Na semana dedicada ao Dia Mundial do Livro, uma homenagem a Ziraldo

Pelo Dia Nacional do Livro Infantil, sugerimos obras brasileiras para ler com as crianças
sexta-feira, 19 de abril de 2024
por Ana Borges (ana.borges@avozdaserra.com.br)
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

Na próxima terça-feira, 23, vamos comemorar o Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autorais, data escolhida pela Unesco em sua 28º Conferência Geral da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura, em 1995, para celebrar o livro, incentivar a leitura, homenagear autores e refletir sobre seus direitos legais. Um pouco antes, na última quinta-feira, 18, já festejamos o Dia Nacional do Livro Infantil.

​O propósito da data é encorajar a leitura e promover a proteção dos direitos de autor, destacando a importância dos livros como elemento basilar da educação e do progresso de uma sociedade. O dia 23 foi escolhido com base na lenda de São Jorge e o Dragão, adaptada para honrar a velha tradição catalã segundo a qual, neste dia, os cavaleiros oferecem às suas damas uma rosa vermelha de São Jorge (Sant Jordi) e recebem, em troca, um livro, testemunho das aventuras do heroico cavaleiro. 

Neste dia é, também, prestada homenagem à obra de grandes escritores, como Shakespeare, Cervantes e Inca Garcilaso de la Vega, falecidos em 1616, exatamente em abril.

Capital Mundial do Livro

Para este ano, 2024, a Unesco designou Estrasburgo como a Capital Mundial do Livro destacando o fato de aquela cidade francesa usar o livro “como meio para enfrentar os desafios da coesão social e das alterações climáticas”. As cidades assim designadas, a cada ano, comprometem-se a promover o livro e a leitura para todas as idades e grupos, dentro e fora das fronteiras nacionais, e a organizar um programa de atividades.

Já em Portugal, a entidade Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), assinalam os 500 anos do nascimento de Luís de Camões — uma figura singular no universo das letras portuguesas e um dos poetas mais proeminentes da literatura mundial. 

Esta comemoração não reverencia apenas o legado literário do poeta, mas também pretende destacar a vastidão do seu conhecimento e a influência duradoura que exerce sobre as culturas de língua portuguesa em todo o mundo. 

O Rio se transforma no “Mundo Zira”

Autor de mais de 130 livros, o universo de histórias e personagens de Ziraldo pode ser vivenciado de forma imersiva na exposição “Mundo Zira”, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) — uma homenagem ao renomado quadrinista, multiartista e escritor brasileiro — através uma jornada interativa por suas principais criações. 

Nas áreas temáticas dedicadas a livros clássicos como Flicts, O Menino Quadradinho e A Turma do Pererê, é possível personalizar a arte de Ziraldo com um toque pessoal em composições digitais. 

(Ziraldo)

Unindo arte e tecnologia, o percurso multicolorido ganhou no Rio duas áreas inéditas: um miniestúdio, onde os visitantes podem se ver dentro dos desenhos do cartunista, e um caça-palavras cromático, que convida o público a buscar frases emblemáticas do artista.

O CCBB fica na Rua 1º de Março, 66, Centro, Rio. De quarta a segunda-feira, das 9h às 20h. Grátis. Ingressos pelo https://www.ccbb.com.br/rio-de-janeiro. Até 13 de maio. 

Alô, alô crianças!

As histórias infantis são fundamentais não apenas para estimular a criatividade, senso crítico e dar autonomia aos pequenos, mas também para ajudar crianças a compreenderem a sociedade em que estão inseridas. Por exemplo, as obras que apresentam o poder da amizade ensinam a importância da empatia, lealdade e gentileza.

Já narrativas que exploram tristeza e melancolia, auxiliam no desenvolvimento social e emocional. Há também tramas que estimulam o imaginário dos pequenos leitores, principalmente aquelas que celebram a liberdade de expressão e autonomia na infância.

Para celebrar o Dia Nacional do Livro Infantil, listamos seis obras escritas e ilustradas por brasileiros, repletas de aprendizados e aventuras divertidas. Cada uma ajudará a criançada nesta jornada pessoal de amadurecimento afetivo e intelectual. Confira:

Solução do peixe-boi — Uma história de superação e amizade, na qual as escritoras Mari Bigio e Joana Lira apresentam um peixe-boi que enfrenta um soluço que parece não ter fim. Sem perder a esperança, o animal conta com a ajuda dos amigos da floresta: garça, cobra-d'água, paca, jacaré, tainha, sapo e até um ratinho, que tentam encontrar um jeito de salvá-lo. Além disso, a obra ajuda a enriquecer o vocabulário com glossário de 21 novas palavras, que aparecem destacadas no texto.

As estações dentro de mim — Um presente comovente e afetuoso sobre o poder transformador da amizade. Em As estações dentro de mim, a autora Bianca Pozzi ensina os pequenos leitores a lidarem com a tristeza e a melancolia. Na trama, uma garota começa o seu dia se sentindo triste e sozinha até que encontra um cãozinho precisando de ajuda: de repente, sua vida ganha novos significados. Este livro proporciona momentos de desenvolvimento social e emocional das crianças.

Gabi de bigode — Uma verdadeira celebração da liberdade de expressão na infância. Escrito por Tino Freitas e ilustrado por Bruno Nunes, este livro acompanha Gabi, uma garota orgulhosa de seu bigode e que desafia estereótipos de gênero. Nesta trama, o autor incentiva as crianças a serem autênticas, respeitando suas próprias identidades e o espaço dos outros, por meio de um relato divertido. Além disso, reforça a importância da autonomia desde cedo.

