Calor (ou aquecimento global) derrete a calota do Polo Norte

Pesquisadores brasileiros que estiveram no Ártico falam sobre degelo
sexta-feira, 22 de setembro de 2023
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Pexels)
(Foto: Pexels)
“Estamos preocupados com a possibilidade do gelo marinho desaparecer em poucos anos”, comentaram professores de Brasília que foram ao Polo Norte na primeira expedição brasileira oficial, em julho deste ano, e presenciaram severas mudanças climáticas.

O Polo Norte, também chamado Ártico, é uma região basicamente formada por gelo, sem terra firme, localizada no extremo Norte do planeta Terra
Os três pesquisadores — dois deles estiveram no Polo Norte também em 2016 — , foram surpreendidos pelas condições que encontraram na região: calor e degelo. O cenário levou o grupo a fazer previsões pessimistas já para o verão de 2030.

Um estudo recente na revista Nature Communications, que analisou mudanças de 1979 a 2019 na região, comparando diferentes dados de satélite e modelos climáticos, revelou que, mesmo se forem feitos cortes significativos nas emissões de gases de efeito estufa, o Ártico ainda poderia enfrentar verões sem gelo marinho até 2050.

"Em 2016 estava sempre chovendo e fazendo muito frio. Agora, em 2023, o clima está totalmente diferente. Em certos dias, com 10ºC, chegamos a usar mangas curtas. Quente mesmo, bem diferente do que imaginávamos e esperávamos encontrar", diz a professora Micheline Carvalho Silva, do departamento de Botânica da Universidade de Brasília (UnB).

"Percebemos que os topos das montanhas estavam descongelados, e tivemos a oportunidade de visitar uma geleira, que está retraindo com o derretimento. Ela ainda existe, mas atualmente é uma geleira pequena", conta Micheline.

Outro membro do departamento da UnB, o professor Paulo Câmara também esteve no Ártico em 2016 e neste ano. Ao comparar as duas excursões ao Polo Norte, ele diz que a impressão que teve é que "agora está muito mais seco".

"Está bem mais quente, tem muito menos água, muito menos neve, muito menos gelo. A gente talvez até tenha que retornar lá para coletar amostra de neve e gelo, o que não encontramos desta vez. Não foi possível coletar nada", revela o professor.

Segundo Câmara, o clima no Ártico, agora, é quase um ‘semiárido’. Ele lembra que o aumento da temperatura no Ártico é bem documentada, não é uma novidade. “Já é um assunto conhecido da comunidade científica. Esse nível de derretimento vai levar a novas rotas comerciais, com navegação em regiões do Ártico que antes não eram possíveis. As distâncias serão encurtadas".

"Nosso grupo de pesquisa está interessado em entender essas mudanças porque acreditamos que processos semelhantes estão começando a acontecer também na Antártica. Isso, certamente, afeta a vida de todos aqui no Brasil, uma vez que é o sétimo país mais próximo da Antártica", destaca o professor.

Clima atípico

O professor Marcelo Ramada, da Universidade Católica de Brasília, conta que os pesquisadores foram preparados para o verão do Ártico, que tem temperatura média entre 2ºC e 4ºC, semelhante ao que já viram durante expedição na Antártica, com alguns dias a 0ºC. "Não foi isso que a gente vivenciou, foi bem atípico".

"Até olhamos a previsão do clima antes de irmos. Eu vi que realmente a previsão estava até 10ºC, 11ºC, o que eu já achei um pouco alto. Mas, o que a gente vivenciou foi ainda mais alto do que isso. É bem chocante a gente se deparar com as imagens locais", diz o pesquisador.

Com a mudança climática, Ramada reforça a importância da preservação e conservação do meio ambiente. "É cuidar de uma forma a evitar alguns possíveis desastres futuros. Porque, querendo ou não, se você tem um total descongelamento da Antártica, por exemplo, que é o local onde temos mais de 50% de toda água potável do mundo e, de repente, isso se torna uma água que vai para o oceano, os níveis dos oceanos vão subir absurdamente. Então, várias regiões costeiras vão desaparecer, criando uma situação catastrófica".

O professor destaca o que o professor Paulo Câmara tem reiterado: que a Antártica pode se tornar um dos poucos locais de terra do mundo ainda habitáveis, dependendo do nível de aquecimento que a gente tiver.

“Isso é bem catastrófico. Talvez não seja algo para nossa geração. Mas nós não vivemos e planejamos coisas, fazendo ciência pensando apenas na nossa geração. A gente tem que pensar nisso também em termos de futuro", argumenta. (Fonte: g1.globo.com/df / Por Caroline Cintra)

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