Contingente de idosos residentes no Brasil aumenta quase 40% em menos de 10 anos

Já o número de pessoas com menos de 30 anos caiu mais de 5% no mesmo período
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023
por Ana Borges (ana.borges@avozdaserra.com.br)
(Foto: Pexels)
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Pessoas com 60 anos ou mais representam quase 15% da população residente no Brasil, em 2021, de acordo com novo levantamento realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em números absolutos, são 31,23 milhões de pessoas. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada em julho de 2022.

Nos últimos nove anos, o contingente de idosos residentes no Brasil aumentou 39,8%. Em 2012, quando teve início a série histórica da Pnad Contínua, moravam no país 22,34 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, representando na época 11,3% de toda a população residente.

Segundo o analista do IBGE, Gustavo Fontes, as mudanças demográficas mapeadas na Pnad Contínua fornecem subsídios para decisões administrativas. "Podem ter impactos para demandas de políticas públicas, por exemplo, em questões relacionadas à previdência social, à saúde pública, às vagas nas escolas", diz.

A pesquisa reúne informações relacionadas a características gerais dos domicílios e moradores de todas as regiões do Brasil. Há dados referentes à composição da população residente no país em relação a sexo, idade e raça. A nova edição traz os resultados referentes ao ano de 2021, permitindo a comparação com anos anteriores. Os dados levantados possibilitam análises a partir de enquadramentos sociais e demográficos.

Gustavo Fontes destaca que os números populacionais foram estimados de forma amostral e que, com a realização do censo demográfico no ano passado, será possível fazer uma revisão melhorando a precisão dos resultados.

Considerando os impactos da covid-19, algum ajuste no levantamento poderá ocorrer tendo em vista, sobretudo, a mortalidade de idosos em meio à pandemia. No entanto, levando em conta o universo populacional do país, o IBGE avalia que possivelmente não haverá grandes diferenças.

População jovem

O IBGE também constata que há uma tendência de queda na proporção da população mais jovem. Em 2012, quase 50% dos residentes no Brasil tinham menos de 30 anos. No ano passado, menos de 44% dos moradores do país situavam-se nessa faixa etária.

As estimativas apresentadas no levantamento apontam ainda uma redução da população mais jovem em números absolutos. Há hoje no país cerca de 132 milhões de residentes com menos de 30 anos, 5,4% a menos do que em 2012.

"As maiores taxas de reduções no contingente populacional foram estimadas para os grupos que compreendiam as pessoas de 10 a 13 anos e de 14 a 17 anos de idade. Ambos registraram diminuição de 12,7%, no período", aponta o levantamento.

Considerando a estimativa para todas as faixas etárias, foram contabilizados 212,7 milhões de residentes em 2021, um crescimento de 7,6% na comparação com os 197,7 milhões de pessoas que moravam no Brasil em 2012.

Os maiores aumentos foram registrados nas regiões Centro-Oeste (13%) e Norte (12,9%). Ainda assim, ambas mantiveram as menores participações na população total (7,8% e 8,7%, respectivamente). Por sua vez, o Sudeste, com uma concentração de 42,1% do total de residentes no país, registrou crescimento 7,3% em seu contingente populacional. Já no Nordeste, observou-se o menor aumento, de 5,1%.

Dependência econômica

A Pnad Contínua também faz um levantamento da dependência demográfica, medida a partir da relação entre a população economicamente dependente, que inclui jovens até 14 anos e idosos a partir de 65 anos, e a população potencialmente ativa, na qual se enquadram as pessoas entre 15 e 64 anos.

Segundo o Instituto, esse índice contribui para evidenciar mudanças na estrutura etária brasileira e para compreender a carga econômica sobre a faixa de idade com maior potencial para exercer atividades produtivas. Quanto maior a razão, maior é o peso econômico sobre essa faixa etária potencialmente ativa.

"Ao comparar com 2012, a razão de dependência total em 2021 apresentou pequena queda, passando de 45,7, em 2012, para 44,6, em 2021. No entanto, essa queda não foi constante no período, pois ao comparar 2021 com 2017, ano em que o indicador foi estimado em 43,9, verifica-se ligeiro aumento na razão de dependência total. 

As mudanças na razão de dependência estão diretamente associadas à diminuição da fecundidade e ao aumento na longevidade da população", registra o levantamento.

Em 2030, Brasil terá a quinta população mais idosa do mundo

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) o número de pessoas com idade superior a 60 anos chegará a 2 bilhões de indivíduos até 2050, representando um quinto da população mundial.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil, em 2016, tinha a quinta maior população idosa do mundo, e, em 2030, o número de idosos ultrapassará o total de crianças entre zero e 14 anos.

Diante desses números, o governo precisa pensar em políticas públicas que atendam de forma adequada e eficaz essa parcela numerosa da população. Os pesquisadores falam que a Previdência Social precisa projetar os próximos anos e planejar sua estrutura financeira para atender essa demanda. 

Mas o maior problema é a ausência de sensibilidade administrativa para conduzir os serviços sociais.

Outro ponto a ser observado é a escolha da atividade física, que deve ser criteriosa, porque o organismo das pessoas em suas diversas etapas responde de forma diferente. Por exemplo, a faixa etária relativa aos idosos, hoje se divide em várias fases, indo dos sessenta aos 90, ou mesmo até os 100 anos de idade. 

Portanto, é muita vida a ser vivida, e há que se atentar para a saúde ao longo do tempo, cuidar para aproveitar tamanha longevidade, com qualidade e dignidade!

Os benefícios da relação entre avós e netos

O aumento da expectativa de vida (subiu de 51 para 72 desde 1960 no mundo) e a redução das famílias (no mesmo período, a média de filhos por mulher caiu de 5 para 2,4) estão tornando a vovó e o vovô mais importantes nas famílias, apontou reportagem do jornal "La Nacion". Diego Alburez-Gutiérrez, do Instituto Max Planck (que faz pesquisas demográficas na Alemanha) analisou os dados de idade e população da ONU. 

Descobriu que há 1,5 bilhão de avós no mundo, o triplo dos que existiam em 1960. Como parcela da população, eles passaram de 17% para 20%.

Até 2050, a projeção é de que haverá 2,1 bilhões de avós (compondo 22% da humanidade) e um pouco mais de avós do que netos com menos de 15 anos. Isso terá consequências profundas. Estudos sugerem que as crianças se saem melhor com a ajuda dos avós —  o que na prática significa "das" avós. E ajudará a impulsionar outra revolução social inacabada — o movimento das mulheres para o mercado de trabalho.

Efeitos positivos

Dizem tanta coisa sobre ser avós: que são “pais em dobro”; que ser avó e avô é como amar os filhos pela 2ª vez; é ter uma segunda chance ao ajudar na criação dos netos; do quanto podem se dedicar mais e melhor no convívio com seus pequenos; e, até…, estragar, mesmo!, seus queridinhos ao permitir tudo e quanto queiram. Levando em consideração todos os benefícios que eles podem proporcionar a seus netos, essa afirmação é verdadeira.

Essa história de que “os avós estragam os netos” pode ser real em relação a rotinas e regras, porém nem sempre é ruim, pois as crianças recebem muitos benefícios com esta relação. O contato constante com os avós tem efeito positivo na vida das crianças devido ao amor, apoio e ensinamentos que somente os mais velhos podem oferecer para os pequenos da família.

Os pais devem incentivar ao máximo o contato e o vínculo entre seus filhos e os avós. Para os que moram longe, vale tentar fazer mais visitas, falar com mais regularidade, ou enviar as crianças para passarem férias com os avós. Tanto avós maternos, quanto paternos influenciam e ajudam seus netos de maneiras diferentes.

Para os que moram perto, é importante sempre proporcionar encontros entre eles (mesmo que sejam os tradicionais almoços de domingo) para sempre haver um melhor relacionamento. O importante é dar a oportunidade para que esse amor gere fortes lembranças para a criança no futuro.

Afinal, aquele pequeno ser veio de outro grande amor, seu filho ou filha. As responsabilidades também são diferentes nesse momento. E não é preciso se esforçar muito para perceber como a interação entre netos e avós é positiva e importante para ambos. O que traz diversos benefícios, além de muito amor, é claro.

Dos netos para os avós

Após anos de estudo sobre a perspectiva de vida das mulheres idosas perante a de primatas fêmeas, antropólogos chegaram ao surgimento da “Teoria da Avó”. Segundo esta teoria, as mulheres mais velhas que se voltavam para atividades e tarefas ligadas aos netos, sempre contribuíram com suas tribos.

Ou seja, de acordo com a teoria, por ajudar filhas e noras com as crianças, as avós as libertavam para que elas engravidassem novamente — o que torna as mulheres idosas, de certa forma, responsáveis pelo crescimento populacional das tribos. E, ao cuidar dos netos, as avós também permitiam que as mães saíssem para buscar comida, ou elas mesmas poderiam buscar alimento — o que gerava um sustento extra para a sobrevivência da comunidade.

Segundo pesquisas da Boston College, nos Estados Unidos, e divulgados pela revista Crescer, netos que têm um laço emocional próximo com seus avós obtêm uma variedade de benefícios importantes para toda a sua vida. Crianças que têm relacionamentos fortes com os avós são mais bondosas, generosas e com menores taxas de ansiedade e depressão no futuro. Esse envolvimento também aumenta o desempenho escolar, a autoestima, a inteligência emocional e a fazer ou manter amigos.

Para o cientista James S. Bates, avós que têm a oportunidade de estar com os netos, não apenas emocionalmente, mas também em contribuir com suporte funcional — como buscar de vez em quando na escola, ajudar financeiramente ou, simplesmente cuidar das crianças para que os pais possam sair — demonstram ter mais saúde psicológica e menos depressão do que aqueles que não mantêm esses laços, portanto, melhor bem-estar do que os que são mais passivos. E, importante destacar, avós que cuidam mais de seus netos têm um risco reduzido de sofrer Alzheimer e outros distúrbios cognitivos.

De acordo com especialistas no assunto, o fato de cuidar dos netos dá aos mais velhos uma sensação de significado, identidade e finalidade, especialmente quando eles já deixaram de trabalhar. Na análise, 72% dos entrevistados acham que “ser avô/avó é a coisa mais importante e satisfatória na sua vida” — citando esse papel como mais relevante que viagens ou segurança financeira.

Maternos e paternos

Será que, cientificamente, há alguma diferença de efeito entre avós maternos e paternos na criação dos netos? Em mais de 45 estudos diferentes sobre este tema, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento, foi constatado que o envolvimento de avós maternos teve um impacto significativo na sobrevivência e bem-estar de seus netos, como por exemplo, em reduzir a taxa de mortalidade das crianças pela metade.

Na mesma análise, supreendentemente, a presença do pai teve apenas um pequeno efeito perante o desenvolvimento infantil. Já o envolvimento de avós paternos também teve uma influência saudável, embora fosse mais variável.

Os estudos apontam para os avós maternos em assumir um papel maior na assistência aos netos, devido, entre alguns fatores, estarem mais seguros de sua ligação genética com essas crianças, como também ao fato de muitas vezes a nora não ter proximidade com os sogros, o que dificulta a relação dos avós paternos com os netos. O maior envolvimento das avós maternas com seus netos também pode estar relacionado ao vínculo único existente entre mães e filhas.

Tanto avós maternos, quanto paternos influenciam e ajudam seus netos de maneiras diferentes. Por exemplo, esses estudos apontaram que a maior proximidade com as avós maternas faz aumentar as chances de sobrevivência das crianças, enquanto que o maior envolvimento com as avós paternas faz crescer a taxa de natalidade.

Já a relação dos avôs com os netos, embora não tenha sido ainda tão estudada, traz benefícios para a sobrevivência das crianças não perante a um papel prático na criação (como ocorre com as avós), mas a ensinamentos importantes de habilidades e valores. (Fontes: Agência Brasil, IBGE, OMS & Catraca Livre)

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