Outubro Rosa: prevenção ao câncer de mama

Diagnóstico precoce e tratamento imediato podem salvar vidas
sexta-feira, 06 de outubro de 2023
por Christiane Coelho (Especial para A VOZ DA SERRA)
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

Outubro Rosa é a campanha que alerta sobre o câncer de mama, ampliando as informações sobre prevenção e reforçando a importância do diagnóstico precoce para o combate da doença. Ao longo deste mês, a Secretaria de Saúde de Nova Friburgo está realizando um mutirão para a marcação de mamografias.

Até esta sexta-feira, 6, estão sendo disponibilizadas 80 vagas no posto de saúde Tunney Kassuga, no bairro Olaria, outras 80 no Sílvio Henrique Braune, no  Suspiro, e mais 80 no posto Waldir Costa, no distrito de Conselheiro Paulino. Na semana que vem, entre os dias 9 e 11, serão agendadas 80 mamografias para pacientes do posto de saúde Ariosto Bento de Mello, no Cordoeira, e 80 para as mulheres atendidas no posto José Copertino Nogueira, em São Geraldo. E entre os dias 16 e 20 e entre 23 e 27 de outubro, cada unidade do programa Estratégia da Saúde da Família (ESF) fará cinco agendamentos, cada. 

De acordo com a prefeitura, os órgãos de saúde não indicam a mamografia para mulheres com menos de 50 anos, ao menos que haja  sintomas, histórico na família ou indicação médica. O exame é muito importante para a constatação de alguma alteração na mama, que também pode ser vigiada pelo autoexame, e para o início do tratamento, já que essa é uma doença que tem cura. Durante esse mês também acontecerão rodas de conversa nos postos de saúde promovendo informação sobre o tema e conscientização para a população sobre o câncer de mama.

ONG oferece tratamento

O cirurgião oncológico Henrique Oliva, que atua em Nova Friburgo, conhece a realidade do tratamento público oferecido aos pacientes com câncer nó município. E, pelo longo tempo de espera por diagnóstico e tratamento reduzir significativamente as chances de cura da doença, ele se motivou a fundar o Instituto Cérasus, uma Organização Não Governamental (ONG), sem fins lucrativos para oferecer tratamento rápido e eficaz às pacientes com câncer de mama sem plano de saúde e sem condições de fazer o tratamento na rede particular.

Segundo o Instituto do Câncer (Inca), há cerca de 90 casos de câncer de mama a cada 100 mil habitantes. Em Nova Friburgo, município onde nasceu o Instituto, estima-se cerca de 180 novos casos por ano. Estatísticas mostram que 70% das pacientes não têm planos de saúde. Sendo assim, 130 casos de câncer de mama por ano carecem de atendimento, de acordo com o Instituto Cérasus.

A missão do Instituto é arrecadar meios para tratar gratuitamente as pacientes com câncer de mama, de forma rápida, eficaz e com a qualidade oncológica dos grandes centros de tratamento.

Lei nem sempre é obedecida

De acordo com o Instituto Cérasus, apesar de a lei 12.732/2012 determinar que o tratamento deve se iniciar em até 60 dias após o diagnóstico, a realidade das pacientes que dependem do sistema público não é essa. O tempo entre um exame de rastreamento (mamografia) e a cirurgia (primeira etapa do tratamento na maioria dos casos de câncer de mama), pode ser muito maior. Este atraso é responsável pelo avanço da doença para estádios mais avançados, onde a terapia se torna mais cara, mais complexa e menos eficaz.

Desde que a ONG foi fundada, em junho de 2019, por 32 sócios, já fez 153 cirurgias de câncer de mama, com tempo médio de 25 dias entre o diagnóstico e a cirurgia. Além das cirurgias, o Instituto Cérasus também oferece exames de risco cirúrgico, consultas sociais, visitas domiciliares, mamografias, biopsias, ultrassonografias de mamas, exames anatomopatológicos, imuno-istoquímicas, linfocintilografias, entre outros.

