Com as contas em dia, Nova Friburgo FC planeja finalizar obras do CT

Espaço já conta com boa estrutura, que vai sendo ampliada na medida do possível
sexta-feira, 23 de dezembro de 2022
por Vinicius Gastin
Bachini, em sua sétima gestão, comemora estabilidade financeira do Nova Friburgo (Fotos: Rafael Seabra)
Bachini, em sua sétima gestão, comemora estabilidade financeira do Nova Friburgo (Fotos: Rafael Seabra)

Os 43 anos, completados no último dia 16 de setembro, foram comemorados com sessão solene, homenagens e um mergulho no passado. Contudo, as histórias de outrora são tratadas como fonte de inspiração para olhar o presente e o futuro do Nova Friburgo Futebol Clube, com carinho e ambição. Com as contas equacionadas e objetivos bem definidos, o tradicional rubro-verde já serve de exemplo administrativo para outras empresas.

“Para fazer parte de um profissionalismo, há uma previsão de receita muito grande. Não é a nossa realidade. Nosso planejamento tem sido aperfeiçoado a cada ano e a cada orçamento que se faz, para tentar atingir uma meta bastante audaciosa. Recentemente recebi uma consulta de uma empresa querendo saber como eu chegava às conclusões das prestações de contas. Porque junto a elas estão todas as certidões negativas. Só faltou da Prefeitura, que ainda não nos deu. Porque há uma forma de eles fazerem determinadas coisas que atrapalhou um pouco, mas não devemos praticamente nada.”

A revelação acima foi feita pelo presidente Luiz Fernando Bachini. Com mais de 60 anos prestados ao futebol do clube, desde os tempos de Esperança Futebol Clube, o contador está à frente do Nova Friburgo pelo sétimo mandato consecutivo. Desde o início das gestões, nunca escondeu o desejo de retomar e finalizar as obras do Centro de Treinamento do clube, em Conselheiro Paulino. Algo que parece próximo de acontecer.

“Tivemos problemas com as chuvas de 2011, e este ano também tivemos alguns problemas. Tivemos que refazer toda a rede de esgotos do Nova Friburgo, que havia sido construída em 1984. Chegamos a ter 2,20m de altura de água, e ainda há alguns resquícios. Mas com trabalho, vontade, planejamento e persistência, temos superado. Estamos com um processo contra o município, que à época das chuvas colocou 84 mil metros cúbicos de terra no nosso campo e quase 300 metros de muro foram destruídos. Estamos pleiteando um ressarcimento. Temos estudos para finalizar o CT, com apoio do Corpo de Bombeiros e da subsecretaria de Conselheiro Paulino.”

Ainda de acordo com o presidente, todas as sobras de caixa e esforços atuais feitos pelo clube são direcionadas às obras do Centro de Treinamento, em Conselheiro Paulino. O espaço já conta com boa estrutura, que vai sendo ampliada na medida do possível. Outra prioridade é a reforma estatutária, para atualizar procedimentos e ter mais liberdade em todos os setores.

“Nossas expectativas futuras não prevêem profissionalismo. Nós queremos é ser formadores de atletas, ajudando a garotada que fica nas ruas a concretizar os sonhos deles. Tivemos recentemente uma proposta do Juventude, do Rio Grande do Sul, para realizarmos um período de treinamentos por lá. Mas não temos verba para isso. É um sinal de um trabalho que está sendo muito bem feito.”

Além da parte esportiva, há um clube social para ser administrado, praticamente no mesmo terreno do Centro de Treinamento. Bachini afirma utilizar a experiência adquirida na vida profissional para gerir o patrimônio, destacando a manutenção dos valores cobrados aos sócios contribuintes.

“Nós temos uma vantagem, de não reajustar a taxa de conservação há mais de quatro anos. Isso porque nós temos uma receita com o aluguel das lojas e o arrendamento para o estacionamento, e procuramos trabalhar com o aproveitamento desse dinheiro. O nosso esforço é para partir para o mínimo possível, mas com boa qualidade. O Rapizo, que perdemos recentemente, era o meu braço direito, e revisava todas as minhas contas. Ele nunca encontrou nada fora do normal. Além de contador, fui bancário, e tenho certa experiência que procuro empregar”, destaca.

