Dentre tantos momentos, Pelé esteve em Nova Friburgo

À época, o time canarinho fazia a preparação para o Mundial do Chile. A seleção de Garrincha, Pelé, Didi, Nilton Santos e outros craques se concentraram em Nova Friburgo
sexta-feira, 30 de dezembro de 2022
por Vinicius Gastin
Um dos muitos retratos da passagem de uma das maiores Seleções da história do futebol, com Pelé e Garrincha (Fotos: Divulgação)
Um dos muitos retratos da passagem de uma das maiores Seleções da história do futebol, com Pelé e Garrincha (Fotos: Divulgação)

O reino do futebol se despede de sua majestade. Capaz de parar uma guerra, de romper a marca dos 1.200 gols como jogador profissional. O único a conquistar três Copas do Mundo. Soube como ninguém encantar a cada torcedor que teve a oportunidade de assisti-lo. Fez do futebol, a sua história, e ajudou a tornar o mais popular do planeta o esporte que o consagrou. E deu-lhe a coroa de Rei.

Edson Arantes Nascimento, o maior jogador de futebol do mundo, morreu nesta quinta-feira, 29, aos 82 anos, em São Paulo. Mas Pelé é imortal. Será eterno enquanto se ouvir, no mais longínquo canto deste mundo, o grito de gol. Antes dele, 10 era só um número. O futebol era “apenas” um esporte.

Pelé estava internado desde o dia 29 de novembro no Hospital Albert Einstein, na zona sul de São Paulo para reavaliação da quimioterapia contra o tumor de cólon e o tratamento de uma infecção respiratória. O “Atleta do Século” foi diagnosticado com câncer em setembro de 2021. Já em fevereiro deste ano, o ex-jogador se internou no Albert Einstein para dar continuidade à quimioterapia.

O rei do futebol ganhou projeção no Santos e se consagrou na seleção brasileira. Até agora, foi o único atleta na história a ganhar três Copas do Mundo como jogador. Ao fim da carreira, ele registrava a marca de 1.365 jogos, com 1.283 gols, tornando-se embaixador mundial do esporte. O ex-jogador foi ministro do Esporte entre 1995 e 1998, após aceitar convite do então presidente Fernando Henrique Cardoso. O brasileiro tem Pelé como “passaporte”. E o mundo o tem, para sempre, como referência.

Dentre tantas viagens e momentos marcantes numa trajetória sem igual, há alguns capítulos escritos em Nova Friburgo. Em 1954 e 1962, o selecionado brasileiro esteve por aqui, além de ter visitado a cidade por três dias em 1958, numa cortesia em agradecimento à recepção quatro anos antes. Em 1962, por exemplo, foram vários treinamentos abertos ao público local e jogos com combinados dos times locais.

À época, o time canarinho fazia a preparação para o Mundial do Chile, que seria disputado naquele mesmo ano. A seleção de Garrincha, Pelé, Didi, Nilton Santos e outros craques se concentraram em Nova Friburgo. Na chegada à cidade, no dia 9 de abril de 1962, “os jogadores foram recebidos com aplausos pelos moradores durante desfile do ônibus que levava o grupo”, segundo relatos feitos pela imprensa à época. Quem quisesse assistir os treinos e jogos mais de perto, precisava pagar, e as arquibancadas de madeira e laterais do campo ficavam superlotadas.

Não havia outro assunto na cidade, pois o Brasil estava se preparando para conquistar o bicampeonato. No período, em tempos diferentes aos atuais, era comum esbarrar com os ídolos pelas ruas. Pelé e Garrincha, Bellini, Castilho, Didi e tantos craques que marcaram o futebol brasileiro andavam livremente, sem nenhum problema. De acordo com relatos de quem viveu aqueles tempos, os jogadores se integravam à comunidade, sendo que as pessoas podiam conversar com eles, pedir autógrafos e até mesmo namorar.

“Na concentração de 62, eu passava pela esquina da Rua Farinha Filho com a Praça Getúlio Vargas quando vi uma lourinha linda conversando com o zagueiro Mauro, um rapaz alto e também muito bonito. Ali saía a lotação que levava os hóspedes até o Hotel Sans Souci, onde a seleção estava concentrada”, recorda Juca Berbert, em uma de suas muitas memórias, durante entrevista ao A VOZ DA SERRA.

A movimentação tomava conta de Nova Friburgo quando a seleção vinha para a cidade. Além do selecionado, técnicos e dirigentes, pessoas de outros municípios, a imprensa nacional, todas as atenções do Brasil ficavam voltadas para o município.

Em outra passagem pelo município, anterior à presença do Rei, a Seleção participou da inauguração do campo do Fluminense (atual Friburguense) em 1954. Antonio Deccache, que na época era goleiro do combinado local, serviu de sparring para a seleção brasileira.

Foi num dia 16 de maio, e os 138 anos da cidade, à época, comemorados no estádio Eduardo Guinle, onde o Brasil encerraria a preparação para a Copa do Mundo daquele ano. A partida foi uma espécie de tira-teima de outros dois encontros. No primeiro, o Brasil venceu por 3 a 2. Miguel Ruiz e Otacílio marcaram para o time de Nova Friburgo. No segundo treino, nova derrota por 1 a 0 (gol de pênalti, cobrado por Brandão).

  • Atletas andavam pelas ruas e compartilhavam conversas e experiências com os friburguenses: muitos tiveram a chance de estar pessoalmente com o Rei

    Atletas andavam pelas ruas e compartilhavam conversas e experiências com os friburguenses: muitos tiveram a chance de estar pessoalmente com o Rei

  • Homenagem a Pelé no estádio Wembley, na Inglaterra, no registro de Gabriel Ventura: o mundo rende homenagens ao maior atleta do século 20 (Foto: Gabriel Braga)

    Homenagem a Pelé no estádio Wembley, na Inglaterra, no registro de Gabriel Ventura: o mundo rende homenagens ao maior atleta do século 20 (Foto: Gabriel Braga)

Publicidade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Apoie o jornalismo de qualidade

Há 79 anos A VOZ DA SERRA se dedica a buscar e entregar a seus leitores informações atualizadas e confiáveis, ajudando a escrever, dia após dia, a história de Nova Friburgo e região. Por sua alta credibilidade, incansável modernização e independência editorial, A VOZ DA SERRA consagrou-se como incontestável fonte de consulta para historiadores e pesquisadores do cotidiano de nossa cidade, tornando-se referência de jornalismo no interior fluminense, um dos veículos mais respeitados da Região Serrana e líder de mercado.

Assinando A VOZ DA SERRA, você não apenas tem acesso a conteúdo de qualidade, mantendo-se bem informado através de nossas páginas, site e mídias sociais, como ajuda a construir e dar continuidade a essa história.

Assine A Voz da Serra

TAGS: