O que esperar da estação das flores no hemisfério sul em 2023?

Após 3 anos de La Niña, o El Niño muda o cenário de secas extremas para muita umidade e chuvas torrenciais em certas regiões
sexta-feira, 22 de setembro de 2023
por Amanda Souza*
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

Temperaturas acima dos 40°C foram registradas no Brasil em pleno inverno. Então, o que esperar com a chegada da primavera sob efeito do fenômeno El Niño? Especialistas alertam: a saúde humana e animal correm riscos, além da produção agrícola no Brasil e a geração de energia elétrica.

Começou o período que marca a virada da época mais seca e fria para a época mais úmida e quente do ano. Muita gente gosta, mas até mesmo os amantes do calor sofrem quando ele ocorre em excesso. No entanto, e por enquanto, brasileiros de todos os cantos do país se despediram do inverno celebrando as temperaturas acima dos 40°C.

A estação das flores é conhecida também como estação dos temporais, os maiores e piores justamente porque contam com um combustível comum nesta época do ano: o calor. Altas temperaturas são favoráveis para o desenvolvimento vertical das nuvens cumulonimbus, as grandes geradoras de tempo severo, que podem derrubar muita chuva, descargas elétricas e granizo, comum nesses próximos meses.

São vários os problemas em anos mais quentes que o normal, uma preocupação recorrente quando o fenômeno El Niño se instala no oceano Pacífico Equatorial. Geralmente são anos muito quentes, que podem trazer riscos severos à saúde humana e animal, além de ser um fator que pode prejudicar a produção agrícola.

Outro prejudicado no Brasil é o setor elétrico: quanto mais quente, mais sobrecarregado fica o sistema, com uso extra de ar-condicionado e ventiladores, além do aumento do consumo de água.

Os modelos climáticos têm apresentado uma certa variabilidade a cada rodada, muitas vezes prejudicando as previsões e o modo que desenhamos um cenário futuro. Tanto com o aquecimento anômalo dos oceanos, não só do oceano Pacífico, com o El Niño, como também de outros ao redor de todo o planeta, as temperaturas têm gerado eventos extremos jamais vistos. 

Ondas de calor têm sido mortais e chuvas torrenciais também estão matando muita gente. O que esperar com a chegada da primavera no hemisfério sul?

Agravantes para temporais

Segundo as simulações mais recentes dos modelos climáticos, a primavera pode ser bastante influenciada pelo fenômeno El Niño que acaba por manter uma maior frequência e intensidade das precipitações no Sul, aumentando ainda mais eventos como enchentes e inundações como as que ocorreram recentemente. Após três anos de La Niña, o El Niño vem para mudar o cenário de secas extremas para muita umidade.

A projeção é de chuvas acima da média, especialmente sobre o Rio Grande do Sul com volumes que podem ultrapassar a casa dos 400 milímetros apenas no mês de outubro. 

Por outro lado, o próprio El Niño gera um maior risco de estiagem no Norte e no Nordeste, com chuvas muito abaixo da média e com episódios de precipitação bastante irregulares e espaçados, o que pode ser um grande influenciador para o aumento das queimadas.

No Sudeste e no Centro-Oeste, a chuva fica no meio do caminho, ou seja, áreas do Mato Grosso do Sul e de São Paulo que ficam mais próximas ao Paraná podem receber chuva mais frequentemente por conta dos sistemas mais atuantes na região Sul. A chuva tende a ficar dentro ou até mesmo levemente acima da climatologia no sul dos dois estados. Já Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, além do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Distrito Federal, podem ser afetados pela falta de chuva na época mais úmida do ano.

Em contrapartida, com a falta de chuva regular na maior parte do país, o calor se sobressai em dias secos e ensolarados. A tendência é de uma primavera muito quente, com temperaturas acima do normal para uma estação normalmente amena.

Nestes primeiros dias da estação, temperaturas entre 40 e 45°C podem ser registradas no Brasil, trazendo riscos severos à nossa saúde. O calor deste ano pode ser assustador e muito prejudicial para diversos setores importantes para a economia do país. Apenas um exemplo: o gado leiteiro pode sofrer uma queda de 20% em sua produção devido ao estresse térmico.

*Meteorologista e redatora na Meteored Brasil

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