. Uma eventual guerra com ogivas nucleares, certamente, poderia por fim à humanidade no planeta e isso não se trata nem de uma questão teórica, é a realidade.

Segundo especialistas em guerra, os russos somente usam da ameaça para intimidarem. Entendem que uma guerra nuclear colocaria os países participantes em um cenário chamado de “destruição mútua e assegurada”, culminando na devastação completa do país atacante e do defensor. Contudo, alertam, que é importante lembrarmos que quando pensamos em Vladimir Putin, não podemos dizer que “ele nunca faria isso”.

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