Morre Francisco Gregório Filho

Escritor, acreano, contador de histórias e ativista cultural, Francisco Gregório Filho faleceu na tarde do último sábado, 12, no Rio de Janeiro, onde vivia desde 1968. Formado em Artes Cênicas na Escola de Teatro da Federação da Fefierj, atual UniRio, em 1975, ele brilhou em todas as áreas em que atuou.

Pela trajetória de toda uma vida, deixa um legado inesquecível não só para o Acre, mas para o Rio e Brasil, em especial para Nova Friburgo, onde criou a Secretaria Municipal de Promoção da Leitura, na gestão do ex-prefeito Heródoto Bento de Mello.

Foi um mestre na arte de contar histórias, participou ativamente dos movimentos artísticos do Museu de Arte Moderna (MAM), criou vários grupos de teatro, escreveu peças, publicou livros, dirigiu e atuou em diversas produções teatrais. Voltou várias vezes ao Acre para assumir desafios e desenvolver programas nas rádios locais, e por onde passava deixava um rastro de criatividade e amor pela escrita, pela leitura, pelos livros.

Entre as inúmeras crônicas que escreveu para A VOZ DA SERRA, destacamos um pequeno trecho desta, publicada em 4 de janeiro de 2013, que bem traduz a natureza sensível e generosa de Francisco Gregório:  

“A Região Serrana há muito tem acolhido durante os fins de ano muitos profissionais da área do livro e da literatura para momentos de descanso e recolhimento. Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis tradicionalmente recebem escritores, poetas, editores, jornalistas e pesquisadores da palavra que vêm recarregar as baterias para enfrentar um novo ano de muitas viagens e trabalho junto aos seus leitores. Uns poucos mantêm casas em sítios, chácaras ou condomínios afastados dos centros das cidades. Alguns outros conseguem alugar casas por temporadas e outros tantos se hospedam em casas de amigos ou ainda em confortáveis pousadas em recantos agradáveis da região. 

Algumas vezes é possível encontrá-los caminhando anonimamente por ruas dos distritos ou mesmo pelo centro das cidades, com seus bonés, boinas ou chapéus. Caminham à vontade e raramente são abordados por fãs leitores. São abordagens discretas, mais comuns durante as paradinhas para comprar um pão ou para saborear um cafezinho.

Num desses dias de fim de ano em Friburgo encontrei um amigo escritor e aceitei seu convite para uma caminhada pelas ruas do bairro Olaria. Levamos algumas sacolas de livros para uma amiga que desenvolve ali uma iniciativa de promoção da leitura junto a um grupos de jovens de uma comunidade próxima a sua casa. 

Sacolas recheadas de bons livros de literatura infanto-juvenil, poesia, ficção, para apoiar seu trabalho junto aos jovens, mas um deles, um ensaio, era especial para nossa amiga, cujo título é “O Clube do Livro: ser leitor – que diferença faz?”.  …. Escrito pela professora Luzia de Maria (Editora Globo), fala das vivências da professora em suas oficinas sobre práticas leitoras e ganhou o Prêmio Literário Nacional do Pen Clube do Brasil 2011….”  

Assim era Francisco Gregório Filho, e assim será para sempre lembrado, por tantos e todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo e desfrutar de sua companhia. Aos familiares e amigos, a equipe de A VOZ DA SERRA manifesta seu pesar. (Fonte: www.acreaovivo.com/