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Quaresma: tempo de conversão ecológica

A Voz da Diocese
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Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.
O pecado do homem de virar as costas para Deus, criou desordem não só na consciência, na integridade pessoal, não só na convivência social e relacionamento com o próximo, gerando desigualdades e injustiças, mas também causou um desequilíbrio na sua própria relação com a natureza.
O ser humano, saindo da harmonia do Criador, perdeu também o senso de respeito e integração com a casa natural. As agressões cresceram à vegetação, às águas, aos animais, ao ar, à camada de ozônio, aos ecossistemas. Do egoísmo cego surge um galopante desmatamento, uma inconsciente degradação do solo, queimadas, poluição volumosa, contaminando e comprometendo os recursos hídricos, envenenando o ar, com a maior incidência de raios solares e o aquecimento global. Avança a caça irracional, a pesca predatória, causando a extinção das espécies e a desorganização, o desequilíbrio ecológico.
Ao mesmo tempo, crescem as guerras e a exploração do homem pelo homem, gerando mortes, genocídios, aumentando a pobreza e a miséria. É o pecado de quem olha só para o seu interesse e para o seu imediato lucro ou vantagem, com a extração das riquezas naturais, não se importando com os danos ao meio ambiente e consequentemente aos seres humanos.
Todos estes vários cenários estão indicados com profundidade e riqueza na Encíclica Social do Papa Francisco , a Laudato Si, que completa dez anos e na Exortação Laudate Deum, alertando para a crise climática e a urgência de uma conversão ecológica, como também em diversas campanhas da fraternidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), especialmente a deste ano, com o tema "Fraternidade e Ecologia Integral”, recordando e conscientizando que é preciso preservar o que é de todos, a casa comum, a água, a terra, os biomas, especialmente a Amazônia e, no centro da Ecologia, o ser humano, totalmente integrado a ela, os indígenas, as populações ribeirinhas, os quilombolas, os pobres e miseráveis, os privados dos bens naturais, sedentos e famintos, os excluídos do sistema capitalista materialista, que devem ser resgatados e promovidos em sua dignidade de imagem e semelhança de Deus, filhos do Criador, irmãos do Redentor, templos do Espírito Santo.
É necessário criar uma generalizada consciência de responsabilidade ecológica, como um ato de conversão, de volta à sintonia com o Plano da criação, no respeito à ordem natural. Preservar a imensa riqueza da biodiversidade. Combater as agressões diversas. Promover a educação ambiental, como valorização e defesa da vida e da saúde de toda a comunidade social. Saber cuidar como o nosso irmão São Francisco da irmã Natureza, tendo todos os homens como irmãos, como sagrado sinal da bondade e graça do Deus-Amor. Celebramos também os 800 anos da composição do belíssimo "Cântico das Criaturas" (1225), entoado com a poesia e o extraordinário testemunho de caridade deste grande santo: "Louvado sejas, meu Senhor".
É importante protegermos a Amazônia grande reserva de vida da humanidade. Mas, também, devemos identificar as "nossas amazônias" bem perto de nós, na nossa cidade e região, os rios, as bacias, as matas, os impactos ambientais de empreendimentos industriais, comerciais, habitacionais, muitas vezes desastrosos, as campanhas que devemos fazer para manter a casa comum com todo equilíbrio para a vida e saúde de todos, numa visão mais ampla social, política e cultural.
Peçamos perdão ao Senhor pelas vezes em que nos omitimos na defesa da vida e da ordem natural, causando assim um grande mal a tantos irmãos, permitindo que a morte prevalecesse. Pelas vezes em que mesmo praticamos destruição ao meio ambiente, desperdiçando os recursos, colaborando com projetos irresponsáveis no sentido ecológico. Pelas vezes em que nos esquecemos do ser humano, não valorizando e protegendo a sua dignidade e vida desde a concepção até a morte natural, não lutando por seus direitos e integridade, ficando indiferentes às suas dores e necessidades.
Queiramos a conversão total, não só um ponto ou outro. Busquemos a libertação integral, a salvação do homem todo, até porque não se pode separar uma postura da outra. É na mudança da mentalidade e atitude fundante da estrutura pessoal que iremos reformar e transformar o social, num espírito de comunhão e integração com toda a natureza criada. No respeito ao Plano do Criador e seguindo o modelo do Salvador, no sopro do Espírito.
Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler da Diocese de Nova Friburgo

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