Mais uma vez a educação foi capaz de destacar o potencial dos estudantes. No final de novembro a Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio de Janeiro (Fecti) comprovou o talento dos jovens fluminenses, entre eles, alunos de Nova Friburgo dos colégios da rede pública Ceffa Flores e Rei Alberto I, que recebeu dois prêmios com projetos voltados para a agronomia.
As primeiras participações na feira estadual começaram em 2014 e desde então os professores vêm influenciando seus alunos a buscarem mais pelos conhecimentos das ciências. Em 2022, grupos de alunos desde o 8° ano do Ensino Fundamental até os 3° ano do Ensino Médio participaram da Feira Intercolegial de Ciência e Tecnologia do Colégio Nossa Senhora das Dores e ganharam três prêmios.
Com auxílio dos professores Leonardo Voigt, Maria Clara Estoducto Pinto, Sandro Roberto Araújo Oitaven e Eduardo Spitz de Carvalho, seis grupos foram selecionados para participar da Feira de Ciências do Estado do Rio de Janeiro. Um total de 13 alunos de Nova Friburgo apresentaram seus projetos produzidos ao longo do ano. “É uma oportunidade interessante. É gratificante saber que todo ano temos jovens buscando pela ciência, ganhando prêmios e competindo com escolas grandes que trabalham com tecnologias altíssimas e têm recursos para isso", disse o professor de Sociologia, Leonardo Voigt.
Os projetos apresentados foram desenvolvidos através do Projeto Profissional Jovem (PPJ) elaborados nas unidades do Ceffa. Como se fosse um trabalho de conclusão de curso, os trabalhos são propostos de forma que possam ser aplicados na sociedade à sua volta. Os professores auxiliam seus alunos tecnicamente como orientadores, mas também como tutores, de forma mais voltada para o auxílio familiar.
O maior desafio de lidar com a agricultura familiar, presente na rotina da maioria dos alunos da zona rural friburguense, é como apresentar alternativas e gerar experiências válidas. Através das aulas diárias, onde 100 dias do ano letivo são voltados para o estudo com a família, é possível sensibilizar sobre o que pode mudar através do ensino e pedagogia, apresentando tecnologias viáveis. A prática nas unidades demonstrativas são capazes de dialogar com as vivências e servem de exemplo para as famílias.
“É um ensino feito em uma sala de aula sem paredes, onde a janela é a paisagem e o aluno tem toda a liberdade. Isso coloca o estudante em seu lugar e reconhece as suas origens,” observa Leonardo. O professor complementa ainda que a experiência de participar da Fecti foi capaz de proporcionar aos alunos diversos sentimentos ao sair da sua bolha e ver que existem diferentes possibilidades. “Tal oportunidade é capaz de trabalhar a autoestima dos alunos e criar o empoderamento, muitas vezes abalado pela barreira criada entre o campo e a cidade além do estereótipo criado sobre alunos de escolas agrícolas e de cidades do interior”, disse.
O apoio familiar também é de extrema importância para impulsionar os jovens de áreas rurais. Além disso, a valorização é a parte que mais se destaca ao ver o reconhecimento do seu trabalho. “Eles estavam muito nervosos com sua primeira feira. São adolescentes de 13 e 14 anos, muitos deles nunca viajaram à capital. Essa junção dos Ceffas é muito importante e trabalhando com professores que podem unir e aumentar esses projetos é maravilhoso”, disse a professora de Biologia, Maria Clara Estoducto.
Projetos premiados
Dos seis grupos selecionados, dois foram premiados. “Cultivo de Repolho Roxo e Verde com Adubação Química e Orgânica” feito pelo aluno Edes Veiga Maduro Júnior ficou em 2° lugar na categoria Ciências Biológicas e da Saúde. Já o trabalho “Produção de Mudas de Lúpulo (Humulus Lupulus L.) no Ceffa Rei Alberto I”, desenvolvido pelos alunos Kauã Ferreira da Silva e João Luiz de Faria Fernandes ficou em 1° lugar na categoria Desenvolvimento de Tecnologia na Fecti.
Com essa premiação, ambos os projetos de Nova Friburgo foram habilitados para participar da Mostra de Ciências 2023, competição científica da Universidade de Vassouras e Faculdade de Miguel Pereira, ambas no Sul fluminense, concorrendo a prêmios em dinheiro, bolsas, entre outros.
O projeto sobre mudas de lúpulo foi habilitado para a etapa semifinal da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), em São Paulo. Com muito orgulho e felicidade, os professores estão esperançosos não só com as próximas competições mas também com o futuro brilhante que esses alunos tão jovens já conquistaram, e esperam que o desejo e a curiosidade pela ciência cresça ainda mais.
