Siqueira abre portas, mas ainda enxerga a possibilidade como remota

De fato, adaptando para a realidade do Friburguense, a divisão entre futebol e social existe desde meados de 2001
terça-feira, 27 de dezembro de 2022
por Vinicius Gastin
Com recursos cada vez mais escassos e dívidas que se acumulam, Frizão busca novas alternativas (Fotos: Reprodução)
Com recursos cada vez mais escassos e dívidas que se acumulam, Frizão busca novas alternativas (Fotos: Reprodução)

Botafogo, Cruzeiro, Vasco e Bahia. Clubes de torcidas numerosas, gigantes do futebol brasileiro e mundial, com receitas milionárias, mas dívidas de igual ou superior tamanho. Mesmo as agremiações da elite nacional encontram dificuldades e, em comum entre os citados, está a adesão à SAF, vendendo percentuais do departamento de futebol, como caminho para reerguer as instituições financeira e estruturalmente.

SAF é a Sociedade Anônima do Futebol, criada pela Lei 14.193/2021 e promulgada em 06 de agosto do ano passado. Trata-se da legislação que permite aos clubes de futebol serem transformados em empresas. Na prática é um estabelecimento cuja atividade principal consiste na prática do futebol em competições profissionais, diferentemente do modelo tradicional de clubes no Brasil, que, por sua maioria, não tem fins lucrativos.

De fato, adaptando para a realidade do Friburguense, a divisão entre futebol e social existe desde meados de 2001. Foi quando o atual gerente de futebol, José Siqueira, assumiu o projeto esportivo do Tricolor da Serra.

“O que a gente fez em 2001, com a divisão entre o social e o futebol, é uma espécie de SAF. Fizemos uma política de administrar dinheiro de cada parte de forma separada. Naquele ano, foi me oferecido o futebol e, apesar de não ser a minha pretensão à época, em cima de um valor que eu tinha colocado, não tive como sair. Se não eu perderia o dinheiro. Começamos a administrar e, desde então, eu tenho tido muitos parceiros. A cota da TV segurava, tivemos uma parceria fundamental com a Stam, de 2008 a 2016, para o nosso crescimento”, recorda.

E essa mudança de rumo do futebol, cada vez mais caro, custoso e exigente em termos financeiros e de estrutura, traz necessidade de adaptações ao modelo adotado a pouco de mais de duas décadas. A adesão do Friburguense a essa nova alternativa pode ser um caminho a ser percorrido, mas apesar de abrir as portas do clube, Siqueirinha ainda enxerga a possibilidade como remota.

“Não tem como você fazer um grande trabalho e o mais importante, mantê-lo sem dinheiro. Ainda mais numa área tão cara que é o futebol. A SAF tem sido a saída para grandes clubes, pois não consegue acompanhar receitas de algumas outras equipes. Ela vem para consertar uma ação de um presidente, por exemplo, e acaba tirando as mudanças que acontecem de três em três anos dentro dos clubes. Mas eu ainda não vi nenhum grande grupo se interessando pelos times pequenos. Há investidores, com arredamento durante um período, o que é diferente. Mas com a legalização pode aparecer e se tornar uma saída. Tenho conhecimento dentro dessa área e eu venho buscando.”

Outras opções, obviamente, existem. Investimentos privados, públicos ou um abraço maior da cidade em variados aspectos. Contudo há uma certeza: fica cada vez mais difícil sustentar o Friburguense sem novas receitas e capacidade de investimento. Sem uma das alternativas apontadas, Siqueira prevê possibilidades cada vez mais remotas de manutenção do atual cenário, ou quase nulas as perspectivas de crescimento.

“Pode acontecer um envolvimento da cidade, alguma coisa para modificar o atual cenário. Mas até quando vamos conseguir formar times para se manter na A2 ou brigar pelo acesso? Realmente a saída é um grande negócio, com um grupo que compre um percentual do futebol profissional. É preciso ter cuidado, claro, mas estamos abertos. Tenho conversado bastante, e muitas vezes pensam que o Siqueira quer se eternizar à frente do Friburguense. Mas estamos ali há bastante tempo, e tenho consciência de que, se não tivermos dinheiro para trabalhar, não vai haver milagre para os próximos anos. Temos que buscar um investidor, enquanto não temos a cota de TV ou um patrocinador. É quase impossível manter um elenco de um ano para outro. Até mesmo os garotos que estão com a gente, no próximo ano, a maioria não deve estar.”

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Com futebol caro e adversários com maior investimento, Friburguense tenta se reinventar
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