“O grande problema foi a pandemia, que me tirou uma receita de quase 60%. Mas as coisas já estão entrando novamente nos eixos. A parte contábil é toda gerida por mim, e faço questão disso, para ser o mais realista possível. Acredito, por exemplo, que nosso clube é muito bem dirigido. Temos os departamentos todos muito atuantes. Antigamente as contas eram pagas com cheques, e hoje tudo é debitado em conta. Há uma transparência muito grande. Fui o primeiro tesoureiro do Esperança a fazer um balancete, em 1964. Dez anos depois, vendemos o campo e eles nos pagaram 10 milhões de cruzeiros. Esse dinheiro ficou sob minha responsabilidade, e todo mundo revisava. O mesmo trabalho eu faço no Nova Friburgo”, conta.

O Nova Friburgo Futebol Clube, além do CT em Conselheiro Paulino, possui outro grande patrimônio na cidade, alvo constante de cobiça: o antigo estádio Raul Sertã. Atualmente concedido a uma empresa que opera um estacionamento, o terreno não será vendido. Contudo, segundo Bachini, o clube projeta tornar o local uma fonte de receitas mais volumosas.

“São propostas em cima de propostas, mas há um empecilho: nós não vendemos o terreno. Até agora ainda não conseguimos encaixar a oferta com o que pensamos. Somos uma instituição sem fins lucrativos, e não podemos vender o imóvel. Futuramente dá ganho de capital e outras questões. Mas a nossa intenção é transformar o terreno em um fator de renda, tirando uma receita maior. Estamos pesquisando, procurando as pessoas certas para nos orientarmos. Pessoas de São Paulo, Rio de Janeiro, Niterói já procuraram a gente.”

Futebol do clube

No CT de Conselheiro Paulino são desenvolvidas as atividades esportivas do Nova Friburgo. E na coordenação de futebol está Alexandre Fajardo, formado em Educação Física, com 35 anos de atuação na área esportiva (com ênfase para escolinhas). Ele ainda atuou como atleta profissional no Friburguense, Bangu, São Paulo, Portuguesa e no All Ryan (clube na Arábia Saudita). Participou também do último ano do futebol amador de Nova Friburgo.

“Eu praticamente já estava de mudança para outra cidade, quando veio a pandemia. Eu tenho a Escolinha do Country também para Teresópolis. Eu queria ir para a Região dos Lagos, descansar um pouco mais, e veio a pandemia. Tenho uma mãe com 91 anos, sou o filho mais próximo, ela teve alguns problemas, dentre outras questões familiares. Permaneci e conversamos com o Friburgo, até que chegamos a um acordo. Tenho o maior prazer. Chego por volta das 7h e saio às 18h”, conta.

Também responsável por outras escolinhas, Fajardo revela que se deparou com uma nova realidade social neste trabalho. Cenário este que o levou a mudar os planos iniciais para o desenvolvimento das atividades.

“Eu posso observar uma realidade diferente em relação a outras escolinhas que tenho, onde há um poder aquisitivo mais alto. No Friburgo, há crianças muito carentes. Muita gente fala sobre trabalho social, mas não realiza. Tem político ou empresário bancando. Hoje nós temos quase 600 alunos na escolinha, sendo a maior da cidade e uma das maiores do Estado. Metade não paga mensalidade, e nem por isso tratamos de outra forma”, observa.

“Na verdade, quando fui para o Friburgo, seriam três projetos: a escolinha de futebol, o projeto social e as equipes de base. No começo eu queria trabalhar paralelamente, mas vi que eu estaria fazendo uma exclusão. Então, hoje, a escolinha e o trabalho social estão inseridas uma na outra. A segunda parte do nosso trabalho vai ser formar a equipe de base. Já estamos participando de campeonatos. Fomos vice-campeões do município, e ainda estamos jogando em outras categorias também. Contamos com 14 profissionais na escolinha de futebol. E não tem um dia, nesse um ano e meio, que eu não faça pelo menos uma inscrição. Temos uma média de 25 a 30 inscritos a cada mês”, completa o profissional.

Os treinamentos no Nova Friburgo acontecem às terças e quintas-feiras, pela manhã e à tarde, e aos sábados pela manhã, atendendo crianças e adolescentes entre quatro e 17 anos de idade. Nesta retomada pós-pandemia, os desafios vão sendo vencidos, segundo Fajardo, com o retorno da boa procura e a promoção de uma maior inclusão social.

“Quando retornamos, enfrentamos muitos problemas, físicos e psicológicos. Acredito que a criança foi a mais afetada na pandemia. Muitas moram em apartamentos, não saíam de casa. Vejo que a procura está muito boa, e as questões de limitação da pandemia estão sendo superadas. Também me chama a atenção a quantidade de crianças que sofrem com autismo, especialmente no Friburgo.”

Foto da galeria
Parte do futebol, coordenada por Fajardo, conta com 14 profissionais e centenas de jovens
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