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Natal! Qual?
A Voz da Diocese
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Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.
Chegamos ao Natal. Não caberia a pergunta que virá, se todos vivêssemos o sentido original do nascimento do Salvador entre nós, no coração. Mas, com certeza, cabe nos dias e no cenário de hoje o intrigante questionamento: Qual Natal?
Caminhando pelas cidades, vimos de tudo: luzes artificiais, filas para compras contínuas e movimentadas. Vimos gente apressada, ouvimos barulhos de carros e motos acelerados e dos anúncios de beira de calçada arrebanhando para as promoções. Encontramos tanto colorido entre ferros e plásticos, sobressaindo o vermelho do reinado do papai Noel, de casas, vilas e renas-monumentos, um paraíso de enfeites e decorações variadas. Este é um natal menor, de fantasia, trampolim do consumo desenfreado, dos presentes e preocupações materiais, de comidas e bebidas, de fartura de ceias que quase ninguém come mais em comunhão.
À noite, cada um sai para um lado, pois há um outro natal ainda bem menor: o da balada Noel, da farra Noel... onde o vazio da euforia e do carnal faz um estrondo de surdez para as almas desencontradas sem ter o que celebrar. Ainda há, no caminho superficial do urbano, um "carnatal", transformando tudo num longo desfile interminável, de figuras e caricaturas de tudo misturado, nos carros alegóricos e alas do marketing, nos shows de trios e pipocas, na falta total de foco e do sentido real e principal natalino. Mais um carnaval fora de época, afastando os corações do presépio do interior do espírito.
De quantos natais estamos tratando? E, contudo, faltou um: o mais simples e o mais óbvio: o nascimento do Senhor Jesus entre nós. A simplicidade e a ternura de uma noite sagrada em que o próprio Deus vem até nós, derramar o Seu Amor de forma infinitamente humilde e generosa, para revelar a grandeza da humanidade a todos nós, homens, sua imagem e semelhança pela criação, para nos tornar seus filhos, salvando-nos de nossas misérias, de nós mesmos, dos nossos pecados de egoísmo destrutivo e autodestrutivo. Na gruta de Belém, na singeleza do menino que nasce entre animais, que recebe os cantos de pastores e dos anjos, o carinho de sua belíssima Mãe Maria e do seu pai adotivo José, brilha uma estrela de esperança e misericórdia e rebrilha no centro a cruz da Redenção, símbolo máximo do Amor que tudo transforma e liberta.
Quem sabe conseguiríamos retornar a este original espírito de mais concentração, oração, fé e confraternização, na comunhão da família, na celebração das igrejas, na transmissão da caridade de Cristo a todos os irmãos da cidade, do estado, do país, do mundo, comunicando a verdadeira alegria: Jesus te ama! Nasceu e morreu por ti! Nós também te amamos e queremos o melhor para ti! Doamos nossa vida pela tua felicidade e salvação! Que corrente de amor e de fraternidade revolucionaria a nossa sociedade com a luz de um Natal permanente onde cada irmão renasceria, sendo valorizado e considerado pela dignidade da pessoa que é e não pelo que tem nos bolsos ou nos bancos, pelo que pode comprar ou vender!
Ninguém seria excluído da ceia maior da igualdade, da felicidade, da vocação e da realização humana que é a preparação e prefiguração da cidade celeste, da Páscoa eterna. Natal-Páscoa! Todos irmãos. Como nas primeiras comunidades cristãs: "Todos os que acreditavam eram unidos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e bens e os repartiam entre todos, conforme a necessidade de cada um. E todos os dias perseveravam unânimes no Templo. E partiam o pão nas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povo. E a cada dia o Senhor acrescentava à comunidade aqueles que eram salvos" (Atos dos Apóstolos 2,44-47). "Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão, na fração do pão e nas orações." (At 2,42).
Então, alguns diriam: impossível "hoje", utopia! Considerando que a palavra utopia vem do Grego: "u" (não) tópos (lugar), seria um "não lugar", algo não existente dentro da avaliação materialista e acumuladora de nossa mentalidade hodierna capitalista. Mas, para os verdadeiros cristãos, eivados do Amor solidário e despojado de Jesus é apenas "um não lugar ainda", ou seja, uma meta amorosa, cheia de entusiasmo místico transformado em iniciativas e gestos concretos de uma economia de comunhão, de partilha real, com equidade, de modéstia no viver e no sentir justo do bem comum. Aí está o ponto diferencial de inflexão, temido pelo sistema multissecular injustamente desigual. O Natal-mudança de direção que não quer ser celebrado ou é ofuscado propositalmente pelo espetáculo conveniente do mito-consumo, excludente e humilhante. O Natal verdadeiro que significa amor ao próximo o ano inteiro e a alegria em promover, libertar e estender a salvação integral de Jesus a toda pessoa humana, vendo em cada irmão o próprio Senhor.
E agora? Já escolheu que Natal quer continuar a celebrar? Esperamos que este último, com Cristo. Contamos com você nesta virada! Feliz Natal e um abençoado ânimo novo! (É ânimo mesmo, no Espírito renovador, da graça de Deus!).
Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo
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