Diagnóstico precoce aumenta as chances de cura do câncer de próstata

Segundo o Inca, no Brasil, a doença corresponde a 29,2% dos tumores malignos em homens
quinta-feira, 10 de novembro de 2022
por Ana Borges (ana.borges@avozdaserra.com.br)
Médico urologista Franklin Vieira de Almeida (Foto: Acervo pessoal)
Médico urologista Franklin Vieira de Almeida (Foto: Acervo pessoal)

No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), matando mais de 15 mil brasileiros por ano. Em valores absolutos e considerando ambos os sexos, é o segundo tipo mais comum. A taxa de incidência é maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento.

Segundo o Inca, no Brasil, a doença corresponde a 29,2% dos tumores malignos em homens. Estima-se que, de janeiro a dezembro de 2022, ocorrerão cerca de 65.840 casos novos de câncer de próstata no país. O crescimento das taxas de incidência é um reflexo do aumento da expectativa de vida, uma vez que 75% dos casos ocorrem a partir dos 65 anos. Dados do Ministério da Saúde apontam também que cerca de 60% das mortes pela doença se concentram entre idosos de mais de 75 anos, e 38% entre adultos e idosos de 55 a 74 anos.

O diagnóstico precoce reduz os riscos de complicações. Para confirmar a doença é preciso fazer uma biópsia, procedimento em que são retirados pedaços pequenos da próstata para análise laboratorial. A biópsia é indicada caso seja encontrada alguma alteração nos exames preventivos.

Cabe reiterar que o risco aumenta com o avançar da idade. No Brasil, a cada 10 homens diagnosticados com câncer de próstata, nove têm mais de 55 anos. Também estão mais suscetíveis homens cujo pai ou irmão tiveram câncer de próstata antes dos 60 anos. Estudos recentes também indicam maior risco da doença em homens com peso corporal elevado.

Especialistas alertam que o hábito masculino de buscar atendimento médico apenas diante de algum sintoma, como dores ou incômodos, contribui para o diagnóstico tardio de problemas de saúde como câncer, hipertensão e colesterol alto, por exemplo. Idade, histórico de câncer na família, sobrepeso e obesidade estão entre os fatores que podem aumentar o risco de câncer de próstata.

Nesta entrevista, o médico urologista Franklin Vieira de Almeida esclarece as dúvidas mais comuns sobre o assunto. 

O que é a próstata e o que significa o aumento de tamanho?

A próstata é um órgão exclusivo do sistema reprodutor e urinário do homem, que fica localizado entre a bexiga e uretra, numa região denominada pelve. Ela possui aproximadamente 20-30g de peso, é do tamanho de uma noz e é responsável pela produção e secreção de líquidos que auxiliam na reprodução. O aumento da próstata, também denominado, hiperplasia, uma alteração benigna que acomete quase a maioria dos homens a partir dos 45 anos. É uma alteração benigna mas que precisa de acompanhamento — em casos de grandes aumentos da próstata podem surgir sintomas urinários como dificuldade para urinar, dificuldade de reter urina, acordar várias vezes à noite para urinar, etc… Em alguns casos pode ser necessário tratamento com medicamentos e até cirurgias. 

Pode se transformar em câncer?

O aumento benigno da próstata (hiperplasia) não se transforma em câncer — são duas situações diferentes, mas que podem existir ao mesmo tempo. Por isso é importante sempre manter acompanhamento regular com o urologista, principalmente após os 45 anos de idade. 

O câncer de próstata provoca algum sintoma?

Na maioria das vezes, não provoca sintomas — é silencioso. Os sintomas podem acontecer quando a doença já está em estágio avançado e a doença acomete outros órgãos como ossos, pulmão, fígado, etc (são as chamadas metástases). 

O exame de toque retal ainda é necessário?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, todo homem a partir dos 45 anos de idade deverá realizar anualmente exames preventivos que consistem em, no mínimo, toque retal e PSA (exame no sangue). O toque retal possui a sensibilidade de diagnosticar tumores iniciais que nem sequer deram alteração no exame de sangue ainda, por isso é fundamental sua realização também. Já para os pacientes que possuem história de câncer na família, os exames devem ser realizados logo a partir dos 40 anos. 

Como é o tratamento?

O tratamento do câncer de próstata varia conforme o estágio em que foi diagnosticado. Na maioria dos casos em que a doença é diagnosticada de forma precoce consiste na realização de cirurgia (retirada de toda a próstata juntamente com as vesículas seminais). A radioterapia também é considerada um tratamento para estágios iniciais porém é reservada para pacientes mais idosos e/ou que tenham um alto risco cardiovascular para a cirurgia.  

No caso de cirurgia é necessário fazer algum outro tratamento?

No caso da cirurgia, dependendo do estágio em que é diagnosticado, pode ser necessário complementar o tratamento com radioterapia, hormonioterapia ou quimioterapia. A radioterapia pode ser utilizada como complemento à cirurgia nos casos de doenças mais agressivas. Hoje, a hormonoterapia e a quimioterapia são reservados somente para casos muito específicos e avançados. 

Há risco de impotência sexual?

O risco de impotência sexual existe porém com as novas técnicas cirúrgicas implementadas atualmente, esse risco é cada vez menor. Além de técnicas cirúrgicas mais sofisticadas, existem formas de prevenir a impotência sexual antes da cirurgia e após a cirurgia também. 

O câncer de próstata tem cura?

Hoje, se diagnosticado de forma precoce e realizado o tratamento no momento correto, pode se dizer que há cura sim para o câncer de próstata.

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