Veja a lista com os trabalhos apresentados na Fecti e suas descrições:
● CULTIVO DE REPOLHO ROXO E VERDE COM ADUBAÇÃO QUÍMICA E ORGÂNICA
Aluno: Edes Veiga Maduro Junior Professor(es) Orientador(es): Sandro Roberto Araujo Oitaven e Eduardo Spitz de Carvalho Sobre: Refere-se ao plantio de repolho com dois diferentes tipos de adubação. Adubação com húmus produzido por vermicompostagem, adubação química e um o grupo controle, sem adubação. A ideia do projeto surge devido aos altos preços dos adubos químicos, o que pode vir a inviabilizar a produção agrícola. Desta forma a busca por adubos alternativos e de baixo custo torna-se uma necessidade.
● PRODUÇÃO DE MUDAS DE LÚPULO (HUMULUS LUPULUS L.) NO CEFFA CEA REI ALBERTO
Aluno: Kauã Ferreira da Silva e João Luiz de Faria Fernandes Professor(es) Orientador(es): Leonardo Voigt Sobre: Esse projeto se justifica por esta cultura estar se expandindo pela região serrana do Rio de Janeiro recentemente e corresponder a uma possibilidade de atuação profissional mais qualificada nessa área. Sendo uma das quatro matérias-primas utilizadas na produção da cerveja, essa planta tem crescido em importância econômica e medicinal ainda pouco explorada. Além disso, a necessidade de mais profissionais com esses conhecimentos na região, abriria possíveis vagas de trabalho e oportunidades de crescimento profissional nessa área.
● ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADE RURAL NA AGRICULTURA FAMILIAR
Aluno: Kemily Freitas Ferreira Professor(es) Orientador(es): Fernanda Martins de Moraes Pimentel Sobre: Com o aumento da inflação, insumos agrícolas receberam um grande salto de valor, viu-se então a necessidade da implantação dessa ação na propriedade familiar da autora do presente estudo. A fim de observar gastos, retorno (lucro), trazer melhor organização, identificar investimentos e entender as dificuldades de implantação que o pequeno proprietário rural pode encontrar ao realizar essa administração, além do primordial intuito de implementação de uma melhor administração de custos na propriedade.
● VERMICOMPOSTAGEM: PRODUÇÃO DE HUMUS DE MINHOCA
Aluno: Kaio Fernandes Damasio Faria, Kevem Pereira da Cunha e Izabelle Silva de Oliveira Professor(es) Orientador(es): Eduardo Spitz de Carvalho e Thamy Pereira dos Santos Sobre: Dentre os muitos tipos de adubo utilizados para nutrir o solo e colaborar para o desenvolvimento de diferentes culturas, destaca-se o húmus produzido através da Vermicompostagem, a partir de minhocas californianas inoculadas no esterco de caprinos. A partir do processo de produção desse composto desenvolvido pelos alunos concluiu-se que existe tal possibilidade de produção do húmus. Esses dados foram obtidos a partir do desenvolvimento teórico/prático da turma, no espaço escolar, comparando a germinação de rúcula em húmus e substrato dentro das disciplinas envolvidas.
● AVALIAÇÃO DA FAUNA DO SOLO COM ESTUDANTES DO C.M. CEFFA FLORES/NF
Aluno: Livia de Souza Gomes, Maisa Tardem Barroso e Sophia Raphael Barrozo Professor(es) Orientador(es): Maria Clara Estoducto Pinto Sobre: O município de Nova Friburgo (RJ) possui como característica relevo montanhoso, solos pouco profundos e intemperizados, com clima propício à produção de hortaliças e flores. As unidades produtivas familiares empregam intensivamente tecnologias da agricultura industrial, como fertilizantes sintéticos concentrados e agrotóxicos. Ao final do projeto, foi feita uma cartilha com os principais organismos componentes da fauna do solo encontradas nas áreas avaliadas, feita pelos próprios estudantes, que poderá ser utilizada como aporte no material didático das escolas do município, como forma de socialização acerca da importância da biologia do solo.
● RELATO DE EXPERIÊNCIA: COMPLEXO AGROECOLÓGICO DO CEFFA REI ALBERTO I
Aluno: Yohana Manuella de Andrade Tardin, Gabriela Pinheiro de Araújo e Kauan Cordeiro Dias Professor(es) Orientador(es): Maria Clara Estoducto Pinto e Sandro Roberto de Araujo Oitaven Sobre: relato de experiência acerca das atividades desenvolvidas pelos estudantes na área externa da instituição escolar no primeiro semestre do ano de 2022, com objetivo de reativar a área denominada “Complexo Agroecológico”, com plantios, reativação do manejo da estufa de ervas medicinais e construção de uma composteira termofílica de aeração passiva a partir dos resíduos coletados na cozinha da escola e reativação do pátio de vermicompostagem. *estagiária sob a supervisão de Henrique Amorim
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