Friburgo perde a ex-professora Brigitte Schlupp, um dia após completar 103 anos

Juntamente com seu marido, o pastor Schlupp, ela fez do Cêfel um dos colégios mais queridos da cidade
segunda-feira, 25 de janeiro de 2021
por Adriana Oliveira (aoliveira@avozdaserra.com.br)
Dona Brigitte em 2017, em entrevista para A VOZ DA SERRA, em sua casa (Arquivo AVS)
Dona Brigitte em 2017, em entrevista para A VOZ DA SERRA, em sua casa (Arquivo AVS)

Um dia após completar 103 anos, no último sábado, 23, dona Brigitte Schlupp faleceu neste domingo, 24, vítima de uma pneumonia que a manteve hospitalizada.

Em janeiro de 2018, o centenário de  dona Brigitte levou dezenas de pessoas ao culto celebrado pelo pastor Gerson Acker na Igreja Luterana. Dona Brigitte ganhou da comunidade luterana uma placa comemorativa. Muito lúcida, ela agradeceu a homenagem relembrando sua chegada a Nova Friburgo ao lado do marido, o pastor luterano Johannes Edward Schlupp, e citou a nora Regina, casada com seu filho Fritz e a quem considera como filha.

Nascida na Alemanha em 23 de janeiro de 1918, dona Brigitte chegou ao Brasil ainda criança. Sua família se instalou inicialmente na Bahia, mas logo se mudaram para o Rio de Janeiro.  Casou-se em 1937 com o pastor Schlupp e veio morar em Friburgo. Brigitte praticava muito esporte como natação, tênis e ciclismo e chegou a escalar o Pico das Agulhas Negras com seu pai. 

Em 1949, seu marido adquiriu o Colégio Cêfel,  fundado anteriormente como Cooperativa Educacional Friburguense Evangélica Ltda e gerido por presbiterianos e metodistas, e considerado um dos maiores estabelecimentos educacionais da cidade, por onde passaram diversas gerações de friburguenses. Ela se dividia entre as funções de secretária e professora de inglês. 

Entrevistada por A VOZ DA SERRA em 2017, dona Brigitte tentou puxar na memória histórias da época em que deu aulas de inglês no Cêfel. Com quase 100 anos, a ex-professora enfrentava problemas típicos da idade avançada, dificuldades para ouvir, ver e caminhar, mas ainda mantinha a voz empostada de quem já falou para muitos alunos em sala de aula.

“Uma vez a fábrica de rendas Arp emprestou para a gente uma calculadora Facit para calcularmos as médias dos alunos na escola. A máquina fazia contas à manivela. Eram muitos números e facilitou muito a nossa vida. Antes, saíamos zonzas do colégio de tanto fazer conta”, contou às gargalhadas.

Quando saía de casa para comprar pão ou para comer no Da Terra, costumava encontrar ex-alunos, inclusive dos tempos em que passou lecionando o idioma no antigo Colégio Nossa Senhora das Graças, em Olaria. Ela diz que não se lembra do nome de quase ninguém, mas, quando vê a pessoa, o nome surge na memória.

“Eu escuto que alunos agridem professores. Isso na minha época não existia. Havia respeito. Os pais ensinavam os filhos a respeitar o professor”, comentou Brigitte, que naquela época saía de madrugada para subir a Catarina e o Caledônia com os alunos para ver o sol nascer.

Perguntada se tinha saudades daquele tempo e que conselhos daria a um jovem professor, disse: “Tenho saudades de muitas coisas. Nós, velhos, temos saudades de muitas coisas. Já o professor precisa ter paciência. É uma carreira que requer vocação”.  

O velório de dona  Brigitte Schlupp está sendo realizado, até as 15h desta segunda,  na Igreja Luterana de Nova Friburgo. O sepultamento será às 16h, no Cemitério Luterano Jardim da Paz,  observando todas as normas de segurança do momento.

A equipe de A VOZ DA SERRA, enlutada, se solidariza com a família Schlupp neste momento de dor e de perda para toda a cidade.

 

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