Como uma nova guerra nos afeta

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Nas últimas semanas, a Rússia buscou reunir soldados ao longo da fronteira com a Ucrânia, em um ato que poderá causar uma nova grande guerra dentro da era moderna. O presidente russo, Vladimir Putin, moveu tropas e equipamentos militares para a fronteira, enquanto a Ucrânia, na última quarta-feira, 23, convocou reservistas para  se juntarem ao exército.

Um conflito histórico

O que hoje são países independentes, como a Rússia, Ucrânia, Moldávia e outros do leste europeu, formaram, durante 69 anos, uma grande republica chamada União Soviética. Apesar do seu fim, em 1991, muitas tensões ainda perduraram na região, seja entre países ou conflitos internos, causadas por motivos étnicos, econômicos, territoriais e acima de tudo, políticos.

O processo histórico de formação do território da Ucrânia teve muita importância na época em que integrava URSS, momento em que anexou diversos territórios e aumentou ainda mais o seu espaço de ocupação. A longa relação entre Rússia e Ucrânia, trouxe muita influência na composição da população e da cultura de muitas regiões ucranianas, que, por exemplo, só falam russo.

Em 2014, as tensões aumentaram após o impeachment do presidente ucraniano, pró-Rússia, Vitor Yanukovych, resultando na retomada do território da Criméia, – dado à Ucrânia em 1954 – local de uma importante base naval russa. Como desdobramento, o governo ucraniano, ensaiava aliar-se à Otan, maior organização militar do mundo composta por 30 países - dentre eles: EUA, França, Reino Unido –, mas que possui interesses contrários ao Kremlin.

Por que a Rússia quer invadir a Ucrânia?

Putin insiste em dizer que a Ucrânia é fundamentalmente parte cultural e histórica da Rússia e que as tentativas do país rival integrar à Otan são uma ameaça existencial ao seu país. Apesar de ser o terceiro maior produtor de petróleo e o segundo maior produtor de gás do mundo, produtos extremamente importantes para sua economia, territorialmente, a Rússia depende há décadas dos oleodutos que passam exatamente pela Ucrânia para bombear gás natural para clientes na Europa, pagando bilhões de dólares por ano em taxas de trânsito para os ucranianos.

A aproximação militar da Ucrânia com os países ocidentais trás temor aos russos, que por sua vez, sempre se utilizaram de seus gasodutos como uma ferramenta para barganhar favores, já que são essenciais para abastecer os europeus durante o inverno.  

Dado esse barril de pólvora, tudo o que era necessário, era um motivo, e agora, existe. A região de Donetsk e Luhansk, palcos dos conflitos atuais, apesar de pertencerem à Ucrânia, tem sua população falando majoritariamente o idioma russo, o que gera o levante de vários grupos separatistas, apoiados pelo Kremlin.

A Rússia reconheceu as regiões como independentes, contudo tal afirmativa não é aceita pelos outros países, põe o mundo na eminência de uma guerra. Nos bastidores, Estados Unidos, Alemanha, França, China pressionam e aumentam ainda mais o conflito, que pode se tornar uma ameaça global.

Como isso nos afeta?

Um eventual conflito armado trará repercussões gigantescas à todo planeta, e a nós brasileiros, mesmo que estejamos do outro lado do mundo. Uma guerra somente entre os dois países, já traria muitos danos à economia do planeta, contudo a participação das maiores potenciais mundiais, pode trazer uma crise humanitária ainda maior, com muitas mortes, crises de refugiados, uso de armamentos atômicos etc.

Inflação, a falta de abastecimento de alimentos, o aumento no valor dos combustíveis seriam alguns dos efeitos imediatos que poderíamos sentir. Vale lembrar que os principais produtos que o Brasil importa da Rússia são ligados à agricultura – adubos e fertilizantes – e aos combustíveis fósseis – gasolina e diesel, o que poderia influenciar nossa produção de alimentos e aumentar ainda mais o custo da comida.

E as relações dessa guerra não se desdobram somente com os países do leste europeu. Em visita à Rússia, o presidente brasileiro estremeceu as relações com os EUA, ao pronunciar que se solidarizava com os russos.

Em pronunciamento, a porta-voz da Casa Branca declarou: “Eu diria que a comunidade global está unida de que invadir um outro país, tentar tirar parte do seu território, e aterrorizar a população, certamente não está alinhado com o valores globais. Então, acho que o Brasil parece estar do outro lado onde está a maioria global”.

Fato é que nesse momento, cabe a nós, meros mortais, somente aguardar e torcer – e muito - para que tudo se resolva da forma mais pacífica possível.

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