Feira feroz — Em uma parceria brilhante, os autores Adriana Fernandes e Daniel Kondo convidam a criançada a estimular a criatividade por meio de uma brincadeira divertida em que precisa inventar palavras misturando bichos e vegetais. O que virá em seguida? A partir disso, é só deixar a imaginação fluir. Os autores mostram como criar vocábulos diferentes e estimular a criança fazer suas próprias combinações pode ser enriquecedor para o seu crescimento.

A lua caiu — Escrito e ilustrado por Irena Freitas, uma das autoras de destaque da literatura infantil contemporânea, A lua caiu é uma história sobre amizades improváveis, confiança, emoções e como lidar com a frustração de forma divertida. Nesta obra, as crianças acompanham a saga de uma menina tão pequena quanto a perna da Dona Aranha. Todas as noites ela trabalha em sua horta, mas, certo dia, a lua cai e destrói tudo que a garota havia cultivado. Agora ela terá que lidar com contratempos e aprender o significado das amizades inesperadas.

Ana e a semana — Nesta obra ambientada na Semana de Arte Moderna de 1922, a autora premiada Katia Canton conta a história da Ana, uma garota do passado, e João, um menino do presente, que se encontram por meio de uma foto e juntos exploram o legado do evento. Com ilustrações de Mariana Zanetti, a narrativa revisita os principais nomes e obras do movimento modernista brasileiro, estimulando o senso crítico dos pequenos.

Como surgiu o livro que conhecemos hoje

A história do livro é tão antiga quanto a história da escrita. Desde 6 mil anos atrás já surgiam os primeiros "protótipos" de livros. O que foi modificado, até o objeto livro que conhecemos hoje, foi o material e a técnica escolhida para grafar as letras do alfabeto a partir das inúmeras inovações. Ou seja, antes era gravado pelos povos antigos (babilônios, egípcios, gregos, sumérios, etc) em placas de argila, cascas de árvore, pedra, madeira, barro, folhas de palmeiras. 

Posteriormente, o suporte para a impressão dos textos foi o papiro (planta mais resistente), pergaminhos (pele de animal), códices (manuscritos de madeira), folhas de papel, até chegarem à era digital dos livros eletrônicos. 

No Egito antigo, os “escribas" ou “escrivães" eram responsáveis pela leitura e produção dos textos nos papiros, espécies de plantas usadas desde 2.500 A.C.: eram constituídos de grandes rolos de folhas pregadas umas às outras. Foi devido ao volume que surgiram os pergaminhos, suportes de peles de animais (carneiro, cabra, ovelha, etc), muito utilizados  pelos "monges copistas" da Idade Média. 

O livro, produto intelectual, surgiu da necessidade dos povos de guardar o conhecimento e passá-los de geração em geração. Considerado objeto de enorme valor cultural e histórico, e portanto indispensável para a disseminação do conhecimento no mundo, por outro lado eram objetos de imenso valor e por isso, acessível somente para uma pequena parte da população, como a nobreza e clero. 

Além disso, muitos livros eram considerados impróprios pela Igreja Católica:  a maioria dos livros eram de religião, enquanto outros de história, astronomia, literatura e filosofia, ficavam restritos a um número menor ainda. Nesse contexto, é importante destacar que a maioria das pessoas não sabia ler ou escrever, o que dificultava ainda mais a disseminação desse conhecimento. 

Um fato muito relevante ocorreu entre a passagem da Idade Média para a Idade Moderna: o surgimento da imprensa, em meados do século 15. Na Europa, fatores como o declínio do sistema feudal, o surgimento da burguesia e as reformas protestantes foram afastando as imposições da Igreja e abrindo um leque de possibilidades para as pessoas, que, ao mesmo tempo, se sentiam impossibilitadas de expressarem suas opiniões. 

Esses acontecimentos impulsionaram a elaboração de método de impressão tal qual a prensa móvel, primeiro descoberta na China, por Pi Sheng, depois pelo alemão Johannes Gutenberg (1398-1468). A partir de sua técnica, jamais antes vista pela população inglesa, foi o gatilho necessário para permitir o acesso aos livros ao restante da população. 

Daí, sua popularização se expandiu no mundo inteiro, sendo um dos objetos mais importantes de acesso ao conhecimento. Com o tempo, surgiram livros didáticos, de histórias infantis, de poesia etc. Hoje, quando entramos numa biblioteca ou livraria, é difícil imaginar que se estivéssemos na Idade Média, estaríamos adentrando um mundo quase intocável, mágico e místico. Como seres do século 21, difícil imaginar esse contexto.

No Brasil, o livro foi introduzido no período pré-colonial pelos portugueses, sobretudo pelos jesuítas, figuras que participaram da colonização indígena, bem como da educação formal no país. Já no século 20, o escritor e editor pré-moderno Monteiro Lobato foi responsável pela maior divulgação dos livros no país: "Um país é formado por homens e livros", decretou na época.

Em tempo: Cerca de 4 mil exemplares, entre livros novos e seminovos, a partir de R$ 5, estão disponíveis em Nova Friburgo na Feira de Livros, na Praça Getúlio Vargas, Centro, das 9h às 19hs. Até o dia 29 de abril. Mais informações em @fabiobookoficial.

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