Argentina leva o tri, numa Copa de polêmicas, zebras e despedidas

Numa Copa com tantas controvérsias, tantas denúncias, tantas “zebras”, tantos destaques esperados e inesperados, a final só poderia ser marcante
terça-feira, 20 de dezembro de 2022
por Liliana Sarquis (Especial para A VOZ DA SERRA)
(Foto: Divulgação/Selección Argentina)
(Foto: Divulgação/Selección Argentina)

Num jogo que entrou para lista das melhores de todas as Copas, a Argentina se tornou tricampeã ao vencer, nos pênaltis, a até então campeã França. Uma partida eletrizante que não deu sossego aos jogadores, comissão técnica, organizadores e, principalmente, torcedores.

E não poderia deixar de ser assim. Numa Copa com tantas controvérsias, tantas denúncias, tantas “zebras”, tantos destaques esperados e inesperados, a final só poderia ser marcante.

Já na escolha de Qatar como sede, o torneio mostrou que não seria “normal”: denúncias de corrupção, de desrespeito aos direitos humanos – incluindo homofobia e morte de trabalhadores estrangeiros na construção dos estádios – a proibição (óbvia) de bebida alcóolica, mesmo sendo determinada cerveja uma das patrocinadoras, muitos foram os “contras” dessa copa. Some-se a isso, as altas temperaturas de junho e julho – meses tradicionais da realização do evento – levando a Fifa a escolher os meses de novembro e dezembro para que os atletas conseguissem jogar em condições viáveis. Lembrando ainda, que esta Copa bateu o recorde no quesito custo: US$ 220 bilhões, dezenove vezes a mais do que a anterior, na Rússia. 

Em campo, a Copa foi marcada pelos muitos minutos de acréscimo na maioria das partidas, assim como os resultados inesperados, em português claro, as “zebras”, que “furaram” muitos bolões e apostas individuais. A começar pela derrota da Argentina (logo ela!!!) para a Arábia Saudita, por 2 x 1 , ainda na fase de grupos. Dinamarca ficou no 0x0 com a Tunísia que, na última rodada derrotou por 1x0, simplesmente a França. Ainda nessa fase, Marrocos começou a mostrar que não era apenas mais um país africano para virar saco-de-pancada: ficou no 0x0 com a Croácia, vice-colocada na Copa da Rússia, venceu a Bélgica (2x0) e o Canadá (2x1), se tornando a “queridinha” da vez, mas não uma zebra, como  rechaçou, inteligentemente, seu técnico, Walid Regragui. E com isso, esse país do norte da África chegou às oitavas, eliminando nos pênaltis uma das favoritas, a Espanha e outro candidato ao título, Portugal, por 1x0. A torcida das seleções eliminadas já tinha um time pra chamar de seu. E foi assim até a final, quando Marrocos conseguiu o espetacular 4º lugar, à frente da maioria dos favoritos, incluindo o Brasil.

Por falar na nossa seleção, a verdade é que ela nunca convenceu, duas vitórias difíceis na fase de grupo, e uma derrota por 1x0 para Camarões. A desculpa? Foi com o time reserva, como se só os titulares fossem bons. Depois veio uma goleada - 4x1 - contra a Coréia do Sul, que serviu só para enganar os torcedores. E enfim, a realidade: desclassificação para a Croácia. É bem verdade que foi nos pênaltis, mas nada justifica a forma com que a seleção canarinho deixou a vice-campeã empatar e depois perder nos pênaltis. O menino Rodrygo foi escalado para bater o primeiro, deixando Neymar, cobrador oficial, por último. Deu no que deu. E ainda teve o experiente zagueiro Marquinho que não converteu e selou a eliminação do Brasil.

No mais, fomos nós brasileiros curtindo a alegria dos outros e quebrando a cabeça para acertar os placares. Marrocos acabou derrotado em campo pela Croácia, mas no número de torcedores pelo mundo a fora, foi o campeão. A torcida deu um show e aplaudiu uma seleção valente, boa tecnicamente e que pode surpreender nas outras edições. 

E veio a final: Argentina e França, um confronto direto entre dois dos maiores craques do torneio e do mundo: Mbappé, já campeão, com seus 23 anos e o veterano Lionel Messi, na sua derradeira tentativa de conquistar a Copa, já aos 35 anos. E como coadjuvantes (se é que se possa chamar assim), Di María, os goleiros Emiliano Martínez e Lloris, entre outros e, é claro, a batalha particular entre os técnicos Lionel (sim, Lionel) Scaloni e Didier Deschamps.  Com direito a um placar inesperado 3x3, sendo que todos dos “blues” marcados por Mbappé e pelos “hermanos”, dois do genial Messi e um de Di María. Nos pênaltis, a sorte ficou com os nossos vizinhos. 

E como registro final, ainda podemos destacar uma grande quantidade de brasileiros torcendo pelos nossos eternos rivais argentinos. Além disso, teve uma pioneira participação de seis mulheres na arbitragem, incluindo a brasileira Neuza Back e também na narração para uma TV aberta (Globo): Renata Silveira cumpriu muito bem o papel, e deve ser uma das titulares a partir de agora. Outro fato marcante foram as despedidas (ou prováveis despedidas) de alguns craques de suas seleções: Lionel Messi e Di María, Modric (Croácia), o goleiro alemão Manuel Neuer, Jordi Alba e Sergio Brusquets (Espanha), Luis Suárez (Uruguai), Pepe e Cristiano Ronaldo (Portugal) e pelo Brasil, Thiago Silva e Daniel Alves. 

Bem amigos, e  para terminar, se aposentando das copas também, o “ame-ou-deteste”, Galvão Bueno. Olhem o que ele fez, durante dezenas de anos: narrou com emoção jogos de futebol, masculino e feminino, vôlei, atletismo e, claro, Fórmula 1.  Fim de uma era! 

E a frase que marca a Copa de Qatar, bem que pode ser: Haja coração!

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