Depois da cirurgia, essas pacientes são encaminhadas para quimioterapia e radioterapia, dentro do tempo necessário, permanecendo em consultas de acompanhamento  dentro do Instituto. Para mais informações sobre como fazer doações ao Instituto Cérasus ou sobre como ser atendida pela ONG, basta entrar em contato com o celular: Telefone: (22) 98120-4014.

Eu vivi o problema 

Tati Závoli - jornalista

“Mesmo participando de campanhas, tendo e disseminando informações, fui diagnosticada com câncer de mama”

“Como jornalista, comunicadora, eu sempre senti essa vontade e a responsabilidade de abrir um espaço para falar de algo tão importante como o diagnóstico precoce do câncer de mama. Eu já participava da Caminhada Rosa, da Amma (Associação das Mulheres Mastectomizadas), e quando veio o Instituto Cérasus, eu fui convidada para fazer a propaganda. Eu sempre estive por dentro da informação.

Em 2020, na pandemia, resolvi fazer uma série de lives sobre a importância de não adiar exames preventivos. Conversei com uma cirurgiã, uma ginecologista, uma fisioterapeuta oncológica e com uma mulher que havia passado pelo tratamento de câncer de mama.

Depois que eu fiz essa leva de lives, me dei conta de que naquele ano eu havia completado meus 40 anos. Então, fui fazer pela primeira vez a mamografia, fiz a ultra mamária, e ali, na mesma hora, no mesmo dia da ultra, o médico desconfiou que tinha alguma coisa fora do padrão. Fiz a ressonância e já passei para a biópsia.

Quando saí da biópsia, fiquei muito emocionada e lembro do meu marido me questionando: Você está com medo? Está doendo? Por que você está chorando?

E eu estava chorando porque havia mulheres esperando por meses e um ano para ter acesso ao que eu estava tendo: aos exames de detecção. Meu laudo chegou no dia 11 de janeiro de 2021, doutor Henrique Oliva, que conheci quando fiz o comercial para o Instituto Cérasus, que me deu a notícia: “Vamos para cima, você já sabe como funciona, a gente está na fase inicial, vamos lá.”

No dia 21 de janeiro eu fiz a cirurgia, oito dias antes do meu aniversário de 41 anos. Eu não precisei fazer mastectomia, tirei só o quadrante, tirei só o nódulo. E depois, foram 15 sessões de radioterapia, que foi o momento mais difícil do tratamento para mim porque tive que ficar longe da família, do trabalho, dos amigos. Eu fui para o Rio de Janeiro, onde tive que passar mais de um mês para o tratamento, que era de segunda a sexta.

Depois da rádio, comecei com a hormonioterapia, que dura de cinco a dez anos, dependendo do caso. E eu já estou nele há dois anos e meio. E é isso: estou mirando nesse meu último comprimido.

Além do medicamento oral, tenho que fazer, de seis em seis meses, os exames de rotina. E eu eu cumpro religiosamente as minhas visitas aos médicos e faço todos os exames. Eu falo que o câncer suspende você um pouco da sua vida, você fica meio que de fora olhando as coisas acontecendo, mas quando você volta, você volta com uma sede de vida. E,  minha vida mudou completamente. Hoje eu sou adepta da corrida, pratico atividade física para me ajudar em relação aos efeitos colaterais do medicamento, além da mudança na alimentação, que passou a ser mais saudável. Também realizei um sonho de anos: eu passei a dirigir, que era algo que eu tinha muita vontade, já tinha carteira, mas não tinha criado ainda essa coragem.

Eu sempre falo sobre o diagnóstico precoce porque quero que as pessoas ao me olharem vejam uma pessoa realizando sonhos, uma pessoa trabalhando, uma pessoa feliz, uma pessoa ativa e, sim, existe vida após o câncer. Estou aqui para contar a minha história e o meu sonho é que tantas outras mulheres também possam ter essa oportunidade.”

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